APRENDENDO COM OS ERROS DE SANSÃO – PARTE 2 – PASTOR JOSUÉ GONÇALVES É TERAPEUTA FAMILIAR, PASTOR SÊNIOR DO MINISTÉRIO FAMÍLIA DEBAIXO DA GRAÇA - ASSEMBLEIAS DE DEUS EM BRAGANÇA PAULISTA – SP, BACHAREL EM TEOLOGIA, COM ESPECIALIZAÇÃO EM ACONSELHAMENTO PASTORAL E TERAPIA DE CASAIS, EXERCE UM MINISTÉRIO ESPECÍFICO COM FAMÍLIAS DESDE 1990
Sansão,
um homem de Deus, que escolheu andar sozinho “Na ausência de outros, até mesmo
o melhor que temos nos leva a loucura.” Quando lemos Gênesis 2.18, aprendemos
que o próprio Deus reconheceu que a solidão não era a situação ideal para o
homem que Ele criou: Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só;
eu lhe farei uma ajudadora que lhe seja adequada. A solidão é um dos problemas
mais graves nas grandes cidades, para o qual governo nenhum pode ter solução
completa. A solidão pode ser amenizada com encontros promovidos pela igreja ou
por outra religião, por grupos sociais, por eventos promovidos por alguma
instituição como as prefeituras, mas a noite, quando a pessoa se recolhe e fica
só, é a hora que a solidão lança seus ataques mais severos contra o coração. A
solidão não apenas adoece uma pessoa, mas ela em si já é o sintoma do processo
de adoecimento. Quando uma pessoa se dá conta de que está só, ela está
constatando que anteriormente não investiu em relacionamentos saudáveis e
duradouros. O resultado aparecerá quando o tempo de construir pontes passar. Eu
quero fazer uma paráfrase do texto de Gênesis e dizer que “não é bom que o
Pastor, que o Líder, que o Presidente, que o Evangelista ou que o Diácono
estejam só”. Lendo a história de Sansão notamos que em nenhum momento o vemos
acompanhado de amigos. Nem mesmo seus pais, sua família, aparecem próximos a
ele. Ele é um homem só. O líder de um povo numeroso como os judeus, que eram divididos
em doze tribos, ocupando grande parte do atual território na terra prometida,
não aprofundou amizade, nem laços, nem parceria com ninguém. Sansão vaga no
meio do seu povo sem alguém para acompanhá-lo. Na ausência de pessoas que nos
façam companhia, até mesmo o melhor bem que possuímos – carro, imóveis,
equipamentos – nada pode satisfazer ou substituir a presença de pessoas. A
solidão nos leva à loucura. Se nós olharmos pela perspectiva humana, sem a
necessidade de fazer grandes reflexões teológicas, facilmente veremos que os
dois maiores líderes do Novo Testamento foram Jesus e Paulo. Eles nunca andaram
sozinhos. Lendo Lucas 10.1, um texto bem conhecido, vemos isso claramente e
quero reproduzir o texto para que você observe: Depois disso, o Senhor designou
outros setenta e dois e enviou-os adiante de si, de dois em dois, a todas as
cidades e lugares aonde ele havia de ir. (Lucas 10:1) Lembrem-se: que o
ministério é uma ocupação perigosa, principalmente para o líder solitário.
