CRISTÃOS VIVEM ATORMENTADOS PELO MEDO NO NÍGER OS ATAQUES DEIXARAM 10 MORTOS E MAIS DE 200 FERIDOS NAS CIDADES DE ZINDER E NIAMEY
Uma semana após os ataques, os cristãos no Níger ainda estão
atormentados pelo medo. No último final de semana igrejas foram depredadas,
escolas e restaurantes coordenados por cristãos foram saqueados e queimados. “Nós,
cristãos, estamos sendo caçados. Queimamos tudo que pode indicar que somos
cristão, seja católico ou evangélico”, lamentou uma freira de Zinder, ao sul do
país, onde cinco pessoas foram mortas, 45 feridos e todas as igrejas – exceto
uma – queimadas. O reverendo Boureima Kimso está desolado e questionou “o que
será dos cristãos” que representam menos de 2% da população do Níger, onde 98%
dos habitantes são muçulmanos. Zinder foi a primeira cidade a ser atacada, os
muçulmanos resolveram protestar contra a revista Charlie Hebdo no dia 16 de
janeiro e no dia seguinte, um sábado, foi a vez da capital Niamey ser palco dos
atentados. Em Niamey o cenário de destruição deixou cinco mortos, 173 feridos,
45 igrejas incendiadas, 36 depósitos de bebidas, um orfanato e uma escola
cristã. “Muitos cristãos não têm dormido em casa por medo de ataques”, disse um
cristão dono de uma mecânica. “Vivemos com medo”. Islã tradicional x
extremistas O Níger não apresentava casos de extremismo religioso, apesar da
maioria da população se identificar como muçulmana as crenças conviviam
pacificamente. Seguidores do islã tradicional chegaram a esconder cristãos em
suas casas, como testemunhou uma cristã de Niamey. “Minha irmã, que é
muçulmana, escondeu vinte cristãos em seu lar por dois dias antes de
entregá-los aos cuidados da polícia”, afirma. Em Zinder o clima harmonioso era
o mesmo. “Vivíamos muito bem com os muçulmanos, não havia nenhum problema. Mas
nos últimos anos, a ideologia extremista chegou”, disse um religioso da cidade.
O governo do Níger afirmou que o Boko Haram seria o responsável pelos ataques,
mas além desse grupo terrorista, a proximidade com os grupos jihadistas que
moram no Mali e Líbia, países vizinhos, tem preocupado a população. Com medo,
entre 300 e 400 cristãos fugiram na semana passada para campos militares em
Zinder e quase 140 fugiram da cidade, alguns cruzaram as fronteiras e outros
tentam encontrar refúgio em povoados menores.
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