Header Ads

MINISTÉRIO EM DEFESA DA FÉ APOSTÓLICA


PASTOR SERGIO LOURENÇO JUNIOR - REGISTRO CONSELHO DE PASTORES - CPESP - 2419

LIÇÃO 4: SALVAÇÃO – O AMOR E A MISERICÓRDIA DE DEUS SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL DA LIÇÃO 4 DO TRIMESTRE SOBRE "A OBRA DA SALVAÇÃO" POR TIAGO ROSAS

Quer se tornar um Professor e Líder da Escola Bíblica altamente Capacitado e Comprometido com o Ensino Bíblico!? Conheça a Formação de Professores e Líderes para Escola Bíblica Dominical (EBD). Clique aqui! [OPORTUNIDADE] Desde criança aprendemos nas classes infantis que João 3.16 é o “coração da Bíblia”, o resumo de toda a mensagem das boas novas de Deus para os pecadores em todo mundo. Creio que a maioria dos crentes, senão todos, saberiam recitar esta linda declaração de amor, pois é um dos primeiros versículos que aprendemos a memorizar: Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Há muitas e boas traduções bíblicas modernas, mas esta é a nossa preferida ao citarmos este precioso texto sagrado. Indubitavelmente, esta Lição de hoje é o que garante a pulsação dos demais temas de todo o trimestre, pois não fossem o amor e a misericórdia de nosso bom Deus, não haveria “plano de salvação” para os pecadores. Os objetivos específicos a serem alcançados por este estudo dominical são: 1. Apresentar o maravilhoso amor de Deus; 2. Explicar a misericórdia de Deus no plano de salvação; 3. Analisar o amor, a bondade e a compaixão na vida do salvo. Vamos começar pelo amor de Deus! 1 – O amor de Deus William Hendriksen, erudito em Novo Testamento, comenta que a expressão “de tal maneira” em João 3.16, deve ser interpretada como significando: em tal grau infinito e de tal maneira gloriosamente transcendente(1). O amor de Deus tem um caráter imensurável, infinito, sobremodo elevado que não podemos mensurar, apenas percebê-lo em sua expressão máxima na pessoa bendita de Jesus Cristo, o Filho que nos foi dado (Is 9.6), para morrer em nosso lugar (Jo 6.51; 15.13). Se quisermos saber o tamanho do amor de Deus, basta olharmos para Jesus, pois Jesus é a medida exata do amor que Deus tem por nós! Esta é a maneira como Deus nos amou: Cristo, que foi dado como sacrifício vicário para nossa propiciação. O apóstolo Paulo escreve: “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). Há duas informações aqui que valem a pena atentar: INFORMAÇÃO 1: Deus prova seu amor para conosco em Cristo Jesus Se as palavras de João 3.16 foram ditas pelo próprio Cristo à Nicodemus, então Jesus está dizendo que diante do rabino de Israel está a encarnação do amor de Deus. Em Cristo o amor deixa de ser uma ideia abstrata e um belo sentimento, e revela-se como uma pessoa. Por isso é que mais à frente o apóstolo João vai dizer: “Deus é amor…” (1Jo 4.16). “Quando olhamos para a cruz de Cristo, não apenas ouvimos sobre o amor de Deus, mas vemos o próprio Deus desenhando um quadro com a mais bela declaração de amor já feita em toda história”(2). A grande dádiva demonstra o grande amor! O exegeta Craig Keener diz que “unigênito” (gr. monogenes) “é, literalmente, ‘especial, amado’, e a palavra era sempre empregada na literatura hebraica até Isaque, para salientar a grandeza do sacrifício de Abraão ao oferecer seu filho para o holocausto”(3). O teólogo canadense Donald Carson concorda: “O Pai deu o seu melhor, seu único e amado filho”(4). De fato, Deus tem muitos filhos, aqueles que foram adotados pela fé no sacrifício vicário e redentivo. Mas Jesus é Filho especial, não adotado nem criado, mas eternamente gerado, e que só ele tem a natureza divina – plenamente Deus! – e porque, segundo brado do próprio Pai, “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17; 17.5). Professores e alunos da Escola Dominical devem regozijar-se com o estudo desta lição, ao reafirmarem suas convicções no grande amor de Deus, manifesto na grande dádiva, que é Cristo Jesus! Quantos corações inquietos e atribulados, em