QUANDO VOCÊ LEVA UM CHUTE - .A MENSAGEM DE DEUS PARA A VIDA ETERNA - MAX LUCADO
"Porque
Deus amou o mundo de tal maneira..." PLUTÃO LEVOU UM CHUTE, FOI CORTADO DA
EQUIPE PRINCIPAL E RE- baixado do grupo dos nove mais importantes. Segundo um
comitê de cientistas reunidos em Praga, esse planeta distante não corresponde
aos padrões do sistema solar. Eles reduziram o planeta ao asteróide número
134340.1 Acredite, Plutão não estava feliz. Encontrei o viajante celeste
humilhado em um lugar badalado do espaço, o Night Sky Lounge. MAX: Diga-me,
Plutão, como você se sente em relação à decisão do comitê? PLUTÃO: Você se
refere àqueles sujeitos de Praga que escolhem planetas? MAX: Sim. PLUTÃO: Digo
que nenhum planeta é perfeito. Marte parece um viciado em câmaras de
bronzeamento artificial. Saturno tem anéis em volta do colarinho e Júpiter se
exibe para todo mundo que passa. MAX: Então, você não aprova a decisão? PLUTÃO:
(Resmungando e folheando um jornal) Quem propõe estas regras? Pequeno demais. O
tamanho da lua está errado. O impacto não foi suficiente. Será que eles sabem
como é difícil ser o último do sistema solar? Eles acham que estou desnorteado.
Que experimentem ficar se desviando de meteoros vindo a milhares de quilômetros
por hora por alguns milênios, e depois vejam a quem chamam de planeta. Saí de
cena. Entendi a indireta. Sei quando não sou desejado. Walt Disney deu meu nome
em inglês, Pluto, para um cachorro. Os professores sempre me colocam em último
lugar no exame de ciências. DarthVader me respeita mais. Estou me juntando a
uma chuva de meteoros. Diga para aquele comitê que fique de olho no céu da
noite. Eu sei onde eles moram. Não podemos culpar Plutão por estar irritado. Um
dia, ele está dentro, no outro, está fora; um dia, ele faz parte do time, no
dia seguinte, está fora. Podemos entender a frustração dele. Alguns de nós
entendem isso muito bem. Sabemos como é ser derrotado nas eleições. Tamanho
errado. Pessoas erradas. Endereço errado. Ficar como Plutão. E para os
rebaixados e humilhados que Jesus endereça seu verbo inicial. "Porque Deus
amou o mundo de tal maneira..." Amor. Quase desgastamos a palavra. Hoje de
manhã, usei a palavra amor para descrever meus sentimentos por minha esposa e
pela geléia de frutas. Longe de serem emoções idênticas. Nunca me declarei a um
pote de geléia de frutas (embora tenha deixado um no meu colo durante um
programa de televisão). O uso exagerado fragilizou a palavra, deixan- do-a com
a força da asa de uma borboleta. As opções bíblicas ainda mantêm seu vigor. As
Escrituras usam uma artilharia de termos para amor, ajustando cada um deles a
fim de atingir sempre um alvo diferente. Considere o termo que Moisés usou com
seus seguidores: "O SENHOR tomou prazer em teus pais para os amar"
(Deuteronômio 10:15). Essa passagem acalenta nosso coração. Mas balançou o
mundo dos hebreus. Eles ouviram isto: "O Senhor une-se [hasaq] ao seu
povo." Hasaq fala de um amor amarrado, um amor ligado a algo ou alguém.2
Estou descrevendo a mãe presa por uma correia ao filho travesso de 5 anos
enquanto os dois andam pelo mercado. (Antes, eu achava cruel o uso daquelas
correias que prendem os filhos às mães; até que me tornei pai). A correia tem
duas funções: puxar e afirmar. Você arranca seu filho de um problema e, ao
fazê-lo, declara: "Sim, ele parece um selvagenzinho. Mas é meu." Neste
caso, Deus acorrentou-se a Israel. Por que o povo era adorável? Não. "O
SENHOR não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era
mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que
todos os povos, mas porque o SENHOR vos amava; e, para guardar o juramento que
jurara a vossos pais" (Deuteronômio 7:7,8). Deus ama Israel e o restante
