PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS NO NÍGER ACONTECE DESDE O SÉCULO 7 À LUZ DAS MANCHETES INTERNACIONAIS QUE DENUNCIARAM A DESTRUIÇÃO DE 45 IGREJAS NO NÍGER NO ÚLTIMO SÁBADO (17) – DENTRE ESSAS, DUAS IGREJAS PRESBITERIANAS BRASILEIRAS COM BASE NA CAPITAL, NIAMEY – O QUE MUITOS NÃO SABEM É QUE A PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS NO PAÍS NÃO É DE AGORA
O
cristianismo chegou ao Níger no século 7, quando cristãos berberes migraram
para o sul depois de serem expulsos do norte da África por militantes do islã
emergente. A Igreja no país é pequena e enfrenta uma enorme pressão do
islamismo, religião oficial do Estado e de cerca de 98% da população
local. Localizado na porção centro-oeste
do continente africano, o Níger não possui saída para o mar, faz fronteira com
a Líbia (ao norte), o Chade (a leste), a Nigéria (ao sul), Benin e Burkina Faso
(a sudoeste), o Mali (a oeste) e a Argélia (a noroeste). Das nações citadas,
quatro (Líbia, Nigéria, Mali e Argélia) constam na Classificação da Perseguição
Religiosa 2015, pesquisa atualizada anualmente pela Portas Abertas e que lista
os 50 países mais opressores aos cristãos. O próprio Níger já ocupou a 50ª
posição no ranking, em 2014. Assim como
em diversos países da região, o extremismo islâmico praticado por grupos como o
Boko Haram e outras frentes do radicalismo religioso oprimem os cristãos
diariamente. Notícias como a do final de semana, em que pessoas morreram
unicamente por causa de sua fé, acontecem quase que semanalmente. A maioria
delas não é noticiada pela mídia, outras nem chegam ao conhecimento de quem
está fora do país. Em conversa com a
Portas Abertas, um pastor brasileiro*, responsável por uma das bases
missionárias destruídas no Níger, em contato com cristãos que atuam no país
(alguns desde 2001, outros desde o ano passado) afirmou: “Eles fugiram da base
minutos antes da base ser destruída. Queimaram 45 templos evangélicos, um
pastor morreu.” No ano passado, a Portas Abertas alertou que o futuro da Igreja
no Níger é preocupante. Desde então, a dinâmica geral do país já apontava um
potencial crescimento da pressão e violência contra os cristãos. Nessa semana,
relatos revelam que a situação de fato merece atenção: “[Nossos missionários]
estão escondidos, só com a roupa do corpo, almoçando apenas pão seco. Mas estão
bem”, conta o pastor. Além de casos de
grande repercussão, como a manifestação de muçulmanos no Níger e em outros
países contra as charges do profeta Maomé publicadas pelo jornal francês
Charlie Hebdo, e que resultaram na violência extrema contra os cristãos, a
hostilidade e pressão para implantação da Sharia (lei islâmica) em países por
toda a África e o aumento do radicalismo islâmico no norte da Nigéria e do Mali
também contribuem para o agravamento da situação religiosa no Níger. *Nome não divulgado por motivos de segurança.
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