A GRAÇA DE DEUS NO EVANGELHO - PASTOR SAMUEL CÂMARA DA ASSEMBLEIA DE DEUS EM BELÉM IGREJA MÃE
Muita gente, principalmente entre os que se consideram “religiosos”,
gostaria realmente de saber o que precisa fazer para alcançar a salvação
eterna. E, se fosse possível fazer algo, os religiosos certamente estariam
dispostos a fazer “qualquer coisa”, desde que tivessem absoluto controle da
situação. Óbvio! É para pagar elevada quantia? Os ricos diriam: Feito! É para
subir de joelhos uma alta escadaria? Quem não tem problema nas articulações
diria: Eu topo! É para caminhar uma longa distância, carregar uma cruz, fazer
um sacrifício? Há uma infinidade de pessoas que diria: É comigo mesmo! Ou seja,
se é necessário “qualquer” esforço humano para conquistar o Céu, todos poderão
afirmar que estarão dispostos a enfrentar o desafio, qualquer que seja. Foi
esse desejo de conquistar a vida eterna que levou um homem rico até Jesus e
perguntar: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”. Não é à toa que
este é o ponto de partida de muita gente: “fazer para merecer”. A ênfase no
“mérito” é imediatamente percebida por Jesus, que chama a sua atenção para a
bondade de Deus: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus”.
O homem rico quer ser colocado no centro
das atenções, e Jesus “parece” entrar no seu jogo, indagando se ele sabia os
mandamentos. Ora, isso era tudo o que o ricaço queria. Claro, ele guardava
“todos” os mandamentos. Era candidatíssimo a um elogio do Mestre. Mas Jesus
simplesmente o mandou vender tudo o que possuía e dar aos pobres, para ter um
tesouro nos Céus, e depois vir a segui-lo. Estragou a festa! O homem saiu muito
triste, porque era riquíssimo! Falhou logo no primeiro mandamento! (Leia a
história em Lucas 18.) Não é coincidência que Lucas cita antes duas passagens
onde trata dos conceitos excludentes de graça e mérito. A primeira, uma
parábola, na qual Jesus contrapunha o exaltado fariseu, que “fazia” por merecer
o Céu, e o humilhado publicano, que “nada fazia” e sequer ousava levantar a
cabeça, e clamava pela misericórdia de Deus. Jesus afirma que quem saiu
justificado da presença de Deus foi o publicano “sem mérito”, não o fariseu
“meritório”. A segunda passagem, um fato, no encontro de Jesus com as crianças,
quando Ele afirma que o Reino de Deus pertence a elas. Ambas se encontram nos
versos que imediatamente precedem a história do rico aristocrata. Tanto no caso
do publicano como no das crianças, o contraste com o homem rico dá-se
simplesmente porque não há como discutir que aqueles tenham sido capazes de
merecer qualquer coisa. O ponto central de Jesus é o seguinte: “Quem não
receber o reino de Deus como uma criança de maneira alguma entrará nele”. Ou
seja: não há nada que qualquer pessoa possa fazer para merecer o Reino de Deus.
Devemos simplesmente recebê-lo “como criancinhas”. E criancinhas inocentes
ainda não tiveram tempo de fazer nada que consigne meritocracia alguma. O mundo
do Novo Testamento não nutre nenhuma visão sentimental a respeito de crianças e
não sustenta qualquer ilusão sobre bondade alguma inata nelas. Jesus não está
absolutamente sugerindo que o Céu é um imenso “playground”. Ao contrário, as
crianças são o nosso modelo, segundo Jesus, simplesmente porque não têm
qualquer pretensão ao Céu. Se estão mais próximas de Deus é simplesmente porque
são incompetentes, não porque são inocentes. Se recebem alguma coisa, tem de
ser de presente, de graça; e isto na conta do amor de quem dá, não no mérito da
criança que recebe. O exemplo mais radical de graça, ou favor imerecido, é o
caso do ladrão da cruz. O que podia ele oferecer ou fazer de bom naquela hora
crucial? Tudo o que tinha feito era pecar e fazer mal aos outros! E ele mesmo
afirmou que merecia o castigo. Mas ele fez a única coisa aceitável, e suplicou
arrependido: “Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino” (Lc 23.42).
Esse homem, que nem mesmo sabemos o nome, conheceu o completo significado da
graça. Nada podia fazer, a não ser pedir para ser lembrado. Mas lembrar do quê?
Que ele estava na cruz pelos próprios pecados, impotente, merecedor da punição?
Aquele ladrão reconheceu o que nem mesmo os sábios intérpretes da Lei e os
religiosos o fizeram: ele sabia que não merecia o Céu, e não havia nada que
pudesse fazer para merecê-lo. Ele entendeu que Jesus tinha um Reino e queria
estar lá, e sabia que o único caminho era através do favor divino. Agora,
atente bem para o “outro evangelho” que estão pregando por aí, ensinando as
pessoas a barganharem com Deus. Esse “toma-lá-dá-cá” é política monetarista
eclesiástica, algo usurpador por natureza, não o Evangelho de Cristo. O
Evangelho de Cristo é o Evangelho da graça de Deus, cuja mensagem central é que
Deus mostrou “a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em
Cristo Jesus” que morreu na cruz para nos salvar. Lembre-se: Não há nada que
você possa fazer para merecer a salvação e alcançar a vida eterna. Nada! Por
quê? “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é
dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.7-9). Ao morrer na
cruz, Jesus disse: “Está consumado!”. Está feito! Agora, a única coisa que lhe
resta “fazer” é receber a salvação pela graça, mediante a fé em Jesus. E isso,
só você pode fazer por si mesmo.
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