ANATEL É ACUSADA DE FAVORECER CARTEL FORMADO POR VIVO, TIM, CLARO E OI
Há alguns anos, uma nova
operadora de telefonia móvel entrou no mercado passando a operar apenas em São
Paulo. Depois de falir por conta das dívidas e ser considerada suspeita de
corrupção, a Aeiou/Unicel registrou uma acusação contra a Agência Nacional de
Telecomunicações afirmando que o órgão favorece em suas decisões as quatro
maiores operadoras do setor no país. Assim, existiria um cartel formado por
Vivo, TIM, Claro e Oi com influência suficiente para fazer a agência impedir
que novos competidores entrem na concorrência. A antiga Aeiou ou Unicel ainda
possuiu dívidas com a Anatel referentes ao preço que deveria ser pago para
utilizar frequências do leilão que venceu. Na época, a faixa dos 400 MHz foi
adquirida, e somente 1% do valor foi pago inicialmente, quando o número deveria
ser 10%.A acusação: Roberto Melo da Silva, presidente da operadora, fez a
acusação pública em dezembro do ano passado, mas até agora nenhum andamento foi
dado pelo Ministério Público Federal, que precisa primeiro determinar que
procurador irá iniciar a investigação. O mesmo documento de acusação chegou ao
gabinete do presidente da agência para que uma investigação interna pudesse
acontecer. Sobre o caso, a Anatel comentou em nota que “o empresário faz
denúncias vazias desde 2007 e, agora, volta à prática na tentativa de se
mostrar vítima de perseguição”. Falando para o Valor Econômico, o empresário
disse que “a Anatel está sendo pressionada por um cartel formado pelas quatro
grandes operadoras, impedindo a entrada no mercado de um quinto competidor”. Corrupção:
A empresa que hoje acusa a Anatel de favorecer um cartel das quatro maiores
operadoras do país já foi também acusada de ser favorecida pela agência. Na
época em que pretendia entrar no mercado, a Unicel estava impedida de comprar
as faixas de frequência que acabou adquirindo para funcionar. Esse problema,
entretanto, foi resolvido com a interferência da então ministra da Casa Civil,
Erenice Guerra, que parece ter convencido a agência a liberar a Unicel para a
compra. De fato, era preciso ser feito um depósito de 10% do valor para
concretizar a compra. Por conta da interferência da ministra, a parcela
diminuiu para 1%. No fim das contas, o marido da ministra se tornou suspeito de
ser o proprietário de fato da operadora e, dias depois, Erenice perdeu seu
posto na presidência. A dívida acumulada da Unicel chegou a R$ 600 milhões,
somando o valor não pago à Anatel e a outros credores, como os antigos
funcionários da empresa. Nextel pretende comprar Unicel. A acusação de Melo da
Silva chegou ao Ministério Público Federal depois de a Anatel impedir que a
Nextel comprasse a operadora falida. Com isso, o empresário poderia acabar com
suas dívidas, e a empresa de rádio conseguiria implantar sua rede 3G no país. O
problema, entretanto, é que a lei não permite a sobreposição de frequências de
duas operadoras e, se essas empresas se unissem, isso aconteceria em São Paulo
e outras regiões, o que culminou no veto pela Anatel. Por fim, agência
reguladora revogou as licenças adquiridas pela Unicel por conta da falta de
pagamentos do leilão e das taxas de renovação. Sendo assim, a empresa não teria
mais o que oferecer, e a Nextel não teria motivos para a compra. Antes de
falir, a Aeiou conseguiu, em seu auge, operar com 22 mil clientes, quando sua
meta era chegar a 500 mil. Com isso e em decorrência de outros problemas,
investidores abandonaram a empresa, que não conseguiu mais operar sem dinheiro
e fechou as portas. A Anatel afirma que tentou entrar em contato com a Unicel
em diversos momentos para realizar negociações, mas as correspondências eram
devolvidas por conta de endereços falsos. Uma notificação publicada no Diário
Oficial da União também não conseguiu fazer a empresa entrar em contato com a
agência.Fonte: Tecmundo
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