POLÍTICOS E LÍDERES CRISTÃOS SE MOBILIZAM CONTRA PROPOSTA DE LEGALIZAÇÃO DO ABORTO FEITA PELO CONSELHO DE MEDICINA; “PROPOSTA JÁ NASCEU ABORTADA”, DIZ MAGNO MALTA
Num discurso sobre a posição
do Conselho Federal de Medicina (CFM), que propôs a legalização do aborto até a
12ª semana de gestação, o senador Magno Malta (PR-ES) fez considerações a
respeito do contexto cultural brasileiro para criticar a possibilidade de
aprovação da medida. O CFM recomendou à comissão especial do Senado, que
elabora o Novo Código Penal, que legalize o aborto na situação mencionada,
deixando a decisão para a gestante e seu médico. Atualmente, o aborto é
permitido por lei apenas em casos de estupro ou de risco à saúde da mãe. Magno
Malta afirmou que se aprovada, a medida legalizaria a prática de um
“assassinato brutal” e poderia resultar no aumento da procura pelo procedimento
após os períodos de carnaval e festas juninas, quando há uma maior liberdade
sexual e ocorrência de gestações indesejadas. Malta ainda alertou o CFM para as
críticas e pressões sociais que virão caso a postura seja mantida: “Eu quero
avisar o Conselho Federal de Medicina que eles não vão ter tempo bom pela
frente. A proposta deles já nasceu abortada. Nós estamos atentos à preservação
da vida”, disse o senador, de acordo com informações da Agência Senado. A
mobilização política contra as propostas de legalização do aborto já chegaram à
Câmara dos Deputados, onde o presidente da Frente Parlamentar Evangélica,
deputado João Campos (PSDB-GO) criticou a postura do governo federal. “Você
sabia que o governo da Dilma está ressuscitando o PNDH III? Você sabia que o
Ministério da Saúde está trabalhando um programa para o aborto? Você, que como
eu é evangélico, lembra do compromisso que Dilma fez no 2º turno acerca do
aborto e casamento gay? Nada está sendo cumprido”, alertou em seu perfil no
Twitter o deputado João Campos. O PNDH III é a sigla para a terceira versão do
Plano Nacional de Direitos Humanos, proposto pelo governo petista durante os
dois mandatos do presidente Luís Inácio Lula da Silva. O protesto de Campos
teve ressonância no Twitter, onde internautas retransmitiram suas mensagens e
também protestaram: “E ainda vai ter evangélico e pastor votando no PT em 2014,
depois dessa perseguição desenfreada. Nunca irei votar no PT… NUNCA!”, escreveu
o usuário Neto Ribeiro. O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida
e Família da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom João Carlos
Petrini, publicou um artigo em que critica a postura do CFM e da opção pela
solução mais rápida em casos de gravidez indesejada. “As imediatas reações
contrárias a esse posicionamento demonstram a preocupação dos que defendem a
vida humana desde sua concepção até a morte natural. Merece, por isso, algumas
considerações. O drama vivido pela mulher por causa de uma gravidez indesejada
ou por circunstâncias que lhe dificultam sustentar a gravidez pode levá-la ao
desespero e à dolorosa decisão de abortar. No entanto, é um equívoco pensar que
o aborto seja a solução”, escreveu o bispo Petrini. O religioso lembrou ainda
das iniciativas sociais que a Igreja Católica mantém para ajudar pessoas em
dificuldades como exemplo de alternativa à opção pela “morte” de seres humanos:
“Nossa civilização foi construída apostando não na morte, mas na vitória sobre
a morte. Por isso a Igreja criou hospitais, leprosários, casas para acolher
deficientes físicos e psíquicos. Recorde-se, em época recente, a figura das
Bem-aventuradas Madre Teresa de Calcutá e Irmã Dulce dos pobres, bem como os
milhares de pessoas que, quotidianamente, se dedicam a defender e promover a
vida humana e sua dignidade”, pontuou. Dom João Carlos Petrini ainda ressaltou
a preservação da vida que a Constituição Federal prega e acentuou o tom crítico
de busca por soluções que demandem menor custo, no que se refere aos Direitos
Humanos “As constituições dos principais países ocidentais apresentam uma
perspectiva claramente favorável à vida. A Constituição Federal do Brasil, em
seu artigo 1º, afirma que a República Federativa do Brasil tem como um de seus
fundamentos a dignidade da pessoa humana. E, no seu artigo 5º, garante a
inviolabilidade do direito à vida. Ajuda a evitar o aborto a implantação de
políticas públicas que criem formas de amparo às mulheres grávidas nas mais
variadas situações de vulnerabilidade e de alto risco, de tal modo que cada
mulher, mesmo em situações de grande fragilidade, possa dar à luz seu bebê.
Esta solução é a melhor tanto para a criança, que tem sua vida preservada,
quanto para a mulher, que fica realizada quando consegue ter condições para
levar a gravidez até o fim, evitando o drama e o trauma do aborto”, sugeriu, no
artigo publicado no Boletim da CNBB do dia 23 de março. A proposta da CFM tem
sido duramente criticada por adeptos de movimentos pró-vida. No Twitter, o pastor
Silas Malafaia publicou um vídeo em que cenas de aborto são mostradas, e
afirmou crer que pessoas favoráveis à proposta, mudariam de ideia ao ter acesso
ao material apresentado no documentário de quase 30 minutos.
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