busca de bens terrenos, ansiosos pelas coisas desta vida efêmera. Tamanho regozijo viveriam se tão somente compreendessem: Deus já me deu a maior de todas as dádivas, já me presenteou não com uma lembrancinha do céu, mas o verdadeiro presente celestial, o Salvador Jesus! Como disse Paulo, “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1.3). INFORMAÇÃO 2: Cristo Jesus morreu por nós sendo nós ainda pecadores Se realça ainda mais a bondade de Deus quando entendemos a quem Deus amou. Deus não deu seu Filho por anjos ou por uma humanidade digna e honrada de receber tal dádiva. Foi pelos pecadores! Foi por gente maltrapilha, cheia de rugas na alma e deficientes na moralidade. Por uma humanidade totalmente depravada foi que Jesus morreu. E isto é maravilhoso! A grandeza do amor de Deus não reside apenas no fato de ele ter amado o mundo, no sentido de todas as pessoas, mas de ter amado o mundo ímpio, o mundo pecador, o mundo que estava em completa rebelião contra ele. “Se amardes os que vos amam, que galardão tereis?” – questionou Jesus, deixando claro que o amor não deve fazer acepções. Como diria John Piper, foi “a totalidade da humanidade criada e caída (…) É a grande massa da humanidade caída que necessita de salvação. É o incontável número de pessoas perecendo” a quem Deus amou(5). Segundo Craig Kenner, a expressão “o mundo” normalmente significa aqueles que ainda não seguem a vontade de Deus(6). Não foi um seleto grupo predestinado incondicionalmente para receber este amor, mas o mundo perdido, a totalidade dos transgressores em todo planeta e em todas as eras a quem Deus amou! O teólogo calvinista batista Franklin Ferreira, num vídeo que está disponível no Youtube(7), questionou: “como Deus pode amar todo mundo, se há nesse mundo aqueles que não creem e Deus já está irado contra eles?”. Este teólogo levantou tal questionamento, baseando-se em duas premissas equivocadas: uma, a de que Deus não ama (com amor salvífico) a todos os homens sem exceção, mas apenas sem distinção, ou seja, aqueles de todas as raças e povos a quem Ele elegeu previamente para salvação; outra, a de que Deus não pode amar quem já está sob Sua ira. Todavia, a pergunta deste teólogo batista é autodestrutiva, pois o oponente, aquele que crê no amor salvífico irrestrito, poderia devolver a pergunta assim: e quem há no mundo que não estivesse debaixo da ira de Deus para poder ser por ele amado? Mesmo que se creia nalguma eleição antecedente à fé prevista – não creio ser isso o que a Bíblia ensina -, ainda assim, é fato que até que a conversão se haja concretizada, o pecador está cego, perdido, longe de Deus, em densas trevas e debaixo da ira! Paulo, que cria ter sido separado para o ministério desde o ventre da madre (Gl 1.15), diz que “todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também” (Ef 2.3). Perceba que Paulo não estabelece nenhuma distinção na vida pregressa dos que agora são salvos e aqueles que permanecem no pecado. Para Paulo, “éramos [nós] filhos da ira” e do mesmo modo que “os outros também [que permanecem sob a ira por não crerem, não aceitaram pela fé a dádiva da salvação – Ef 2.8]”. Portanto, é pueril perguntar como pode Deus amar todo mundo incluindo aqueles que já estão debaixo da ira de Deus, porque todos nós estávamos outrora debaixo desta mesma ira, mas de lá fomos retirados por amor, conforme a promessa da salvação para os que crerem: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece” (Jo 3.36). Se alguém julga que não era filho da ira quando foi amado por Deus, deve-se voltar para o ensino elementar dos apóstolos: “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Paulo, Rm 5.8); “Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro” (João, 1 Jo 4.19); “Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia” (Pedro, 1Pe 2.10). Deus ama, sem exceção, mesmo quando os pecadores lhe viram as costas, resistem e recusam este amor, como