O QUE SERIA DOS EVANGÉLICOS SEM AS VOZES DE FELICIANO E MALAFAIA?
Não defendo em absoluto todas
as coisas que Pastor Marco Feliciano pregou, admito que foi infeliz em algumas
de suas colocações. Não me coaduno com a nova posição teológica da prosperidade
que pastor Silas Malafaia passou a expor em seu programa e pregações (inclusive
denuncio os perigos de algumas publicações de sua editora em difundir ensinos
do evangelho da prosperidade que sempre carregam fragmentos da confissão
positiva). Esses homens são falhos, devem ter lá os seus pecados, terão contas
a prestar acerca do que falam e fazem – afinal, ninguém é perfeito. Mas, também
não posso me conformar com essa desunião evangélica por conta dos dois em torno
de temas que à luz da Bíblia deveriam ser de entendimento harmonioso entre
todos os seguidores de Jesus Cristo. Temos nos desviado do foco da reflexão
principal quando tão somente nos ocupamos em esculachar o “homofóbico político”
Feliciano e a condenar o “homofóbico pastor” Malafaia. O centro da discussão
não pode continuar sendo a figura particular, isolada e polêmica dos dois. Já
passou da hora de considerarmos a representatividade evangélica que detiveram –
ainda que eu e você não aceitemos – isso é verdade, são esses pastores que o
Brasil lê, assiste e acompanha na mídia – e querendo ou não, falando bem ou
mal, protestando ou não – eles nos representam nos meios de comunicação para a
sociedade. Destacaram-se cada um ao seu modo em suas plataformas como
evangélicos e inegavelmente como formadores de opinião – hoje, são as pessoas
mais públicas da igreja evangélica nacional. Precisamos parar com essa pirraça
esquerdista injustificável de que Feliciano não nos representa. Escrevo a
pessoas esclarecidas e bem informadas, então conclamo ao senso da consciência
cristã quanto ao posicionamento social da igreja neste país. Pela via direta
dos votos que Feliciano recebeu, até que você pode dizer que não te representa
politicamente; mas pela dimensão dos clamores sociais (nada cristãos) e das
posições políticas (nada democráticas) em Brasília, é inegável que sim, ele te
representou lá como cristão! Fico a pensar se não existisse um deputado de
primeira viagem como Feliciano, que num partido pequeno e de pouca influencia
foi corajoso e procedeu como crente de verdade naquela até então inexpressiva
comissão da casa de leis. A inexperiência política de Feliciano foi suprida
pela ousadia e destemor frente às conseqüências assumidas pelo fato de defender
as convicções de quem o elegeu; e penso no que teria acontecido de ainda mais
nefasto naquela CDHM, com inclusões de favorecimentos às minorias (GLBTT) em
detrimento dos direitos da maioria, se um Feliciano da vida não estivesse por
lá? Não estou misturando religião com política, estou citando um caso que
envolveu um sujeito que foi eleito se dizendo crente (e o Feliciano se diz
servo de Deus), e que a exemplo do profeta Daniel em um cargo político em que
sua fé foi testada, assim foi Marco Feliciano em Brasília. Esse Pastor me
representou num ato de postura cristã, que nem eu sei se teria coragem de
praticá-lo como Feliciano o fez, admito. A igreja evangélica brasileira passa
por sua maior crise existencial e representativa – uma crise marcada pela
desarmonia bíblica de sua posição contra o pecado, de sua apresentação igual
das verdades absolutadas. Será que neste país, algum crente ainda tem dúvidas
quanto à distinção bíblica da natureza humana e sua identidade sexual: macho e
fêmea (homem e mulher). Ainda será possível que pastores, apóstolos, doutores e
teólogos tenham dúvidas abissais quanto ao que a Bíblia diz sobre práticas
sexuais ilícitas tais como: fornicação, adultério, homossexualismo, lesbianismo
e sodomismo? Porventura algum de nós colunistas de grandes portais de
informação cristã, ainda temos dificuldade de entender a posição bíblica da
constituição e modelo da família; do papel do cristão na sociedade e no trato
com seus direitos e deveres civis; creio que não. Então porque essa briga, esses
debates que não nos levarão a lugar algum, a não ser para tornar mais evidente
de que estamos ainda mais desunidos do que nunca? Por acaso Feliciano e
Malafaia estão falando contra esses princípios que todos aceitamos comumente?
