DEPUTADO MARCO FELICIANO - COMISSÃO ESPECIAL DO IMPEACHMENT
Após mais de 13 horas de sessão, a Comissão Especial do Impeachment na
Câmara dos Deputados encerrou às 4h42 deste sábado a primeira fase da discussão
do parecer favorável ao impedimento da presidente Dilma Rousseff. Ao todo,
discursaram 61 dos 116 deputados que haviam se inscrito para falar. Entre eles,
39 se posicionaram a favor e 21 contra o impeachment. Houve ainda um indeciso:
o deputado Bebeto (PSB-BA). Entre as principais legendas que compõem a
comissão, o Partido da República (PR) foi o único em que nenhum representante
discursou. Assim como PP e PSD, o PR tem negociado com o Palácio do Planalto
mais espaço no governo em troca de apoio da bancada contra o impeachment. Tanto
no PP quanto no PSD, apenas dois deputados discursam na sessão, todos a favor
do afastamento da presidente Dilma Rousseff. A sessão começou por volta das
15h30 de sexta-feira, mas os discursos de fato só iniciaram cerca de uma hora
depois. Governistas e oposicionistas se alternaram em suas falas contra e a
favor do impeachment. Governo e oposição acabaram deixando em segundo plano o
teor do parecer do relator, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), favorável ao
impeachment, e focaram seus discursos nas críticas um ao outro. Governistas
ressaltaram que partidos da oposição também são acusados de corrupção e
acusaram opositores de não aceitar perder as últimas eleições e querem tirar
Dilma por meio de um "golpe". Focaram ainda na estratégia de lembrar
que a linha de sucessão presidencial é integrada por membros investigados por
corrupção, como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), segundo na
linha de sucessão. Já a oposição centrou suas críticas em outras acusações e
suspeitas contra o governo Dilma, algumas alheias ao parecer de Arantes, bem
como contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT. Opositores
apostaram também na estratégia de dizer que aqueles que votarem contra o
impeachment estarão concordando com os crimes de responsabilidade a que a petista
é acusada na representação. Durante toda a sessão, houve princípio de tumulto
em apenas dois momentos. O primeiro foi quando, seguindo a linha adotada por
governistas, o deputado Pepe Vargas (PT-RS) afirmou que PSDB e DEM são os
partidos com maior número de políticos cassados no País. O líder do DEM, Pauderney
Avelino (AM), e o deputado Mendonça Filho (PE) reagiram com gritos de
"mentira". O segundo bate-boca mais acalorado aconteceu durante o
discurso do deputado Sílvio Costa (PT do B-PE), vice-líder do governo na
Câmara. O parlamentar ironizou o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) pelo
fato de ele ser pastor evangélico e chamou o deputado Danilo Forte (PSB-CE) de
"merda", "corrupto" e "imbecil", o que gerou a
reação imediata de parlamentares pró-impeachment. O cansaço era visível nos
rostos de deputados, assessores e jornalistas que participavam da sessão da
comissão. Para amenizar a situação, o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ)
distribuiu energéticos para funcionários que estavam trabalhando, que se somou
ao cafezinho servido pela Câmara. O presidente da comissão, deputado Rogério
Rosso (PSD-DF), também mandou fazer sanduíches de pão francês e queijo para
distribuir. Leia mais notícias em Política: Do lado de fora do plenário,
manifestantes contrários ao impeachment distribuíam pão com mortadela. Diante
da polarização política no País, convencionou-se relacionar mortadela aos
apoiadores do governo e coxinha aos defensores do impeachment. Os sanduíches
foram oferecidos tanto aos parlamentares governistas, que levaram o lanche para
o plenário, quanto para os oposicionistas. Para tentar evitar que o plenário
não ficasse esvaziado durante a sessão, os parlamentares se revezavam,
principalmente os da oposição. Por volta das 2 horas deste sábado, houve um
momento em que havia somente um parlamentar governista, o deputado Paulo
Pimenta (PT-RS). Alguns deputados só chegaram na hora de falar e deixavam após
o discurso, indo para casa ou reunir-se em restaurantes com colegas. Fogo amigo:
Durante os discursos, o governo recebeu críticas até de deputados aliados do
Palácio do Planalto. Embora tenha dito ter convicção de que a presidente Dilma
Rousseff não cometeu crime de responsabilidade que justifique seu afastamento,
o líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ), fez uma dura
crítica à petista durante seu discurso, feito já na madrugada deste sábado. Picciani afirmou que o Brasil chegou a atual situação, "porque
quem ganhou a eleição não teve a humildade de reconhecer que ganhou uma eleição
dividida e chamar o País a uma reconciliação e quem perdeu não teve a
resignação de aceitar o resultado e pensar no País; preferiu contestar e pensar
apenas na sua ambição política". "Essa página, sim, seja qual for o
resultado, tem que ser virada", disse. Votação: A discussão do parecer
será retomada na segunda-feira, 11. Nessa fase, somente os líderes partidários
poderão falar. A previsão é de que a votação aconteça no mesmo dia. Se
aprovado, o parecer será publicado no Diário Oficial da Câmara. Após 48 horas
da publicação, o presidente da Casa poderá levá-lo para votação em plenário.
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