A POLÍTICA DO CÉU QUE CONSISTE NO "TODO AQUELE QUE" " .. TODO AQUELE QUE NELE CRÊ NÃO PEREÇA..." A MENSAGEM DE DEUS PARA A VIDA ETERNA - MAX LUCADO
O
OBELISCO CONHECIDO COMO AGULHA DE CLEÓPATRA CHAMA A atenção por ser muito
estranho em Londres. Suas gravuras falam de uma era diferente e usam uma
linguagem antiga. Os trabalhadores o construíram há 3.500 anos como um presente
para um faraó egípcio. Mas, em 12 de setembro de 1878, o governo britânico o
plantou no solo inglês e lhe atribuiu a função de velar sobre o rio Tâmisa. F.
W. Boreham estava lá. Tinha 7 anos de idade quando seu pai e sua mãe o levaram
de trem a Londres para presenciar o momento. Ele descreveu a "grande
coluna de granito, com seu emaranhado de hieróglifos".Viu a relíquia ascender
"da posição horizontal para a perpendicular, como um gigante despertando e
ficando em pé depois de seu longo, longo sono". Seu pai explicou o
significado da estrutura: como ela, outrora, guardava o grande templo em
Heliópolis. Os faraós passavam por ela em suas carruagens. Moisés provavelmente
estudou em seus degraus. E agora, sustentada por esfinges de pedra, a Agulha de
Cleópatra ficava em um canal britânico com uma cápsula do tempo enterrada em
sua base. Algum dia, pensaram os oficiais da cidade, quando a Grã-Bretanha
estiver na mesma posição do Egito antigo, escavadores abrirão a caixa e
encontrarão uma parte da Inglaterra vitoriana. Des- cobrirão uma série de
moedas, brinquedos de crianças, um guia da cidade, fotos das doze mulheres mais
lindas da época, uma navalha e um versículo da Bíblia em 215 línguas:
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito,
para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."1
Imagine uma pessoa descobrindo Londres no futuro em meio a pedras e cascalhos.
Ela encontra e lê o versículo. Não fossem três palavras, ela poderia
descartá-lo como se fosse uma velha lenda. Todo aquele que. A expressão todo
aquele que abre o texto de João 3:16 como uma bandeira para todas as
épocas.Todo aquele que estende o tapete de boas-vindas do céu para a
humanidade. Todo aquele que é um convite ao mundo para conhecer Deus. Jesus
poderia facilmente ter limitado o grupo, mudando a expressão todo aquele que
para qualquer que. "Qualquer judeu que crer" ou "Qualquer mulher
que me seguir". Mas ele não usa nada para identificar o sujeito. O pronome
é notavelmente indefinido. Afinal, quem não faz parte do todo aquele que? A
expressão dá fim às barreiras raciais e acaba com as classes sociais. Ignora
limites relacionados ao sexo e transcende tradições antigas. Todo aquele que
deixa claro o seguinte: Deus exporta sua graça para todo o mundo. Para aqueles
que tentam limitá-la, Jesus tem uma expressão: Todo aquele que. Todo aquele que
me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que
está nos céus (Mateus 10:32). E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos,
ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor do meu
nome, receberá cem vezes tanto e herdará a vida eterna (Mateus 19:29). E
digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do
Homem o confessará diante dos anjos de Deus (Lucas 12:8). Todo aquele [... ]
que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora (João 6:37). Porquanto a vontade
daquele que me enviou é esta: que todo aquele que vê o Filho e crê nele tenha a
vida eterna; e eu o ressuscitarei no último Dia (João 6:40). Está escrito nos
profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai
ouviu e aprendeu vem a mim (João 6:45). E todo aquele que vive e crê em mim
nunca morrerá (João 8:34). Todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá
(João 11:26). Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em
mim não permaneça nas trevas (João 12:46). Tito 2:11 nos assegura que "a
graça de Deus se há manifestado... a todos os homens". Paulo afirma que
Jesus Cristo sacrificou- se a si mesmo "para que todos fiquem livres dos
seus pecados" (1 Timóteo 2:6, NTLH). Pedro afirma que "[o Senhor] não
quer que ninguém seja destruído, mas deseja que todos se arrependam dos seus
pecados" (2 Pedro 3:9, NTLH). O evangelho de Deus tem uma política que
consiste em "todo aquele que". Precisamos saber disso. Os
contratempos da vida podem gerar um estado tão triste, a ponto de nos
perguntarmos se Deus ainda nos deseja. Sem dúvida, o mendigo Lázaro fez essa
pergunta para si mesmo. Jesus diz o seguinte sobre Lázaro: Havia um homem rico,
e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e
esplendidamente. Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio
de chagas à porta daquele. E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da
mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas (Lucas 16:19-21).
