ARRECADAÇÕES DE DÍZIMOS E OFERTAS NAS IGREJAS DO BRASIL ALCANÇAM R$ 18,1 BILHÕES, AFIRMA JORNAL
A arrecadação de donativos por
parte das religiões no Brasil alcançou a cifra de R$ 20,6 bilhões em 2011, de
acordo com dados revelados pela Receita Federal através da Lei de Acesso à
Informação. Em três publicações distintas, o jornal Folha de S. Paulo desenhou
um panorama do viés arrecadatório das religiões no Brasil, destacando as
denominações de orientação cristã, como igrejas evangélicas e a Igreja
Católica. Pelo levantamento da Folha, diariamente R$ 39,1 milhões foram doados
por fiéis às suas respectivas igrejas, o que somou R$ 14,2 bilhões em 2011.
Deste total, R$ 3,47 bilhões são oriundos de dízimos e R$ 10,8 bilhões provém
de ofertas e outras doações. No bolo total, há ainda outros recursos obtidos
pelas denominações que não são advindos de doações, como os R$ 3 bilhões
arrecadados através da venda de bens e serviços e os R$ 460 milhões ganhos com
aplicações e ações no mercado financeiro.Como a legislação brasileira proíbe,
através do inciso VI do artigo 150 da Constituição Federal, a incidência de
impostos sobre a atividade religiosa, mesmo as arrecadações oriundas de vendas
não são tributadas: “O temor é de que por meio de impostos você impeça o livre
exercício das religiões [...] Mas essa imunidade não afasta o poder de
fiscalização do Estado”, explica Luís Eduardo Schoueri, professor de direito
tributário na USP.“Nossa legislação, porém, parece despreparada para lidar com
a proliferação de igrejas-empresas, conglomerados cujos líderes fazem fortuna,
adquirindo jatinhos, helicópteros, mansões, fazendas, gravadoras, editoras,
emissoras e redes de TV. Sempre à custa de rebanhos esmagadoramente pobres e
socialmente vulneráveis”, afirmou Ricardo Mariano, sociólogo da PUC-RS em
artigo escrito para a Folha de S. Paulo. A Igreja Católica, embora arrecade
através de doações, também obtém recursos através da cobrança de valores por
rituais encomendados e organização de festas e quermesses. Porém, a visão de
dom Raymundo Damasceno, presidente da Confederação Nacional dos Bispos do
Brasil, é diferente: “A igreja não é uma empresa, que vende produtos para
adquirir recursos. Vive sobretudo da doação espontânea, que decorre da
consciência de cristão”, pontua. A doação de ofertas e entrega do dízimo é, no
ponto de vista dos fiéis, um sinal de retribuição a Deus por suas bênçãos:
“Esse dinheiro não me pertence. Eu pratico o que a Bíblia manda. Nunca deixei
de ajudar a igreja, e Deus foi só abrindo as portas para mim”, afirma Lucilda
da Veiga, 56 anos, dizimista há mais de 30 anos e membro da Assembleia de Deus,
em Brasília. Entre os anos de 2006 e 2011, o crescimento médio de arrecadação
das igrejas no Brasil foi de 11,9%, muito superior ao crescimento da economia
no país. A mudança no cenário religioso, revelada pelo Censo de 2010, pode
explicar parte desse crescimento. Entre 2000 e 2010 a população que se declara
evangélica chegou a 22,2%, um crescimento de aproximadamente 60%.Por Tiago
Chagas, para o Gospel+
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