RECÉM-NASCIDO MORRE APÓS AVÓ RECUSAR TRANSFUSÃO DE SANGUE
A mulher afirmou que o procedimento médico ia de encontro com sua
crença religiosa; O jornal Diário do Nordeste noticiou na semana passada a
morte de um bebê recém-nascido que não teve a transfusão de sangue autorizada
por sua avó que seria Testemunha de Jeová. O caso aconteceu no setor de
Neonatal do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e os médicos chegaram a acionar o
Ministério Público Estadual (MPE) para que a Justiça pudesse intervir e
permitir que a transfusão acontecesse. Segundo a promotora de Justiça de Defesa
da Infância e Juventude, Antônia Lima, a mãe do bebê, por ser uma adolescente
de 15 anos, não poderia responder pela criança e não conseguiu convencer a avó
a autorizar o procedimento médico. O MPE não conseguiu interferir a tempo e a
criança acabou falecendo. A família não autorizou o HGF a dar informações sobre
a causa da morte para a imprensa dizendo que o caso é delicado. A promotora
acredita que a avó do bebê poderá responder criminalmente pela morte como
homicídio doloso. “Nós entendemos que a avó, ao não permitir que a criança
tomasse sangue assumiu o risco pela morte da criança, então já é um [homicídio]
doloso”, afirma Antônia Lima. A reportagem do Diário do Nordeste foi consultar
o representante da Testemunha de Jeová no Ceará, Ricardo Kataoka, que afirmou
que nem a avó nem a mãe do bebê fazem parte da religião. O religioso deixou
claro que eles defendem a vida. “Jamais queremos que chegue a um óbito.” Para
ele as mulheres são contra a transfusão de sangue por lerem a Bíblia e tirarem
suas próprias conclusões. Em casos como esse, o Conselho Federal de Medicina
(CFM) dá ao médico a liberdade de agir em caso de risco iminente de morte,
podendo até mesmo contrariar a vontade da família e do próprio paciente. Porém,
de acordo com o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremec),
Helvecio Neves Feitosa, os profissionais de saúde ficam com receio e preferem
acionar a Justiça, como foi o caso dos médicos do HGF que resolveram pedir
ajuda ao MPE.
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