fez o jovem rico (Mc 10.21 – e aqui é ágape). O teólogo Donald Carson, embora também calvinista, compreende melhor a natureza e a expansão deste amor de Deus, quando explica: “os crentes foram escolhidos para ficarem separados do mundo e eles não eram em nada diferentes do ‘mundo’ quando o evangelho chegou a eles pela primeira vez. (…) Deus (…) declara a terrível condenação por causa do pecado do mundo, embora ainda ame tanto o mundo que o dom que ele deu ao mundo, o dom de seu Filho, permanece a única esperança do mundo”(8). E continua: “Os cristãos não nasceram cristãos; eles eram ‘por natureza merecedores da ira’ (Ef 2.3). (…) Separado do amor de Deus pelo mundo, o próprio mundo está sob a ira de Deus, e ninguém seria salvo; onde há uma comunidade remida, ela tem um relacionamento diferente e mais rico de amor com Deus do que o mundo”, mas então o exegeta fecha a conta acertadamente: “mas essa distinção não pode legitimamente ser feita para questionar o amor de Deus por um mundo sob seu julgamento”(9). Assim, não deve ficar dúvidas sobre o quanto e a quem Deus ama: ama, “com amor altruísta e valioso de redenção”, finaliza Carson. Pode parecer um paradoxo, mas há ira de Deus e amor de Deus dirigidos contra os pecadores. Ira por causa de nossos pecados, amor por causa de Sua natureza bondosa e paciente. Um pai não deixa de amar seu filho quando se irrita com ele por seus atos de desobediência; uma mãe não deixa de amar seu filho quando ele comete crimes e vai parar na cadeia (muitas mães há que desenvolvem ainda maior compaixão pelos filhos quando estão em situações assim). Assim também, concluo que “O amor de Deus é por todos os homens maus, terrivelmente maus, e somente será removido da direção do pecador quando todos os apelos da graça forem rejeitados, e o Senhor resolver soberanamente não empregar mais qualquer ação do Espírito Santo para levar tal pecador ao arrependimento, abandonando-o finalmente à total depravação de seu coração. Até que isso aconteça, permanece a verdade inequívoca de que Deus amou o mundo, e que Cristo é a propiciação não somente pelos nossos pecados, ‘mas também pelos pecados de todo o mundo’ (1Jo 2.2)”. (10) Os teólogos pentecostais William Menzies e Stanley Horton, afirmam que “Foi na cruz de Cristo que a ira o amor de Deus conjuntamente fluíram para resgatar a pobre humanidade” (11). Aliás, é o que diz a bela letra de um dos hinos do famoso hinário pentecostal, a Harpa Cristã (hino 18): “Luz divina resplandece! Mostra ao triste pecador, Que na cruz estão unidos A justiça e o amor” 2 – A misericórdia de Deus Deve-se confiar na misericórdia “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” – foi a oração sincera do publicano no templo (Lc 18.13). Este tipo de oração só pode ser feita por quem reconhece seu estado de aflição, calamidade e miséria, bem como a benevolência do Deus que é invocado. A misericórdia de Deus é manifesta desde o Éden, quando Deus expulsa o primeiro casal do jardim, impedindo que eles comessem do fruto da vida e vivessem para sempre em eterna miséria. Não é absurdo dizer que a privação do Éden e a morte foram uma forma de Deus interromper o sofrimento do homem que entrou no mundo pela porta da desobediência, dar-lhe tempo de vida limitado para que ele “se lembre do seu Criador nos dias de sua mocidade” (Ec 12.1) e pondere a brevidade da vida, para que assim tema a Deus enquanto aqui viver, e viva eternamente em bem-aventurança. A avaliação do professor Lawrence sobre o banimento do primeiro casal é cirúrgica: “O banimento do Éden não foi apenas uma punição. Foi um benefício para Adão e Eva. Quão terrível seria se tivessem sido forçados a viver para sempre e ver a angústia e o sofrimento, decorrentes do pecado do casa, na vida de seus descendentes! A morte biológica pode ser vista como uma dádiva da graça de Deus”.