CADASTROS DA BBOM SÃO BLOQUEADOS PELA JUSTIÇA POR SUSPEITA DE PIRÂMIDE FINACEIRA
A BBom, empresa que na semana
passada teve as contas congeladas por suspeita de ser uma pirâmide financeira ,
agora está impedida de cadastrar novos distribuidores, conhecidos como
associados. Hoje, eles somam cerca de 300 mil. A liminar – decisão temporária —
foi concedida na terça-feira (16) pela 4º Vara Federal de Goiânia, a pedido do
MInistério Público Federal em Goiás (MPF-GO). É a segunda vez quase 30 dias a
Justiça bloqueia a expansão de uma rede apresentada como marketing multinível,
mas que é considerada uma pirâmide financeira pela força-tarefa de promotores e
procuradores da República que analisa a atuação de 18 empresas com modelos de
negócios semelhantes . A primeira empresa impedida de cadastrar novos representantes
foi a Telexfree. Procurada, a BBom não tinha ninguém imediatamente disponível
para comentar a nova decisão, mas prometeu um posicionamento. Seus responsáveis
sempre negaram irregularidades , assim como os da Telexfree . A BBom é
apresentada como o braço de marketing multinível da Embrasystem, que atua no
mercado de rastraeamento de veículos.O MPF-GO, entretanto, acusa a BBom de ser
uma pirâmide financeira, que depende das taxas de adesão pagas pelos associados
– de R$ 600 a R$ 3 mil – e não dos produtos e serviços da Embrasystem. O MPF-GO
argumenta também que a Embrasystem não tem autorização da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) para oferecer os serviços de rastramento e
monitoramento. Além disso, alega que o faturamento da empresa disparou de cerca
de R$ 300 mil ao longo de 2012 para R$ 100 milhões em março de 2013. A BBom foi
lançada em fevereiro e, desde então, atraiu quase 300 mil associados com
campanhas que exaltam os ganhos expressivos de seus melhores revendedores. Só
dinheiro estava bloqueado: No dia 10 de junho, a pedido dos procuradores da
República em Goiás, a juíza substituta da 4ª Vara Federal de Goiânia, Luciana
Laurenti Gheller, determinou bloqueio das contas da Embrasystem e de seus
sócios administradores. Segundo o MPF-GO, foram congelados R$ 300 milhões, além
da transferência de mais de cem veículos – entre eles, quatro Lamborghinis e um
Rolls Royce. A decisão, porém, não impedia que a BBom continuasse a cadastrar
associados. Ou seja, o que o MPF-GO entende como pirâmide financeira poderia
continuar a se expandir. Por isso, entrou com um pedido de aditamento de
liminar, que foi julgado nesta terça-feira (16). Em entrevista ao iG no dia 10
de junho, o dono da Embrasystem, José Francisco de Paulo, acusou pessoas
"mal intencionadas" de plantarem informações falsas contra a empresa,
mas disse respeitar as investigações. Ele também argumentou que a Anatel não
possui um tipo de autorização específica a ser concedida a empresas de
rastreamento e monitoramento e disse que no "ganhar muito dinheiro é crime
no Brasil". Febre das pirâmides: Membros do governo federal e dos
ministérios públicos estaduais e federal têm considerado que o País vive uma
febre de empresas com características de pirâmides financeiras , decorrente em
parte da popularização da internet. Atualmente, ao menos 18 empresas estão na
mira de uma força-tarefa de promotores e procuradores da República. BBom e
Telexfree foram as primeiras a terem suas atividades suspensa por decisões
judiciais, mas o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MP-RN) já anunciou
investigações contra Cidiz, Nnex, Multiclick e Priples . A Cidiz nega
irregularidades. Os porta-vozes da Multiclick e da Priples, procurados quando a
investigação foi anunciada, não foram localizados. A Nnex não retornou os
contatos feitos na tarde do dia 2 de julho. BBom e Telexfree, assim como outras
empresas suspeitas, apresentam-se como redes de marketing multinível – um
modelo de varejo legal em que os vendedores são incentivados a atrair outros
membros para o negócio, pois ganham bônus pelas vendas desses últimos. A
suspeita da força-tarefa, porém, é que essas redes sejam usadas apenas como
fachada para pirâmides financeiras, em que o faturamento depende das taxas de
adesão paga pelos vendedores para aderirem às redes e não de produtos ou
serviços. Como a população é finita, esses sistemas são insustentáveis.
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