PROCURADORA DIZ QUE BBOM VENDEU MAIS RASTREADORES DO QUE CONSEGUE ENTREGAR
Luxo: Mercedes, um dos prêmios
aos maiores revendedores da BBom; empresa é insustentável, entende MPF; A
BBom tem vendido mais rastreadores do
que pode entregar – um indício de que a empresa é uma pirâmide financeira,
entende a procuradora da República em Goiás, Mariane Guimarães. "Encontramos
muita gente reclamando que não recebeu os rastreadores", afirma a
procuradora. "No Reclame Aqui [ site de queixas de consumidores] há 1.200
reclamações." A empresa nega irregularidades . A BBom foi criada em
fevereiro passado para ser o braço de marketing multinível da Embrasystem, que
atua no mercado de monitoramento de veículos. Desde então, atraiu cerca de 300
mil revendedores, chamados de associados, que pagam taxas de R$ 600 a R$ 3 mil.
A promessa é de lucros expressivos. Em maio, um casal de associados foi
premiado com um Lamborghini. A remuneração é feita de acordo com as vendas de
assinaturas do serviço de monitoramento, e o rastreador é cedido em regime de
comodato. Além disso, há bônus para quem traz mais revendedores para a rede. Em
entrevista ao iG no dia 10 de julho, o dono da Embrasystem, João Francisco de
Paulo, afirmou que a empresa habilitava de 5 mil a 10 mil aparelhos por
dia. Para o Ministério Público Federal
em Goiás e o Ministério Público do Estado (MP-GO), entretanto, a BBom tem se
sustentado com as taxas de adesão paga pelos associados, e não com a receita
dos rastreadores. Com esse argumento, os procuradores e promotores conseguiram
que a 4ª Vara Federal de Goiânia bloqueasse as contas da empresa em 10 de
julho, num total de R$ 300 milhões , e a entrada de novos associados no dia 16
. A cobrança de mensalidades também foi suspensa. 'A maioria não tem interesse
no rastreador'; "Muita gente compra o pacote de olho no lucro fácil. A
maioria não tem interesse no rastreador", diz Mariane, do MPF-GO. "O
produto mesmo nem era repassado [ ao consumidor final ]." A procuradora da
República argumenta ainda que o serviço de rastreamento da BBom não é
competitivo, por ter mensalidades muito superiores às praticadas no mercado.
"As seguradoras de veículos já oferecem esse serviço gratuitamente",
diz ela. Mariane disse também ter dúvidas sobre a capacidade de os fornecedores
da BBom atenderem à demanda de rastreadores feita pela empresa. "[
Representantes da BBom ] disseram-nos que o fornecedor fabrica 50 mil
rastreadores por dia, mas ela faz 50 mil por mês. Oficiamos a fornecedora e
acreditamos que ela não tem capacidade." Procurada pela reportagem , a
BBom informou que tem já vendeu 1,25 milhão de rastreadores, dos quais 30 mil
foram entregues, 70 mil estão em estoque e 145 mil estão "em
trânsito". "O restante será entregue seguindo a previsão de entrega
dos fornecedores. Todos esses dados estão seguindo uma programação de entrega
de acordo com a data de solicitação do rastreador pelo associado",
informou em nota. Febre das pirâmides: A BBom é a segunda empresa a ter as
atividades bloqueadas pela Justiça neste ano por suspeita de ser uma pirâmide
financeira. A primeira foi a Telexfree, que se apresenta como fornecedora de
pacotes de telefonia por internet (VoIP) vendidos também via marketing
multinível. Uma força-tarefa composta de
promotores e procuradores da República investiga outras 16 empresas com atuação
semelhante em todo o País. Entre elas estão Multiclick, Cidiz, Nnex, Priples .
Segundo José Augusto Peres, do MInistério Público do Rio Grande do Norte
(MP-RN) uma listagem de 33 negócios serão avaliados. A Nnex não retornou os
contatos feitos pela reportagem. Os responsáveis pela Priples e pela Multiclick
não foram localizados. A Cidiz nega irregularidades. Fonte: Portal IG
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