IGREJA EVANGÉLICA BRASILEIRA: REALIDADE E DESAFIOS
Segundo levantamento feito
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e disponível a
partir de 2012, o número de evangélicos é de 42,5 milhões. De fato, o movimento
evangélico brasileiro cresceu de forma surpreendente e podemos afirmar que o
número de praticantes já superou o de católicos – há apenas sete milhões de
católicos praticantes no Brasil, conforme exposição feita pelo padre jesuíta
Thierry Lierry de Guertechin, à 50º Assembleia Geral da Conferência Nacional de
Bispos do Brasil (CNBB), em abril de 2012. Apesar da superação numérica – pelo
menos no que se refere ao número de praticantes -, a igreja evangélica passa
por uma crise de identidade inegável para qualquer pesquisador da religião. Não
obstante a qualidade e precisão das estatísticas desenvolvidas pelo IBGE há uma
camada não penetrável pelo Instituto. Por exemplo, o simples fato de alguém
demonstrar interesse ou opção religiosa não qualifica tal pessoa – o Censo é
desenvolvido com base em declarações. Outro problema ocorre com relação às
igrejas neopentecostais. Por exemplo, o número de seguidores da Igreja
Universal do Reino de Deus é algo em torno de 1,873 milhões – considerando a
queda de 10,8% verificável nos últimos anos – e, apesar do crescimento de
consciência em algumas regiões do Brasil, grande parte dos que participam das
reuniões da IURD não possui formação evangélica definida. O mesmo pode ser
identificado na Mundial do Poder de Deus, cujos fieis são atraídos por
campanhas de cura e libertação, mas sem acompanhamento bíblico, pastoral. Obviamente
que estamos diante de uma dificuldade, de um problema que diz respeito
unicamente às autoridades pastorais. Apesar das diferenciações entre o que
aponta o IBGE e o que se verifica internamente, é notório que a “imagem” da
igreja tem crescido, sobretudo, na grande mídia, por meio de figuras conhecidas
– a exemplo de cantores como Ana Paula Valadão e Thalles Roberto que tiveram
participação em programas da Rede Globo. O fenômeno ocorre em decorrência do
aumento do poder de consumo de um seguimento que, até recentemente, era alvo de
críticas. Podemos concluir que a igreja evangélica passa por um período de
grande crescimento no Brasil, mas problemas como dissenções, lavagem de
dinheiro, nepotismo, extremo centralismo administrativo, brigas por poder, são
elementos que descaracterizam parte do crescimento. Outro problema é o
distanciamento verificável em algumas igrejas com relação à sociedade. Nos
últimos anos a igreja tem se caracterizado como uma “igreja de templos”, de
“liturgias”, sem presença relevante na sociedade. Oswaldo Prado, da agência
SEPAL, fechado: “Mesmo tendo Jesus afirmado que chegaria a hora em que seus
adoradores o adorariam em espírito e em verdade, ainda somos uma igreja de
templos. [...] Em verdade, os evangélicos estão, muitas vezes, circunscrevendo
sua fé aos limites do templo” (Povos, Ano I, Edição 3, p.30).
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