PROPOSTA PREVÊ PRISÃO PARA ORGANIZADORES DE PIRÂMIDES FINANCEIRAS
Promotores de Justiça e
procuradores da República querem mudar a lei para pemitir a prisão de
envolvidos com pirâmides financeiras. Nos últimos três meses, três empresas
tiveram as atividades bloqueadas no País por suspeita de praticarem esse crime.
Juntas, ela captaram dinheiro de cerca de 1,5 milhão de pessoas. A ideia é
elevar a pena mínima para dois anos de detenção. Como a atual é de seis meses,
o réu pode escapar da prisão se optar pelo instrumento jurídico conhecido como
suspensão condicional do processo. “A
punição é praticamente nula [ nesse caso ]. Ele [ réu ] vai ter de ir
diariamente até Vara Criminal [ onde o processo foi apresentado ] assinar uma
folha de papel e comunicar o juiz se for se ausentar por mais de 30 dias da
cidade”, diz José Agusto Peres, promotor de Justiça do Ministério Público do
Rio Grande do Norte (MP-RN) e um dos idealizadores do anteprojeto de lei. “Uma
besteira para quem ganhou milhões [ com a fraude ].” A proposta deve ser
apresentada ao Ministério da Justiça na semana que vem, na forma de um
anteprojeto de lei. O texto vem sendo rascunhado desde julho por Peres e a
versão final será concluída nesta semana, em Goiás, numa reunião entre o
promotor e os procuradores da República em Goiás Hélio Telho e Mariane de
Mello. Resistência na Câmara: A ideia é permitir que a prática de pirâmide seja
considerada crime contra a ordem econômica, quando a fraude se limitar a um
município ou Estado, e em crime contra o sistema financeiro nacional, quando se
espalhar por mais de uma Unidade da Federação. Nesse último caso, a pena máxima
pode ser maior. “A nossa ideia é aumentar a pena para talvez de dois a oito
anos”, afirma Mariane, do Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO). No
Congresso, a receptividade da mudança deve ser positiva, avalia o procurador da
República em Minas Gerais, Carlos Bruno Ferreira da Silva. Na última
quarta-feira (21), ele apresentou a proposta numa audiência pública realizada
na Câmara dos Deputados. “Houve um consenso que pirâmide é um crime grave e tem
que ser fortemente perseguido”, diz Silva. “Os deputados demonstraram grande
interesse em aumentar as penas.” Há preocupação, entretanto, com a atuação de
um grupo de deputados que tem se manifestado em defesa das empresas atualmente
investigadas e contra as investigações. Acelino Popó (PRB-BA), por exemplo,
prometeu a criação de uma frente parlamentar para apoiar os integrantes dos
negócios bloqueados pela Justiça. 'Rastilho
de pólvora': A lei que criminaliza as pirâmides financeiras no Brasil é de
1951, muito anterior ao surgimento da internet, que ampliou o alcance e a
velocidade de propagação dos negócios acusados de serem fraudes, bem como do
volume de recursos por eles captados. A Telexfree , bloqueada pela Justiça do
Acre , reuniu cerca de 1 milhão de associados no Brasil e 1 milhão em outros
países em pouco mais de três anos de existência. Criada em fevereiro de 2013, a
BBom tinha 300 mil associados em julho do mesmo ano, quando foi suspensa e teve
R$ 300 milhões congelados . Nenhuma das duas empresas foi condenada em última
instância e seus responsáveis negam irregularidades. “A gente tem certeza de
que o sistema penal precisa agravar a pena, pois em 1951 a propagação dessas
pirâmides acontecia de uma forma muito menos deletéria [prejudical à saúde] do
que hoje”, diz o promotor Peres, do MP-RN. “Agora, elas se propagam como
rastilho de pólvora e você consegue lesar um volume muito maior de pessoas.
Isso merece também uma resposta maior por parte do Poder Público.” Fonte: IG
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