NÚMERO DE PESSOAS “SEM RELIGIÃO” CRESCE NO BRASIL E PREOCUPA LÍDERES CRISTÃOS, DIZ PESQUISADOR
A mudança social vivenciada
pelo Brasil nos últimos anos não é protagonizada apenas pelo crescimento dos
evangélicos no país, como atestou o Censo 2010, realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de pessoas sem religião
também cresceu notavelmente, e já incomoda instituições religiosas. “O
movimento mais preocupante para a igreja não é o de quem muda de religião, mas
o de quem simplesmente não se interessa por ela”, afirmou Dario Rivera,
professor da Universidade Metodista de São Paulo, em entrevista à Folha de S.
Paulo, enfatizando que essa tendência é mais forte entre os jovens. As pessoas
identificadas como sem-religião são categorizados em um grupo diferente de
ateus, por exemplo. Estes não creem em Deus ou qualquer figura que seja adorada
por alguma crença. “O que nós estamos vendo é que, nos mesmos bairros de baixa
renda onde há uma proliferação de igrejas pentecostais [evangélicas], uma quase
colada na outra, há muita gente que diz não ter religião”, afirma Rivera, que
coordena um grupo de pesquisa chamado Religião e Periferia na América Latina. Segundo
Dario Rivera, comunidades antes marcadas pela forte crença religiosa e maioria
católica, como bairros rurais, favelas e periferias das grandes cidades, agora
já abrigam um número razoável de pessoas que não aderem a nenhuma crença. Essa
mudança social tem revelado ainda, um relacionamento pragmático com a fé por
parte dos habitantes desses locais, quase sempre pessoas de baixa renda: “A
verdade é que essa é uma hipótese consensual que nunca foi testada”, diz o
professor, que revela casos de pessoas que vão à igreja em busca de
assistência, e uma vez com seus problemas solucionados, a frequência nos cultos
se torna desnecessária. Essa nova “prática religiosa” tem estimulado a migração
de fiéis da Igreja Católica para igrejas pentecostais em geral, segundo André
Ricardo de Souza, professor do Departamento de Sociologia da Universidade
Federal de São Carlos (UFScar). “Desse ponto de vista, a flexibilidade das
igrejas evangélicas acaba fazendo com que elas abocanhem mais ovelhas
desgarradas do rebanho católico. Além do discurso mais objetivo, como o uso de
slogans do tipo ‘aqui o milagre acontece’, essas igrejas estão abertas todos os
dias da semana, praticamente o dia todo. Você entra e resolve seu problema,
enquanto a igreja católica da paróquia passa a maior parte do tempo fechada”,
resume Souza. Por Tiago Chagas, para o Gospel+
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