Os dois homens moram em lados opostos da cidade. O homem rico vive no luxo e
usa as melhores roupas. A linguagem sugere que ele se veste com tecidos que
valem ouro.2 Ele come iguarias exóticas, tem uma casa espaçosa com jardins
ornamentais. É a versão bíblica de um ricaço de Mônaco. Lázaro, por sua vez, é
um sem-teto que dorme na rua. Os cães lambem as feridas que formam crateras em
sua pele. Ele se definha do lado de fora da mansão, esperando as sobras.
Infectado e rejeitado. Sem bens. Sem família. Uma exceção à política de Deus
que consiste no "todo aquele que", certo? Errado. Como em uma peça
teatral, a cortina da morte se fecha no primeiro ato, e o destino eterno é
revelado no segundo. E aconteceu que o mendigo morreu e foi levado pelos anjos
para o seio de Abraão; e morreu também o rico e foi sepultado. E, no Hades,
ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão e Lázaro, no seu
seio (vs. 22-23). Lázaro, há pouco, um pobretão, agora não precisa de nada. O
homem rico, agora pobre, precisa de tudo. Ele perde o luxo, enquanto Lázaro
descobre o colo de Abraão. Os Lázaros ainda enchem nosso planeta.Você talvez
seja um deles. Talvez não esteja mendigando o pão, mas lutando para adquirir
alguma coisa.Talvez não esteja dormindo nas ruas, mas, quem sabe, no chão? Em
seu carro, às vezes? Em um sofá, muitas vezes? Deus tem um lugar para pessoas
em sua situação? De todas as mensagens que esta história transmite, não perca
esta: Deus aceita você seja como for que ele o encontrar. Não é preciso se
purificar ou subir a um lugar alto. Apenas erga os olhos. A política de Deus
que diz "todo aquele que" tem o benefício do "seja como
for". Ela também destaca a expressão "sempre que". Sempre que
você ouve a voz de Deus, ele aceita sua resposta. Enquanto estava limpando meu
carro, encontrei um tíquete de restaurante. Em meio aos papéis, embalagens de
chicletes e lixo, lá estava um tesouro de 50 dólares para gastar em comida.
Ganhei-o em meu aniversário, há mais de um ano, e o perdi. Meu entusiasmo durou
pouco quando vi a data de validade. A promoção estava vencida. Esperei tempo
demais. Mas você não. E para convencê-lo, Jesus contou uma parábola acerca da
graça da décima primeira hora. Descreveu um proprietário de terras que
precisava de ajudantes. Assim como um fazendeiro contrata trabalhadores
migrantes ou um paisagista monta uma equipe de prestadores de serviços, aquele
homem contratou bóias- frias. "Ele combinou com eles o salário de costume,
isto é, uma moeda de prata por dia, e mandou que fossem trabalhar" (Mateus
20:2, NTLH). Alguns foram contratados de madrugada. Outros às 9h. O fazendeiro
chamou alguns outros ao meio-dia.Voltou às 15h para contratar mais. E às 17h,
uma hora antes de encerrar a jornada, ele aparece com mais um caminhão cheio de
lavradores. Aqueles últimos homens devem ter ficado surpresos. Restando uma
hora para acabar o dia de trabalho... esperavam ir para casa de bolsos vazios.
