BANCADAS EVANGÉLICAS ESTADUAIS E MUNICIPAIS BUSCAM ATUAÇÃO CONJUNTA CONTRA PROJETOS DE LEI QUE FAVOREÇAM ATIVISTAS GAYS E FEMINISTAS
As atuações das bancadas
evangélicas nas Assembleias Legislativas foi tema de uma reportagem de capa da
revista Carta Capital, intitulada “Bancadas de Deus”. A matéria chama a atenção
para o crescimento da representatividade política dos evangélicos, que é
tratada pela revista como “fenômeno” ou “processo silencioso”. Entrevistado
sobre o assunto, o pastor Wilton Acosta, presidente do Fórum Evangélico
Nacional de Ação Social e Política (Fenasp), afirmou que existem frentes
parlamentares evangélicas em 15 estados brasileiros, e aproximadamente “10 mil
vereadores evangélicos” nas Câmaras Municipais. Para o pastor Acosta,
protagonista de uma recente discussão pública através do Twitter com Silas
Malafaia, a atuação dessas bancadas evangélicas é ambiciosa: “O objetivo é
verticalizar a pauta parlamentar nacional, aprovando leis em todas as
assembleias e câmaras. Todas”, afirmou. A ideia, segundo Acosta, é orquestrar a
atuação política dos parlamentares evangélicos e fazer com que toda a
representação política do movimento atue contra o avanço dos novos códigos
Penal e Civil, que possuem propostas sobre aborto, posse de maconha,
criminalização da homofobia e casamento gay. A Frente Parlamentar Evangélica da
Assembleia Legislativa de São Paulo, que reúne 15 dos 94 deputados, é uma
amostra da atuação conjunta: “Não somos bobos. Sabemos que são temas de competência
do Congresso, mas o que falamos aqui repercute em Brasília. Afinal, os
deputados federais e senadores se elegem com apoio de deputados estaduais e
vereadores. A base tem direito de cobrar uma postura firme deles no
Parlamento”, afirmou o deputado Carlos Cezar (PSC), explicando a importância da
centralização de ideias. O movimento contra as propostas tidas como
prejudiciais pelos evangélicos envolve atuação nas três níveis de governo: “A
ideia é subsidiar os vereadores com fundamentos legais, para que ajam de forma
local, pois, quando barramos as propostas deles [movimentos gays e feministas]
no Congresso, eles tentam implantá-las nas cidades e estados. Aí criam
jurisprudência. Não vamos permitir isso”, disse o vereador Herculano Borges
(PSC). A revista destaca ainda que muitas das propostas das bancadas
evangélicas no país são controversas, como o projeto que pretende proibir bares
localizados a menos de 300 metros de igrejas, de autoria do vereador Benedito
Oleriano (PMN), de Sorocaba, interior de São Paulo. Em Maringá, interior do
Paraná, a bancada evangélica local conseguiu aprovar um projeto de lei que
transferiu a data de realização da Marcha para Jesus, coincidindo com a Parada
do Orgulho Gay da cidade. Porém, a atuação dos políticos ligados às igrejas não
é bem vista por alguns movimentos sociais: “O avanço dos evangélicos tornou a
luta muito mais desfavorável”, disse Kauara Rodrigues, assessora da ONG Centro
Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA), que atua na monitoração de projetos
que envolvem os direitos das mulheres em tramitação no Congresso Nacional. Por
Tiago Chagas, para o Gospel+
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