(12) Graça e misericórdia são expressões do caráter amoroso e bondoso do Senhor, mas Hogg e Vine fazem uma distinção pertinente entre essas virtudes: “Graça descreve a atitude de Deus para com o transgressor da lei e o rebelde; misericórdia é a sua atitude para com aqueles que estão em angústia”(13). O cego Bartimeu clamou a Jesus: “tem misericórdia de mim”, pois ele vivia na cegueira e na mendicância, sofrendo o desprezo da sociedade (Mc 10.48). A mulher cananéia rogou insistentemente: “tem misericórdia de mim”, porque ela já não suportava mais ver a aflição de sua filha que era rotineiramente atormentada por espíritos malignos (Mt 15.22). Graça geralmente está ligada à doação generosa e espontânea de um bem não merecido; misericórdia geralmente está ligada à livramento de um mal, ainda que merecido. Por isso, podemos também dizer que graça é dar o bem que não se merece, enquanto que misericórdia é deixar de dar o castigo que se merece. Não se pode abusar da misericórdia Towner lembra-nos que “embora a misericórdia divina seja longânima e abundante, não é cega; por muitas gerações, Deus respondeu à desobediência de Israel à aliança com misericórdia (Jr 3.12; Ne 9.17,19,31), mas a misericórdia negligenciada provoca em última instância o juízo (Lm 2.2,21; Zc 1.12)”(14). Na parábola do rico e o mendigo Lázaro, fica evidenciado que há uma instância em que a misericórdia não opera mais, mesmo sobre aqueles que buscam por ela. O rico no tormento após a morte rogou: “Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama” (Lc 16.24). Mas a resposta do personagem Abraão foi: “…está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá” (Lc 16.26). Como disse Paulo, “Deus resolveu para com todos usar de misericórdia” (Rm 11.32), mas os que abusam da benevolência de Deus, e recusam seus apelos para uma mudança de vida, enfrentarão o duro e implacável juízo (Rm 2.4-5). Isto lembra-me das palavras do teólogo holandês Jacó Armínio: “os homens iníquos que perseveram em seus pecados necessariamente perecerão. Pois Deus, por meio de uma força irresistível, os lançará nas profundezas do inferno”(15). O avivalista inglês, John Wesley, comentou: “Deus tem um direito absoluto de mostrar misericórdia, sob quaisquer termos que lhe agradem, e de recusá-la àqueles que não querem aceita-la sob as condições que ele estabelece”(16). Aproveitemos bem as oportunidades que Deus em sua misericórdia está a nos conceder! E jamais voltemos ao jugo da escravidão do pecado, sob o qual éramos afligidos diuturnamente. 3 – Amor, bondade e compaixão na prática Deus possui muitos atributos, “características que podem ser atribuídas à natureza de Deus – uma característica essencial de Deus”(17). Alguns desses atributos são incomunicáveis (por exemplo, onipotência, onisciência, onipresença, etc.), e outros são comunicáveis (por exemplo, amor, santidade, bondade, justiça, verdade, etc.). Incomunicáveis são aqueles que Deus não comunica às suas criaturas, ou seja, não reparte com elas. Comunicáveis sãos os atributos morais que Deus compartilha com suas criaturas, dando a elas porções suficientes destas virtudes para modelar-lhes o caráter. É aqui que se encaixam amor, bondade e compaixão Por Deus ter nos amado sendo nós ainda pecadores, não temos direito de negar amor mesmo aos que ainda estão perdidos, nem mesmo aos nossos inimigos, antes, mesmo para com eles, devemos ser misericordiosos, pois todos nós estávamos em inimizade contra Deus quando Ele mirou seu olhar de compaixão e misericórdia na nossa direção. Amor é uma dívida que pagamos todo dia e nunca saldamos totalmente! (Rm 13.8: “Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros…”, NVI). Quem recebeu misericórdia, dá misericórdia! Há uma parábola nos evangelhos que deve levar-nos a refletir seriamente sobre a necessidade de agirmos com misericórdia uns para com os outros, visto que Deus é misericordioso para com todos. É a parábola do credor incompassivo (ARC) ou do servo impiedoso (NVI), registrada em Mateus 18.23-35. Um certo homem devia dez mil talentos ao seu rei, onde cada talento valia cerca de seis mil denários, ou seja, seis mil dias úteis de trabalho (um só talento já valia a renda quase uma vida inteira de trabalho, imagina dez mil!)