de nós, Plutões, porque esta é uma escolha dele. "Este é o amor que não
abrirá mão do objeto de amor." George Matheson aprendeu a depender deste
amor. Ele era apenas um adolescente quando os médicos lhe disseram que ficaria
cego. Para não ser rejeitado, ele continuou seus estudos, formando-se na
Universidade de Glasgow, em 1861, aos 19 anos. Quando concluiu o seminário,
estava cego. Sua noiva devolveu o anel de noivado com um bilhete: "Não
consigo ver meu caminho com clareza para atravessar a vida presa, pelos laços
do casamento, a um homem cego." Matheson nunca se casou. Adaptou-se ao seu
mundo cego, mas nunca se recuperou do coração partido. Tornou-se um pastor
poderoso e poético, levou uma vida plena e inspiradora. Contudo, de vez em
quando, a dor de seu afeto não correspondido reaparecia, como aconteceu décadas
depois, no casamento de sua irmã. A cerimônia trouxe de volta lembranças do
amor que ele havia perdido. Em resposta, ele se voltou para o amor inesgotável
de Deus em busca de consolo e escreveu estas palavras, em 6 de junho de 1882: O
amor que jamais me deixará, descanso em ti minha alma aflita; devolvo-te a vida
que é tua, para que, nas profundezas de teu oceano, seu fluxo possa ser mais
rico e mais pleno. Deus não irá deixá-lo. Ele está algemado a você com amor. E
ele tem a única chave. Você não precisa conquistar o amor de Deus. Você já o
tem. E, uma vez que não pode conquistá-lo, você não pode perdê-lo. Como prova,
considere a melhor: o amor persistente de Oséias por Gômer. Gômer era uma
mulher irascível, casada com um homem admirável chamado Oséias. Ela tinha o
código de fidelidade de uma coelha selvagem, seduzindo e passando de um amante
para outro. Arruinou sua vida e partiu o coração de Oséias. Desamparada,
colocou-se à venda em um mercado de escravos. Adivinhe quem apareceu para
comprá-la? Oséias, que nunca havia tirado sua aliança. Pelo modo como ele a
tratava, você imaginaria que ela jamais amaria outro homem. Deus usa esta
história — na verdade, orquestrou este drama — para ilustrar seu amor leal por
aquele povo inconstante. E o SENHOR me disse [a Oséias]:Vai outra vez, ama uma
mulher, amada de seu amigo e adúltera, como o SENHOR ama os filhos de Israel,
embora eles olhem para outros deuses e amem os bolos de uvas (Oséias 3:1). Este
é o amor descrito em João 3:16. Hasaq é substituído pelo termo grego agape, mas
o significado é igualmente forte. "Deus amou [agapao] o mundo de tal
maneira..." O amor ágape. Tem menos a ver com um afeto, mais a ver com uma
decisão; tem menos a ver com um sentimento, mais a ver com uma ação. Como
descreve um lingüista, "[o amor ágape é] um exercício da vontade divina em
uma escolha deliberada, feita sem uma causa atribuível, a não ser aquela que
está na natureza do próprio Deus". Em termos mais simples, ferros-velhos e
modelos para exposição dividem o mesmo espaço na garagem de Deus. Vi uma fração
deste amor acontecer entre uma senhora e um senhor idosos que foram casados por
cinqüenta anos. A última década foi frustrada por causa da demência dela. O
marido fez o possível para cuidar da esposa em casa, mas ela ficou mais doente
e ele mais velho. Por isso, ele a colocou em um tratamento de tempo integral. Um
dia, ele me pediu para visitá-la. O quarto dela estava impecável, graças ao
zelo do marido. Ela, deitada na cama, tinha tomado banho e estava vestida,
embora não fosse a lugar algum. — Chego às 6hl5 — ele disse sorrindo. — Dou
comida para ela, dou banho e fico com ela. Farei isso até que um de nós morra. Este
é o amor ágape. Conheço um pai que, por causa do amor por seu filho, passa toda
noite em uma cadeira reclinável, sem dormir mais do que algumas horas seguidas.