Obreiros que olham para o lado mais visível do ministério, seguramente farão
uma avaliação superficial e enganosa do que é a vida do obreiro e do líder
cristão. Olhar somente para os homens de Deus quando estão sobre o púlpito em
um grande congresso é fechar os olhos para os ambientes onde ele passa a maior
parte do seu tempo e onde gasta as suas energias. A casa do pastor é o lugar
onde ele é amado e respeitado, mas onde também é exposto aos problemas que todo
homem enfrenta, com esposa e com os seus filhos. E sabe qual é o território
mais perigoso para um pastor em crise conjugal? O seu próprio gabinete. É
melhor haver dois do que um, porque duas pessoas trabalhando juntas podem
ganhar muito mais. O resultado do trabalho de duas pessoas é maior que o que
alcança o solitário. E o próximo versículo diz: Pois, se um cair, o outro
levantará seu companheiro. Mas pobre do que estiver só e cair, pois não haverá
outro que o levante. (Eclesiastes 4:10) “Se um cair…”.Observe como o texto é
honesto e claro: se uma das duas pessoas cair… Porque nós somos homens de Deus,
e como homens de Deus, estamos expostos a esta possibilidade da queda, que é
real para todos nós – então a outra pessoa ajuda a se levantar. A Bíblia revela
a sabedoria de Deus e Deus, em sua sabedoria, sabe que não é bom para homem
algum estar só, como também não é bom para um líder estar só. Aqueles que
escolhem andar sozinhos e caem, ficam em má situação porque não há ninguém que
os ajude a levantar. Por isso o líder precisa de uma esposa, e a mulher sábia,
a mulher de Deus, precisa de um marido. Dois homens podem resistir melhor a um
ataque que derrotaria um deles se estivesse sozinho; mas o mesmo ataque
facilmente derrubaria e derrotaria aquele que anda só. Um homem sozinho pode
ser vencido, mas dois conseguem defender-se; e o cordão de três dobras não se
rompe tão facilmente. (Eclesiastes 4.12) Como prevenir-se contra a solidão no
ministério? Como a cultura secular no mundo fora da Igreja é uma cultura que
privilegia o individualismo, é “mais ou menos normal” que os cristãos – e em
especial os líderes cristãos – sejam influenciados pelos pensamentos e modelos
que comandam as cabeças das pessoas de fora da Igreja. Assim, qual é o
resultado disso que afeta diretamente os nossos líderes? O pensamento e a
compreensão de autossuficiência. Líderes que se acham autossuficientes não
faltam por aí, e não é diferente com os líderes cristãos. A mentoria tem uma
grande relação com você quando se olha num espelho. Para ver a nossa própria
imagem nós precisamos de luz e do espelho, um espelho “limpo”, se é que você
entende o que estou querendo dizer. É interessante a nossa relação com o
espelho, pois olhamos para ele e o espelho nunca mente. Você não conhece um
espelho que mente. Todos à sua volta podem dizer como você está legal, como você
está com o corpo na medida certa, mas quando você tira a sua roupa e se olha
naquele espelho grande do seu quarto, o espelho grita: “Tá barrigudo! Tá
gordo!”. Ele não mente. Você pode até desmerecer o que o espelho diz, pode até
desprezar, não dar atenção, mas o espelho não mente. Se nós não nos olharmos no
espelho não há como esperar melhoras em nossas vidas. Quando eu vou para a
frente do espelho e olho a minha imagem refletida ali, eu não faço isso para
piorar a minha imagem. Olhamos nossa imagem no espelho para procurar coisas que
precisam ser melhoradas, não para piorar as que estão boas. Se eu olho no
espelho, não é para desorganizar o que está direito, é para organizar o que
precisa ser organizado. Olhar a imagem no espelho é para arrumar o que precisa
ser arrumado e consertar o que precisa ser consertado. Mentoria, portanto, tem
relação com não abrir mão do espelho: alguém que reflita para você a imagem
real, aquilo que você é de fato quando e como os outros o veem. Um dos grandes
problemas que surgem quando alcançamos um nível mais elevado de respeito na
sociedade e na Igreja é que passamos a ser rodeados de bajuladores hipócritas.
Surge de todos os lados gente interesseira que nos elogia, que nos aplaude, mas
que esconde de nós os nossos defeitos. E o perigo maior está em não discernir o
engano e acreditar nas bajulações. Estão faltando pessoas que nos falem a
verdade e a vantagem da mentoria é que ela favorece o olhar mútuo, recíproco:
um pode falar a verdade para o outro. Só a verdade tem o poder de nos levar às
mudanças radicais que são necessárias.
Assim, ore ao Senhor e peça a Ele orientação para que você tenha um
amigo mentor que o aconselhe, um amigo mentor que o confronte e a solidão que o
ameaça, que deixa você vulnerável aos ataques constantes será minimizada.
Sansão não tinha mentor, Sansão escolheu andar e viver só. Era alvo fácil para
o inimigo e por isso foi atingido.
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