(18). O rei pediu contas dessa dívida, mas evidentemente o seu servo não podia lhe pagar, visto que já somava um total de 60 MILHÕES DE DENÁRIOS! (talvez você ache um exagero esta dívida, mas lembre-se que Jesus talvez esteja exagerando numericamente com o propósito de realçar a natureza imensurável da nossa dívida para com Deus). O servo, sentido a miséria do castigo que sofreria sob a ordem do rei, suplica-lhe por misericórdia e paciência, ainda que lhe fazendo uma promessa impossível de ser cumprida: “tudo te pagarei” (Mt 18.26). A declaração que se segue revela o coração de Deus em nosso favor: “Então, o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida”. Quem poderia pagar pelo perdão de seus pecados? Quem poderia remir ao seu irmão ou dar a Deus o valor pelo resgate de sua alma? “o resgate de uma vida não tem preço. Não há pagamento que o livre” (Sl 49.8, NVI). Então Deus nos perdoou em Cristo e por causa de Cristo. Mas voltemos a parábola: o que o servo, agora com sua dívida perdoada por compaixão de seu rei, o que ele faz? Encontra-se com seu conservo que lhe devia um valor irrisório se comparado com sua própria dívida com o rei: apenas cem denários. E qual a atitude dele em relação a este conservo? Compreensão? Paciência? Longanimidade? Perdão? Não! “Agarrou-o e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Pague-me o que me deve!’” (Mt 18.28, NVI). O conservo demonstrou mesma contrição que o servo outrora havia demonstrado diante do rei, mas o servo não teve qualquer compaixão, apesar de ter recebido compaixão antes. Então o que fez? Mandou prender o conservo até que pagasse a dívida! Agora veja: o homem que teve a dívida de 60 MILHÕES DE DENÁRIOS perdoada, não teve qualquer piedade de outro homem que devia a ele míseros 100 denários! Quando o rei soube desta atitude truculenta e impiedosa do servo, não deixou barato: reabriu a dívida dos 60 milhões de denários, entregou o servo aos “atormentadores” (conforme Robertson, “Não simplesmente para prisão, mas para o castigo terrível”), até que tudo pagasse (“essa condenação não é purificadora, mas punitiva, porque ele jamais conseguiria pagar a dívida imensa”)(19). Cristo finalizou a moral da história: “Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas”. Claro que este texto não é um dogma para perdão de dívidas financeiras. O contexto trata de misericórdia para com o irmão que nos ofendeu e buscou a reconciliação. Perdoar é um ato de misericórdia, pelo qual eu liberto meu irmão que está na aflição da culpa e do medo pelo erro cometido contra mim. O amor, diz Paulo, “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Co 13.7) Amor, bondade e misericórdia sendo testados De modo prático, diariamente somos convidados por Deus a manifestar amor e misericórdia: No trato amoroso, tolerante e paciente com o cônjuge Na correção moderada dos filhos que erram No relacionamento com os amigos de empresa, especialmente aqueles que interferem em nosso trabalho ou intentam contra nossa reputação Na tolerância com os irmãos mais fracos da igreja Na notícia que recebemos de um irmão acidentado ou com graves problemas financeiros Numa conversa sincera e equilibrada com um vizinho incômodo Na repreensão de um liderado que está prejudicando o trabalho do grupo Na cobrança de uma dívida, especialmente quando nós também somos devedores a outros Numa exposição doutrinária na igreja, para que a pregação não se converta em discurso de ódio (as famosas “pregações de carapuça”) O cachorro que não para de latir, o carro de um estranho bem à frente da nossa garagem, o espertinho que tomou nossa frente na fila do banco, a mãe que carrega sua filha nos braços pedindo-nos uma