Já estavam contando com a pergunta:"Você trabalhou hoje?" Nenhum
fazendeiro contrata na última hora, não é? Deus faz. Ninguém paga o salário de
um dia para pessoas que trabalham apenas uma hora, ou paga? Deus paga. Leia a
frase-clímax de Jesus: "Eles também receberam uma moeda de prata cada
um" (v. 20). Pessoas que se convertem no leito de morte e pessoas que
levaram uma vida inteira de santidade entram no céu pela mesma porta. Há alguns
anos, levei para a Califórnia uma cópia da política de Deus que diz "todo
aquele que". Queria mostrá-la para meu tio Billy. Ele tinha feito planos
de visitar minha casa, mas um câncer nos ossos os havia frustrado. Meu tio lembrava
muito meu pai: a forma física quadrada como um forno, a pele vermelha como uma
bola de basquete de couro. Eles compartilhavam as mesmas raízes no oeste do
Texas, chegados a um cigarro e à ética de trabalho da classe produtiva. Mas eu
não sabia ao certo se compartilhavam a mesma fé. Por isso, depois de vários
aviões, dois trajetos de ônibus e uma longa viagem em carro alugado, cheguei à
casa de tio Billy e soube que ele voltara para o hospital. Não podia receber
visitas. Ele se sentiu melhor no dia seguinte. Bom o suficiente para ir para
casa. Fui vê-lo. O câncer tinha acabado com a saúde e levado sua força. Seu
corpo estava largado na cadeira reclinável. Ele me reconheceu, embora
sonolento, enquanto eu conversava com sua esposa e amigos. Ele mal abria os
olhos. As pessoas vinham e iam, e comecei a me perguntar se teria a chance de
fazer a pergunta. Finalmente, os convidados foram para a clareira e me deixaram
sozinho com meu tio. Puxei a cadeira para o lado dele, segurei sua mão que
estava com a pele esticada e não desperdicei as palavras. — Bill, você está
preparado para ir para o céu? Seus olhos, pela primeira vez, ficaram
arregalados. Do tamanho de dois pires. Sua cabeça se ergueu. Havia dúvida em
sua resposta: — Acho que estou. — Quer ter certeza? — Ah, sim. Nossa conversa
rápida terminou com uma oração pedindo graça. Nós dois dissemos
"amém", e logo saí. O tio Billy morreu em questão de dias. Será que
ele acordou no céu? Segundo a parábola dos trabalhadores da décima primeira
hora, foi o que aconteceu. Alguns têm dificuldade para aceitar essa idéia. Uma
pessoa que se confessa no último minuto recebe a mesma graça que uma pessoa que
serviu a Deus durante a vida inteira? Não parece justo. Os trabalhadores na
parábola também se queixaram. Por isso, o proprietário das terras (e Deus)
explicou a prerrogativa da posse: "Ou não me é lícito fazer o que quiser
do que é meu?" (v. 15). Peça graça em seu último suspiro, e Deus ouvirá
sua oração. Todo aquele que significa "sempre que". E mais uma coisa:
todo aquele que significa "onde quer que". Onde quer que estiver,
você não estará longe demais para ir para casa. O filho pródigo admitiu que
estava. Ele desprezou a bondade de seu pai e "partiu para uma terra
longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente" (Lucas
15:13). O termo traduzido aqui por desperdiçou é o mesmo verbo grego usado para
descrever a ação de um lavrador que planta sementes. Imagine-o lançando um
punhado de sementes na terra cultivada. Imagine o filho pródigo jogando o
dinheiro do pai nas mãos de mercadores gananciosos: deixando um punhado de
notas em uma boate, um monte de moedas em um bordel. Ele vai de uma aventura a
outra no tapete mágico do dinheiro. E, então, um dia sua carteira fica vazia. O
cartão de crédito é recusado. O maître diz "não", o hotel diz
"adeus" e o menino diz "ai, e agora?". Ele deixa os porcos
que se alimentam na gamela e passa para os porcos que vivem na lama. Encontra
emprego para alimentar os porcos. Não é uma ocupação recomendada para um rapaz
judeu. A fome aperta tanto que ele chega a pensar em comer com os porcos. Mas,
em vez de engolir as vagens, ele engole o orgulho e começa aquela famosa
caminhada para casa, ensaiando um discurso de arrependimento a cada passo.
Acontece que ele não precisava disso. "Viu-o seu pai, e se moveu de íntima
compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou" (v. 20). O
pai estava guardando o lugar do filho. O Pai está guardando o seu também. Se a
mesa do banquete no céu tiver placa para identificar lugares, uma terá o seu nome.
Perdemos muita coisa na vida — equilíbrio, estabilidade e saúde. Perdemos
empregos e chances, e perdemos no amor. Perdemos a juventude com seu vigor,
idealismo e sonhos. Perdemos muita coisa, mas nunca perdemos nosso lugar na
lista do "todo aquele" de Deus. Todo aquele que — é a maravilhosa
expressão de boas-vindas de Deus. Adoro ouvir minha esposa dizer "todo
aquele que". As vezes, detecto meu aroma favorito vindo da cozinha: bolo
de morango. Assim como um perdigueiro segue um rastro, sigo o cheiro até chegar
à assadeira de puro prazer com o bolo que acabou de sair do forno, coberto com
açúcar. Não obstante, aprendi a deixar o garfo parado até Denalyn dar sua
autorização. — E para quem? — pergunto. Ela poderia partir meu coração. "E
para uma festa de aniversário, Max. Não toque nele!" Ou: "E para um
amigo. Fique longe." Ou ela poderia escancarar a porta do prazer.
"Para todo aquele que." E, uma vez que estou habilitado como
"todo aquele que", digo "sim". Espero que você também. Não
para o bolo, mas para Deus. Não há condição que seja tão baixa. Não há hora que
seja tão tarde. Não há lugar que seja tão longe. Seja como for. Sempre que.
Onde quer que. Todo aquele que inclui você... para sempre.
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