IGREJA BATISTA DA LAGOINHA PASSA A MÃO NA CABEÇA DO MOVIMENTO LGBT E PASTOR SILAS MALAFAIA DA ASSEMBLEIA DE DEUS COMENTA
Como em toda luta, o antagonismo entre a Igreja e os movimentos
LGBT organizados tem suas trincheiras. Uma delas situa-se no delicado e
subjetivo terreno da psicologia. A Organização Mundial de Saúde retirou a
homossexualidade do rol das doenças humanas há um quarto de século, mas o
debate sobre se alguém já nasce gay ou se adquire o comportamento homoafetivo
ao longo da vida, por questões ambientais e comportamentais, parece tão difícil
de chegar a um termo como a eterna dúvida sobre a existência de vida
extraterrestre. E a luta já virou guerra mais de uma vez. Em 1999, uma polêmica
decisão do Conselho Federal de Psicologia (CFP) vetou aos profissionais o
envolvimento com terapias visando à reorientação sexual, ainda que a livre
pedido do paciente. A medida foi resultado de intensa pressão dos movimentos de
afirmação gay e atingiu em cheio os profissionais cristãos. "Fui
perseguida porque apoiava na igreja e em meu consultório as pessoas que
voluntariamente desejavam deixar a atração pelo mesmo sexo, mas, principalmente
por ser evangélica", protesta a psicóloga Rozangela Justino. "Hoje,
não posso mais exercer minha profissão devidos às ameaças dos grupos gays, com
o advento da Resolução 01/99 do CFP. A terapeuta esteve no centro das
discussões em 2009, quando chegou a ter o registro profissional cassado. Até
hoje, sua situação não foi resolvida. "Ainda estou respondendo a novos
processos junto ao CRP-RJ e entrei na Justiça contra a decisão do CFP. Mas meu
processo ainda não foi julgado pelos desembargadores, em Brasília". Em sua
opinião, a lei da mordaça imposta a ela não foi simplesmente uma divergência de
natureza normativa. "Os conselhos profissionais vem sendo aparelhados por
ativistas da teoria da desconstrução social", critica. Lembrando que a
aparente aceitação social do estilo de vida gay não anula o fato de que "a
maioria do povo brasileiro tolera, mas não o considera natural", Rozangela
denuncia uma mobilização pró-gays que visa a atingir, sobretudo, as crianças e
adolescentes. Não há como esquecer do famigerado kit-gay, conjunto de materiais
pedagógicos na forma de histórias em quadrinhos e outros veículos, elaborados
pelo governo federal em 2010 como parte do programa de prevenção a doenças
sexualmente transmissíveis, como a Aids. Acontece que o conteúdo fazia uma
apologia quase explícita da beleza da homossexualidade. Torpedeado por setores
religiosos das bancadas governistas no Congresso, o material teve sua
distribuição suspensa pelo governo, de olho na eleição da presidente Dilma
Rousseff, naquele ano. Agora em 2013, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
determinou abertura de procedimento administrativo para identificar
responsáveis pelo envio do material a escolas de 13 estados do Norte e
Nordeste. "Há um constante debate no meio acadêmico, que já chegou ao
Congresso Nacional, para que as crianças sejam liberadas para a vida sexual.
Infelizmente, no Parlamento brasileiro, há vários defensores da liberação
sexual infantil. Inclusive, aprovaram o 9º Seminário LGBTT para apoiar os
'direitos sexuais das crianças", revela Rozangela. Como teve de parar de
trabalhar como psicóloga devido a ameaças, inclusive, contra sua integridade
física – "Já denunciei à polícia, mas nenhuma providência foi tomada pelas
autoridades", reclama –, a terapeuta, que é membro da Igreja Batista Lírio
do Vale, milita agora na Associação de Apoio ao Ser Humano e à Família
(Abraceh). Um dos focos da organização é a atuação política, em Brasília. Agora
em maio, o movimento conquistou uma vitória: voltou à pauta o Projeto de
Decreto Legislativo 234/2011, do deputado federal João Campos (PSDB-GO), que já
presidiu a Frente Parlamentar Evangélica. Entre outros pontos, o dispositivo
permite que psicoterapeutas tratem de distúrbios psicológicos motivados pela
orientação sexual, se esta for a demanda do paciente. Apelidado de
"projeto da cura gay", o projeto entrou em discussão na Comissão de
Direitos Humanos e Minorias da Câmara – aquela presidida pelo deputado Marco
Feliciano (PSC-SP). Por motivos óbvios, os deputados pisaram no freio. É que o
presidente da Câmara, Eduardo Alves (PMDB-RN) pediu a Feliciano o adiamento dos
debates. "Já temos movimento demais na Comissão", justificou Alves.
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