Um acidente de carro paralisou o adolescente. Para manter a circulação do
garoto, os terapeutas massageiam seus membros de hora em hora. A noite, o pai
assume o lugar dos terapeutas. Embora tenha trabalhado o dia todo e vá
trabalhar novamente no dia seguinte, ele põe o relógio para despertá-lo de hora
em hora até o nascer do sol. Depois, temos a história que Dan Mazzeo conta
sobre seu pai: "Pop", um norte-americano de descendência italiana da
primeira geração que está lutando contra uma metástase no fígado e um câncer de
pulmão. Quando os médicos lhe deram menos de um ano de vida, Pop corajosamente
disse que não tinha medo de morrer. Afinal de contas, sua esposa já havia
partido e seus filhos eram adultos. Mas, então, ele descobriu que seu único
filho, Don, seria pai. Quando Pop ficou sabendo da notícia, ele se sentou e
tomou uma decisão: "Vou sair dessa." A quimioterapia torturava seu
corpo. Durante alguns dias, tudo o que ele podia fazer era resmungar para
aqueles que telefonavam: "Péssimo dia." Mas quando sua neta nasceu,
ele insistiu em ir ao hospital. O percurso de noventa minutos o afligiu. Dan
levou-o até a ala da maternidade em uma cadeira de rodas. Os braços de Pop
fizeram aquilo que ele tinha vindo fazer. Ele se inclinou, a beijou e disse:
"Sheila Mary, o vovô ama muito você." Em questão de segundos, Pop
cochilou. Em uma hora, estava de volta ao carro. Em questão de dias, ele
morreu. O que é este amor que suporta décadas, passa por cima do sono e resiste
à morte para dar um beijo? Chame-o de amor ágape, um amor que parece o amor de
Deus. Mas, preste atenção, apenas parece; nunca é uma réplica. Nosso amor mais
belo é uma aquarela pré-escolar do Rembrandt de Deus, um dente-de-leão ao lado
da rosa de seu jardim. Seu amor continua forte como uma sequóia; nossas
melhores tentativas dobram-se como salgueiros-chorões. Podemos dar banho em uma
esposa idosa, massagear um menino ou dar uma última bênção, mas comparar nosso
amor com o de Deus? Observe a barriga redonda da camponesinha de Belém. Deus
está lá dentro; o mesmo Deus que pode equilibrar o universo na ponta de seu
dedo flutua no ventre de Maria. Por quê? Por causa do amor. Dê uma olhada pela
janela da oficina de Nazaré. Você vê o jovem franzino varrendo a serragem do
chão? Certa vez, ele lançou um devaneio ao céu da noite. Por que trocar o céu
por uma carpintaria? Só uma resposta: amor. O amor explica por que ele veio. O
amor explica como ele suportou. Sua cidade natal o expulsou. Um assim chamado
amigo o entregou. Mercenários chamavam Deus de hipócrita. Pecadores fizeram
Deus culpado. Os cupins podem zombar de uma águia ou as pererecas desprezar a
beleza de um cisne? Como Jesus suportou tamanha humilhação? "Porque Deus
amou o mundo de tal maneira..." "Cristo vos amou e se entregou a si
mesmo por nós" (Efésios 5:2). Sua bondade não pode conquistar o amor de Deus.
Nem sua maldade pode perdê-lo. Mas você pode resistir a esse amor.
Honestamente, temos uma tendência a fazê-lo. Estando na situação de Plutão
tantas vezes, tememos que Deus possa fazer conosco o que fizeram com Plutão. As
rejeições nos deixaram volúveis e apreensivos. Como meu cachorro Salty. Ele
dorme ao meu lado no sofá enquanto escrevo. Ele é um "tipo"
esquisito, mas gosto dele. Envelhecemos juntos nos últimos quinze anos, e ele
parece esgotado. Ele é um cão forte por natureza; raspe o pêlo branco e preto
dele, e ele passa por um chihuahua bulímico. Para começar, ele já não tem
muito; agora, o tempo levou sua energia, dentes, audição e quase metade da sua
visão. Jogue para ele um biscoito de cachorro, e ele simplesmente fica olhando
para o chão através daquelas cataratas. Ele é nervoso e irritável, não demora
para rosnar e custa para confiar. Quando estendo a mão para acariciá-lo, ele
recua. Entretanto, acaricio o tonto. Sei que ele não pode ver, e só posso me
perguntar até onde seu mundo ficou escuro. Somos muito parecidos com Salty.
Tenho a sensação de que a maioria das pessoas que desafiam e negam a Deus, agem
assim mais por medo do que por convicção. Quanto ao fato de estufarmos o peito
e nos gabarmos, é porque somos pessoas ansiosas — não podemos enxergar um passo
na direção do futuro, não podemos ouvir aquele que nos tem. Não é de admirar
que tentemos barrar a mão que nos alimenta. Mas Deus estende a mão e toca. Ele
fala por meio da imensidão da planície russa e da densidade da floresta amazônica.
Por meio do toque de um médico na África, de um prato de arroz na índia. Por
meio de uma saudação japonesa ou de um abraço sul-americano. Ele até ficou
conhecido por tocar pessoas por meio de frases como as que você está lendo. Se
ele o estiver tocando, deixe. Anote isto: Deus ama você com um amor
sobrenatural. Você não pode ganhá-lo sendo simpático.Você não pode perdê-lo
sendo um perdedor. Mas você pode ser cego o suficiente para resistir a esse
amor. Não. Pelo amor de Deus, não. Por amor a você, não. "Poderdes
perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o
comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que
excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de
Deus" (Efésios 3:18,19). Outros rebaixam você. Deus sustenta você. Deixe
que a voz definitiva do universo diga: "Você ainda é uma parte do meu
plano."
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