esmola, dentre muitas outras situações, são alguns exemplos de como nosso amor, bondade, compaixão e misericórdia são testados todos os dias! Nestas situações, somos aprovados ou reprovados? Como Deus tem sido misericordioso conosco, socorrendo-nos em meio aos sofrimentos, façamo-nos um abrigo para os que jazem em dores! Aliás, não é este um bom momento para pedirmos a Deus os dons de socorro e misericórdia? (Rm 12.8; 1Co 12.28). Se quisermos ser reconhecidos como verdadeiros discípulos de Cristo, não será pelo nosso discurso, mas pelo amor! “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13.35). Esta é a lei do reino de Deus (Tg 2.8). Bondade é fruto do Espírito, o caráter de Cristo gerado em nós (Gl 5.22). Se quisermos ser de fato reconhecidos como cristãos, ajamos como Cristo! Imitemos Cristo! Busquemos o caráter de Cristo! Que a aula deste domingo sirva para fazer-nos refletir em como Deus nos amou, e como nos tornamos, em virtude da grandeza deste amor, devedores de Deus e dos homens. E que cravemos no nosso coração esta bem-aventurança do cristão: “Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia” (Mt 5.7) Deus te abençoe! REFERÊNCIAS: William Hendricksen. Comentário do Novo Testamento – exposição do Evangelho de João, Cultura Cristão, p. 190 Tiago Rosas. A mensagem da cruz: o amor que nos redimiu da ira, Leve, p. 54 Craig Keener. Comentário Bíblico Atos: Novo Testamento, Atos, p. 280 D. A. Carson. O comentário de João, Shedd Publicações, p. 205. Grifo meu John Piper. Disponível em: desiringgod.org/messages/god-so-loved-the-world-part-1. Acessado em 19/10/2017. No original inglês, incluindo as partes suprimidas no artigo acima, Piper diz >> “For God so loved the world . . .” The most common meaning for world in John is the created and fallen totality of mankind. John 7:7: “The world cannot hate you, but it hates me because I testify about it that its works are evil.” John 14:17: “. . . the Spirit of truth, whom the world cannot receive, because it neither sees him nor knows him That is the way John is using world here. It is the great mass of fallen humanity that needs salvation. It’s the countless number of perishing people from whom the “whoevers” come in the second part of the verse: “. . . that whoever believes in him should not perish.” The world is the great ocean of perishing sinners from whom the whoever comes << Claro que como bom calvinista que é, Piper precisará depois explicar, contraditoriamente, que este amor com que Deus amou o mundo não é o mesmo amor redentivo e irresistível dirigido aos eleitos. Mas é justamente de amor salvífico que João 3.16 está falando! Não há outro amor salvífico fora deste ágape de Deus que está expresso em João 3.16. É justamente aí que está a expressão máxima do amor de Deus. Por todos os pecadores, como Piper acertadamente afirmou. Craig Keener. op. cit., p.280 Franklin Ferreira. Vídeo no Youtube intitulado “Franklin Ferreira – Deus amou TODO o mundo? (João 3:16)”. Disponível aqui: https://www.youtube.com/watch?v=5DEDUpJK-H4. Acessado em 19/10/2017 D. A. Carson. Op. cit., p. 206 D. A. Carson. Op. cit., p. 207 Tiago Rosas. Op. cit., p. 53 William Menzies e Stanley Horton. Doutrinas Bíblicas – os fundamentos da nossa fé, CPAD, p. 41 Lawrence O. Richards. Guia do Leitor da Bíblia, 8. ed., CPAD, p. 27 Hogg e Vine, citados em Dicionário Vine, 7. ed., CPAD, pp. 793-4 Novo Dicionário de Teologia Bíblica, Vida, p. 944 Jacó Armínio. As Obras de Armínio, vol. 1, CPAD, p. 266 John Wesley. Romanos: notas explicativas, CEDRO, p. 8 Norman Geisler. Teologia Sistemática, vol. 1, CPAD, p. 559 T. Robertson. Comentário Mateus e Marcos à luz do Novo Testamento Grego, CPAD, p. 209. Robertson comenta: “Um talento era o valor equivalente a seis mil denários, o que equivalia a seis mil dias úteis de trabalho ou trinta anos de trabalho” T. Robertson. Op. cit., pp., 210-1

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.