TV GLOBINHO E OS EVANGÉLICOS
Foi uma boa surpresa. Eu tinha
acabado de tomar café com minha esposa, hoje pela manhã, quando voltei à sala,
depois de ter visto parte do programa do Pr. Josué Gonçalves na Rede TV. Estava passando um desenho animado sobre a
vida de Moisés. Cheguei bem na parte em que a voz de El Shadai, vindo de uma
sarça ardente, ordenava que Moisés tirasse as sandálias dos pés. E Deus
começava a convencer Moisés a voltar ao Egito para libertar o povo de Israel.
Inclusive, no desenho, Deus fazia Moisés ouvir os estalos dos chicotes e os
gritos de dor dos açoitados. Imaginei que estivesse vendo um “desenhinho” na
Rede do Bispo Macedo; talvez, no SBT… Quando parei, e olhei o logotipo da rede
naquele cantinho inferior direito, veio a surpresa: era o logo da Rede Globo.
Então eu comecei a pensar algumas coisas. Decididamente a direção das
organizações Globo resolveu “agradar” os evangélicos. Ou, sendo mais
pragmático, não continuar desprezando os crentes. Os motivos devem com certeza
começar pelo aspecto financeiro, uma vez que a maioria dos Irmãos ascendeu ou pertence
à classe média. Minhas estimativas (conservadoras) dizem que os evangélicos
serão 25% da população brasileira até
2015. Sendo a maioria da classe média, em termos de poder aquisitivo devem
representar uma grande fatia do mercado consumidor para os produtos populares
que financiam as novelas brasileiras. A Globo não se tornou evangélica, apenas
mudou sua política estratégica em relação aos crentes por causa do que está em
seus bolsos. O aumento do faturamento da
Rede depende dos evangélicos. Por exemplo: quando uma empresa de cosméticos
adquire a cota principal de custeio de uma novela, (L’Oreal) advinha quem vai
ao supermercado e compra aquele shampoo, creme ou sabonete insistentemente
divulgado nas vinhetas dos intervalos comerciais? São os “consumidores” de
novelas – cada vez mais no gosto dos crentes. Eles são potenciais consumidores
de produtos populares, produtos de massa. Marcas de celulares, cosméticos,
Bancos de varejo, remédios para dores de cabeça… Muito provavelmente, estas
marcas populares estejam penetrando com mais facilidade agora nos lares
evangélicos, pela porta das novelas. O fascínio repentino da Globo pela cultura
(música) e eventos (divulgação de
marchas e cruzadas) evangélicos não outra coisa senão uma forma de atrair o
bolso dos consumidores crentes. Antes, uma meia dúzia de gatos pingados, hoje
43 milhões e um terço da população brasileira em 2020. Parafraseando o slogam da campanha de Bill
Cliton na campanha à Casa Branca contra George Bush (pai) nas eleições de 1992:
É o mercado, estupido! Outra razão para a aproximação da família Marinho com os
evangélicos é sua concorrência com a Rede Record. Se o Bispo Macedo optou por
fazer benchmarking com as novelas da Globo, a família Marinho decidiu
contratacar na área religiosa do Bispo. Daí, veio o desenho animado do Êxodus
que vi parte, hoje sábado 17.11.2012,
pela manhã. Concorrência comercial.
Tenho certeza que em tempo não muito distante, veremos um programa
evangélico mensal na Rede Globo. É mais que sabido, hoje, que em matéria de
música a cultura evangélica (principalmente assembleana) é um verdadeiro
manancial de talentos. Os melhores
calouros do programa do Raul Gil são, principalmente, evangélicos. Para fazer
concorrência à RECORD, por outro lado, o público alvo precisa ter um potencial
de renda substancial. E a Globo descobriu recentemente que os evangélicos têm.
E este potencial cresceu a uma taxa média real de 4,91% ao ano nos últimos 10
anos… Só para se ter uma ideia, a taxa
média de crescimento da população brasileira no mesmo período foi de apenas
1,18%. Minhas perspectivas mostram o seguinte quadro para 2020: A taxa de
crescimento da população brasileira entre 1991 e 2000 foi de 15,63%. Caiu no
Censo 2010 para 12,47%. Considerando a possibilidade de que esta queda vá se
manter, em 2020 a população brasileira
terá crescido 10,0% e seremos 210 milhões de habitantes. Dados extraídos dos
Censos do IBGE do quadro acima. Os evangélicos, por outro lado, cresceram
98,53% no período 1991-2000, sendo 26,1 milhões de crentes. No período seguinte
cresceram menos, voltando às taxas de crescimento habituais. Cresceram 61,45 em
10 anos e no Censo IBGE 2010 eram 42,3 milhões. Minhas perspectivas apontam
para uma população de 68 milhões de evangélicos em 2020, com a manutenção da
mesma taxa de crescimento anual de 4,91%. Portanto, em 2020, a razão ESTIMADA
entre a população evangélica de 68 milhões e a população brasileira de 210
milhões estará em torno de 32,38%, ou seja, quase um terço da população
brasileira será evangélica. E considerando que um terço do mercado consumidor
brasileiro será constituído de evangélicos até 2020, não restou outra
alternativa às Organizações Globo senão mudar sua antiga política de DESPREZO e PRECONCEITO para RESPEITO e “INTERESSE” pela cultura dos
crentes. Isto nada tem a ver, sejamos francos, com os belos hinos de Ana Paula
Valadão, mas com mercado e aumento nos lucros. Por Tiago Chagas, para o Gospel+
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