MÁRTIRES DO ESTADO ISLÂMICO {EI}: VÍTIMAS OU HERÓIS?
Retornei
faz pouco tempo do Oriente. Desde que cheguei tenho acompanhado perplexa as
atrocidades cometidas contra os Cristãos, outras minorias étnicas e demais
povos árabes. Trabalhando com os refugiados na fronteira Síria-Jordânia era
bastante “comum” ouvir falar dos crimes bárbaros cometidos contra crianças e
demais “inimigos”. Parece que o EI vem seguindo à risca as estratégias mais
tribais e animalescas de guerra. Não interessam prisioneiros ou escravos. Nesse
esquema, os cristãos, suas famílias e estrangeiros, (por exemplo), são troféus
valiosos que devem morrer com requintes de crueldade. É assim que manda a tradição
milenar, de uma época onde a conversão ao Islamismo era feita à base da
“espada”. Na fronteira, o povo está assustado. O mundo está assustado. Mesmo
assim, coube às pequenas nações árabes, a maior investida contra “o exército do
Mal”. Obama (o presidente “poderoso”), parece ainda não entender (não acredito
nisso) que o fato de ter armado e treinado milhares de milicianos (para a
guerra da Síria), só contribuiu para o aumento das ondas de terror. Já o
governo de Bashar, para surpresa de muitos, tem surpreendido o mundo com sua
resistência. Muitos cristãos na Síria ainda hoje, apoiam o governo e encontram
refúgio em cidades controladas pelo mesmo. Aqui no Brasil, a “Igreja”
demonstrou algum interesse pelo assunto, mas sempre de maneira muito distante. Uns
até ensaiaram alguma forma de apoio e reação. Estas atividades, entretanto,
limitaram-se a momentos de oração, reflexão e afins. Alguns líderes e
celebridades Gospel expressaram (em grande parte nas redes sociais) sua revolta
e apoio à Igreja Perseguida. Teve até gente fazendo marketing ministerial em
cima disso. Porém, novamente nada que fosse inspiracional, representativo ou
significativo diante do tamanho de nossa Igreja. Uma vergonha. O resto do
Brasil, alienado com o carnaval, não dá nem conta de resolver seus próprios
problemas, quanto mais se importar com o sofrimento do outro. Talvez exatamente
por isso, o Brasil tem se tornado cada vez mais uma verdadeira joke entre as
nações do mundo. Muito triste. É nesse contexto, contudo, que os mártires do Oriente,
nos deixam a maior lição de que alguém em vida pode receber: a de morrer com
dignidade, com fé e convicção. Para nós, Cristãos, a lição é ainda mais
importante, pois a morte não existe mais, foi vencida na cruz, tornou-se sinal
de glória. São milhares¹ os chamados a serem coparticipantes do sofrimento de
Cristo dessa forma em nossos dias. Outros tantos, durante a história, morreram
desse jeito, sem terem “alcançado” a promessa. Estes são considerados os
verdadeiros “heróis” da fé. Muito diferente do que temos hoje na Cristandade
Brasileira. A Igreja Brasileira de forma geral, não ensina sobre a morte do
justo. Aliás, nem quer ouvir falar de morte, porque isso é coisa de
“derrotado”. Os heróis da fé do nosso meio são os tais apóstolos auto intitulados,
patriarcas do útero profético, construtores de templos salomônicos, pregadores
de carteirinha, conferencistas “internacionais” histéricos (aqueles que
“viajam” de igreja a igreja), cantores, e outros tantos e tantos. Seja como
for, os mártires do Oriente encontraram graça diante de Deus. Foram escolhidos
e chamados para verterem seu próprio sangue. Estão melhor do que os que aqui
ficamos. Não são dignos de pena, nem devem inspirar o ódio. Devem inspirar
mudança de vida e de caráter. Devem inspirar a uma tomada conjunta e consciente
de posição por parte da Igreja. Mas que nada… nossos “representantes” só estão
interessados em politicagem e dinheiro. Se não mexe com isso, não interessa
mais do que uma menção naquele programa da vitória. Deus abençoe a Igreja no
Oriente Médio. Dias mais negros virão, mas dias de muita alegria e colheita hão
de acontecer nas terras do deserto. Selah!
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