LOBO EM PELE DE CORDEIRO. DEPOIS DE APOIAR MARKETING MULTINÍVEL, POPÓ APRESENTA NESTA TERÇA PEDIDO DE CPI
O líder da Frente Parlamentar
sobre Marketing Multinível da Câmara dos Deputados, Acelino Freitas (PRB-BA), o
Popó, pretende investigar não só os donos de empresas suspeitas de ser
pirâmides financeiras , mas também quem entrou – e lucrou – com esses negócios.
“A investigação vai ser como um todo”, diz o deputado, em entrevista ao iG ,
sobre sua proposta de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre
o tema. A coleta de assinaturas começa na terça-feira (15). Com essa postura, o
parlamentar se distancia do comportamento adotado em agosto, quando defendeu
abertamente empresas bloqueadas por suspeita de serem pirâmides financeiras – à
época, a Justiça havia congelado as atividades de Telexfree , BBom , Priples e
Blackdever . O discurso do parlamentar, agora, está mais condizente com o de
quem investiga as irregularidades. Entre promotores, procuradores da República
e policiais integrantes de uma força tarefa antipirâmides, é comum o
entendimento de que líderes de fraudes, mesmo que não sejam sócios das empresas
que as disfarçam, também devem ser responsabilizados. “[ Mudei de opinião ] porque eu comecei a me
inteirar no assunto, comecei a olhar o assunto como um todo”, diz o
parlamentar, mostrando-se mais cauteloso em ecoar as críticas à Justiça feitas
por quem investiu nas empresas bloqueadas. “Não posso julgar até ir a fundo e
saber direitinho, mas que a Justiça tem os seus direitos, deveres e razões isso
a gente não pode deixar de ressaltar.” Leia baixo trechos da entrevista. iG:
Por que o senhor acredita que quem atua no marketing multinível o escolheu [
para representá-lo na Câmara ]? Acelino Popó Freitas: Na
verdade ninguém me escolheu, foi uma vontade minha de lutar e tocar no assunto.
Estava todo mundo entrando no marketing multinível e aí eu resolvi abrir uma
frente parlamentar. Foi na época que bloquearam todos os bens. Depois é que
algumas pessoas vieram me procurar para tentar a regulamentação de markietng
multinível no Brasil. A coleta de assinaturas para
CPI já começou? A partir de terça-feira (15) começa a coleta. Na CPI o senhor
propõe que sejam investigados só os donos das empresas suspeitas de serem
pirâmides ou também as pessoas que atuaram nesse negócios como divulgadores? Como
um todo, a investigação vai ser como um todo. Inclui, portanto, os
divulgadores? Isso. O senhor acredita mesmo que haverá interesse num tema tão
impopular como as investigações contra pirâmides – os divulgadores têm
criticado muito a Justiça e o Ministério Público – num ano que é véspera de
eleição? Eu particulamernte vou a fundo até porque não é por mim ou por período
eleitoral. É por muita gente ter perdido sua vida praticamente, suas economias,
ter vendido apartamentos, carros, tudo para entrar em alguns programas desses
de marketing multinível e aí perdeu tudo e está a ver navio. Busco saber de que
forma essas pessoas vão ser restituídas ou se verdadeiramente essas pessoas
perderam tudo. Se a CPI não caminhar, o senhor tem um plano B? Eu acho muito
difícil não caminhar. Eu tenho uma frente parlamentar para a gente estar
debatendo isso lá na Câmara. Houve o bloqueio de pelo menos quatro empresas até
hoje – Telexfree, BBom, Priples e Blackdever. O senhor acredita que nesses
casos a Justiça etá agindo corretamente, ao bloquear preventivamente as
empresas? Não posso afirmar isso, não posso julgar até ir a fundo e saber
direitinho. Mas que a Justiça tem os seus direitos, deveres e razões, isso a
gente não pode deixar de ressaltar. Em agosto o senhor havia dito que não
acreditava que fossem pirâmides financeiras... É que, do jeito que estava, as
pessoas acreditando… Tem pessoas que vêm procurar a gente para que [ a empresa
] continue [ a funcionar ], e a gente na verdade quer regulamentar, fazer as
coisas todas direitas. Mas todo mundo que entrou e está nessa quer que as
empresas continuem [ a funcionar ]. E por que o senhor mudou de opinião? Porque
eu comecei a me inteirar no assunto, comecei a olhar o assunto como um todo. O
senhor quer regulamentar o marketing multinível. A legislação atual já autoriza
essa prática. É, mas autorizar não é regulamentar. E o que é preciso
regulamentar no marketing multinível? A gente está estudando justamente para
ver de que forma, junto com a defesa do consumidor, para que não atrapalhe
também em nada. E quando o senhor espera que seja instalada a CPI? Este ano? Eu
gostaria, mas como as coisas são tão lentas la na Câmara... Eu gostaria porque
tem muita gente aí esperando isso. E em relação ao projeto de lei? Também [
este ano ]. Infelizmente, tem projeto de lei que já corre há mais de não sei
quantos anos e a gente espera que esse daí seja rápido. Houve alguém do seu
ciclo de amizades ou da família que tenha perdido [dinheiro com as empresas
bloqueadas]? Não, família, não. Fonte: IG
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