CUIDADO COM O SEU IDEAL QUEM NÃO VÊ IMPERFEIÇÃO EM SI VERÁ IMPERFEIÇÕES NOS OUTROS. POR FERNANDO PEREIRA
Na nossa imaginação do ideal construímos uma projeção que nos coloca acima do que somos e, relativamente – em se tratando de ego , muito acima dos que os nossos semelhantes são, pois, no ideal, nós focamos no que há de ruim nos outros e no que há de bom em nós para produzirmos tal projeção.
Visto dessa forma, o ideal é, na verdade, uma espécie de prisão, haja vista que nos faz pensar que só teremos valor se formos aquele tipo de ser humano. A verdade é que, ao vivermos assim, estamos a nos enganar, pois, uma vez que nossas debilidades, sejam elas morais ou não, não são postas no script, o nosso ideal se consolida como o irreal, pois se constitui de forma incompleta.
Uma das afirmações que mais me fizeram pensar no livro “O Evangelho Maltrapilho” de Brennan Manning, diz: “O problema com nossos ideais é que, se vivermos de acordo com todos eles, nos tornamos pessoas com as quais é impossível de se conviver”. Essa afirmação foi escrita em um contexto de desmistificação do modo de proceder de um pecador alcançado pela Graça de Deus, fazendo ruir toda a falsa ideia de que temos autossuficiência para permanecermos em Cristo por nós mesmo, por nossos méritos.
A única virtude de um pecador salvo, segundo Brennan, é a renúncia de seus esforços pessoais em relação ao evangelho para viver uma vida de gratidão por ter sido salvo sem merecer e por causa do sacrifício de um Deus-Filho-Homem que decidiu se entregar por nós em resposta ao amor do Deus-pai.
Um contato real com a verdade da Graça de Deus faz com que nos desvistamos de nós mesmos para que sejamos cobertos pelo traje “maltrapilho” do evangelho, feito sob medida para os miseráveis. Ou seja, a graça nos dá um “choque” de realidade, um “banho” de verdade fazendo-nos enxergar o quanto somos cheios de mazelas.
Quem não vê imperfeição em si só verá imperfeições nos outros. E se este é “bom” demais, viverá só.
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