Claro que não; então como podemos dizer que não nos representam? Como afirmar
que Malafaia não é a exemplificação da fé evangélica na TV em algumas de suas
posições? Para surpresa e desagrado de muitos, esse sujeito imperfeito,
sanguíneo, quase milionário (se já não o for) e mais recente pregador da
prosperidade é um dos poucos que tem se levantando nesse país como voz
evangélica a favor dos direitos iguais declarados na constituição federal de
1988, não só para evangélicos – mas para todos os brasileiros. É este pastor
que alguns dizem ser metido a psicólogo (ele realmente tem formação) que com a
Bíblia em punho – quando perguntado em determinado programa de TV, qual era sua
fala como cristão acerca da prática homossexual, citou Romanos 1.18-32 e deixou
insatisfeitos os proponentes da teologia inclusiva. Como posso dizer que esse
“camarada Malafaia” (é ele que usa esse termo), não me representou? Foi um dos
poucos que em rede nacional de TV a reafirmar a veracidade absoluta de um dos
textos mais claros e incisivos das Escrituras contra a prática homossexual!
Como posso dizer que Malafaia não me representou quando organizou um necessário
movimento pró-família em tempos de destruição da mesma por essa política
anticristã e liberal, apoiada sutilmente por um Estado influenciado por correntes
comunistas e esquerdistas ? Foi Malafaia muito antes de Feliciano, uma das
poucas vozes cristãs deste país a manifestar-se pelo vigor dos direitos legais
de liberdade de opinião, fé e culto; sem restrições vexatórias e supressões de
leis antidemocráticas. Na verdade meus irmãos, as Escrituras deixaram de ser
nosso ponto de referência, mesmo que nossos credos doutrinários confessem
crenças históricas da fé e legado cristãos, parece que elas (as Escrituras) em
sua inspiração plenária, inerrância e infalibilidade, perderam autoridade para
muitos de nós, frente às cosmovisões desta era pós-moderna. Realmente as
verdades salutares da Palavra, deixaram de ser o nosso ponto de encontro no
comum do corpo de Cristo – comunhão na confissão das verdades atemporais e sem
quaisquer aculturações relativizadas, pois mesmo sendo membros de igrejas
evangélicas diferentes, a luz delas (das Escrituras), como corpo místico de
Cristo, deveríamos estar unidos em torno de suas sentenças inegociáveis e nada
redefinidas pela vontade dos homens. Bom, se Feliciano e Malafaia me
representam como evangélico, em algumas de suas ações, também sei daqueles que
que me representam negativamente na fé e na confissão cristã evangélica.
Aqueles que disseram que se fossem Deus, ressuscitariam Hugo Chávez e
amaldiçoariam com um câncer maligno o Feliciano – esses representam o
desequilíbrio e a falta de amor cristão entre evangélicos. Aqueles que dizem
que a bíblia não é inerrante e infalível – representam um cristianismo oco e
cético em sua aceitação parcial e deturpante da inspiração da Palavra de Deus;
aqueles que em suas revistas e publicações (do que parece uma esquerda
evangélica) descrevem apenas o lado negativo de evangélicos como Feliciano e
Malafaia e que só vendem polêmicas e mais dissensões para a já desmembrada
igreja nacional – esses representam os que se renderam aos encantos e apelos do
humanismo secular. Nos representam negativamente aqueles que ignorando a
verdade escancarada da bíblia contra práticas imorais, através de seus doutorados
acadêmicos tentam sistematizar a teologia inclusiva – que incoerência!
Pergunto-lhes, qual é a nossa posição contra esses discrepantes pensadores
cristãos? Porque ninguém os questiona? Será que é porque concordamos com suas
posições anti cristãs? Será mais edificante tentar destruir aos que de alguma
forma se levantam contra erro, do que combater os que querem arrancam as raízes
doutrinárias da Igreja Evangélica verde e amarela e sua posição contra o
pecado? Se amanhã, Feliciano e Malafaia pisarem na bola e comprometerem ainda
mais o testemunho evangélico nesta nação com pecados explícitos (e não com
julgamentos dos outros como percebemos hoje), também nos representarão mais
negativamente, nem que seja por momentos. Porquanto oremos por todos esses homens
para que continuem ao menos, tendo a coragem de nos representar nas
reafirmações de algumas verdades que acreditamos e que muitos parecem ter
esquecido!
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