QUANDO O PODER CORROMPE
Popularizada no Brasil, a
frase “o poder corrompe” inicialmente foi aplicada a indivíduos que, ao chegarem
ao Poder, se deixaram seduzir pelos benefícios oriundos da posição, se juntando
à “banda podre da sociedade”. Da política, o termo assumiu uma dimensão maior,
diversificada, podendo ser aplicada a líderes de “movimentos sociais”, ONGs,
ambientalistas, sindicalistas, e também religiosos. Inicialmente movido por
ideologias, por supostas “revelações divinas”, ao perceber sua capacidade de
articulação, de convencimento, de aglutinação, o individuo passa a se ver como
peça importante em uma engrenagem, em uma organização, ou meio em que atua. De
honesto, se transforma em corrupto, em manipulador do próprio meio em que
transita, ao perceber sua importância no grupo. James Warren “Jim” Jones
(1931-1978), iniciou sua carreira como um pastor engajado na luta contra a
segregação racial, pela defesa dos direitos humanos, da criança e do
adolescente, chegando a ser nomeado, em 1960, pelo prefeito de Indianápolis,
EUA, ao cargo de diretor de uma comissão de direitos humanos. Associado ao
trabalho com negros e órfãos, Jones conduzia um grupo de fieis que crescia de
forma significativa, somando cerca de três mil, no início da década de 70. Com
o crescimento numérico, as doações ao Templo dos Povos (movimento fundado por
Jim Jones, e com sede em São Francisco) também cresciam, permitindo a compra de
uma gravadora e uma estação de rádio, veículos essenciais à divulgação
doutrinária, descobrira Jones. Denúncias de ex-membros motivou uma investigação
federal, levando Jones e o Templo dos Povos a deixar os EUA e se instalar em
uma área agrícola de Jonestown, na Guiana, onde 913 adeptos cometeram suicídio.
Autoritarismo, capacidade de convencimento e controle foram algumas das
características desenvolvidas por Jim Jones, em Jonestown. Líder absoluto,
Jones isolou não somente física, mas também psicologicamente seus adeptos. Sua
autoridade e domínio eram inquestionáveis. Os adeptos deviam seguir regras
rígidas de comportamento, como total rompimento com o “mundo externo” (o que
incluía proibições de acesso a meios de comunicação, como revistas, jornais
etc.).
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