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MINISTÉRIO EM DEFESA DA FÉ APOSTÓLICA


PASTOR SERGIO LOURENÇO JUNIOR - REGISTRO CONSELHO DE PASTORES - CPESP - 2419

OS VALDENSES - A IGREJA PRIMITIVA - A HISTÓRIA E A DOUTRINA

Os valdenses formaram o movimento do reino mais significativo da Idade Média. Este movimento começou aproximadamente no ano 1170 na agitada cidade medieval de Lyon, França. Ali vivia um rico comerciante chamado Waldesius.* Ele desfrutava de sua riqueza e lhe encantava poder se mover dentro dos círculos de poder de sua cidade. Waldesius era um bom católico; assistia a missa todas as semanas. *Ou, Valdesius. Seu nome francês foi Waldes (ou Valdés). Alguns livros se referem a ele como Pedro Waldo, mas provavelmente este não era o seu verdadeiro nome. Mas num dia depois da missa, Waldesius encontrou-se com um trovador que cantava uma balada a respeito de um cristão do século IV chamado Alexis. Alexis fora um pagão rico e mimado, filho de um senador romano rico. No entanto, no dia em que Alexis ia se casar, Cristo de súbito abriu caminho em sua vida. Comovido até o mais íntimo do seu ser por causa de seu conversão, Alexis deixou tudo: sua família, suas riquezas e até a sua noiva. Depois de mal levar a roupa que vestia, ele viajou através da Europa até a Síria. Ali passou a maior parte de sua vida orando e jejuando, servindo aos outros e compartilhando o amor de Jesus. Ele suportou pobreza e grandes sofrimentos por causa de Cristo. Anos mais tarde, com uma saúde muito fraca e seu corpo desfigurado, Alexis regressou a Roma. No entanto, a família e os amigos de Alexis não o reconheceram, já que ele lhes parecia simplesmente um mendigo sujo. De maneira que Alexis decidiu manter em segredo a sua identidade. Ele aceitou um emprego servil de seu pai (o qual não o reconheceu), e viveu num quarto pequeno embaixo da escada da casa de sua família. Assim viveu durante dezessete anos, procurando servir aos outros no espírito de Cristo. Quando Alexis morreu, sua família encontrou seu diário entre suas poucas posses, e então se deram conta de quem era ele realmente. Waldesius sentiu-se muito comovido com esta história, a qual provocou em seu interior uma crise espiritual. Sentindo sua consciência perturbada, Waldesius foi a um sacerdote do lugar à procura de conselho. Ali desabafou, e o sacerdote escutou-o atenciosamente. Depois de várias horas de um sincero intercâmbio de opiniões, o sacerdote pegou sua Bíblia e leu a Waldesius o capítulo 19 de Mateus a respeito do jovem rico. “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me” (Mateus 19:21). Aquelas palavras ressoavam nos ouvidos de Waldesius enquanto se dirigia à sua casa. Sua riqueza deixou de ser uma fonte de felicidade para ele. Para melhor dizer, parecia como uma corrente muito pesada em volta do seu pescoço. Num momento de gozo e alegria espiritual, Waldesius decidiu de repente se libertar das pesadas correntes da riqueza. Agora seria um discípulo de Cristo! Desfrutaria dos deleites do tesouro celestial! Primeiramente, Waldesius usou uma parte de suas riquezas para patrocinar a tradução de algumas partes do Novo Testamento para a língua vernácula que se falava em Lyon. Depois, munido das Escrituras, deu o restante de seus bens aos necessitados. “cidadãos e amigos”, dizia Waldesius ao povo de Lyon enquanto lhe doava os seus bens, “eu não estou louco, como vocês podem achar. Só estou me livrando das coisas que me oprimiam. Já que elas me converteram num amante do dinheiro mais do que num amante de Deus. Isto que agora estou fazendo, faço-o por mim e por vocês: por mim, para que se alguma vez voltar a possuir algo, vocês me chamem de tolo; por vocês, a fim de que sejam também guiados a depositar a sua esperança em Deus e não nas riquezas”.1 Waldesius percorreu toda a cidade de Lyon, pregando a todos o evangelho simples do reino. Sua honestidade e seu exemplo de fé tocaram muitas vidas. Cedo um grupo pequeno de crentes com a mesma visão se congregou com ele. Eles se chamaram a si mesmos de os “Pobres de Espírito”. Seu desejo era tomar cada aspecto dos ensinos de Jesus de forma literal e com seriedade. Decidiram provar o gozo do discipulado verdadeiro e intransigente. O reino de Deus tinha chegado a Lyon… e estava alvoroçando a cidade! Waldesius e seus discípulos não tinham nenhum desejo ou visão de fundar uma nova igreja. Na realidade, não tinham desejo nem sequer de desafiar nem atacar a Igreja Católica. Eles simplesmente queriam viver um cristianismo autêntico dentro do aprisco da Igreja Católica e compartilhar sua alegria com os outros. Eles não ensinaram nenhuma doutrina nova, mas simplesmente pregaram a mesma mensagem que Jesus tinha pregado. Embora algumas pessoas ricas e alguns intelectuais se uniram aos “Pobres de Espírito”, a maioria de seus membros provinha da classe pobre. Os Pobres de Espírito facilmente poderiam ter se convertido numa sociedade espiritual dentro da Igreja Católica se não fosse por algumas de suas convicções. Em primeiro lugar, eles não solicitaram a permissão da Igreja para fazerem o que estavam fazendo. Em segundo lugar, não tinham intenção alguma de permanecerem no isolamento monástico. Seu desejo era continuar sendo cidadãos de Lyon, levando sua mensagem às igrejas, às praças públicas e aos mercados. Um dos primeiros discípulos de Waldesius escreveu: “A decisão que tomamos é a seguinte: manter até a morte a fé em Deus e nos sacramentos da Igreja. (…) Decidimos pregar com toda a liberdade, conforme a graça que recebemos da parte de Deus. Isto não deixaremos de fazer por nenhum motivo”.2 Menosprezar as doutrinas da Igreja ou desafiar a sua autoridade não passava na cabeça dos Pobres de Espírito. Na realidade, o que faziam era animar seus ouvintes a freqüentarem à igreja mais fielmente. Como poderia a Igreja se opor ao que estavam fazendo? No entanto, pouco depois, Waldesius e os Pobres de Espírito se deram conta de sua ingenuidade espiritual. A Igreja Católica não era contra o estilo de vida dos Pobres de Espírito. A Igreja julgava que eles simplesmente estavam seguindo o caminho dos “perfeitos”. Era algo bom, mas não necessário. E a Igreja também não era contra suas doutrinas, porque praticamente não tinham nenhuma. No entanto, o arcebispo não estava tranqüilo com o fato de que os Pobres de Espírito, que não tinham preparação em nenhuma universidade e não tinham sido ordenados pela Igreja, estivessem pregando nas ruas. Desde a época de Constantino, a Igreja procurava manter o monopólio das pregações. Como vimos anteriormente, uma das características do híbrido foi sua crença de que só as pessoas autorizadas pela Igreja institucional podiam pregar o evangelho com toda segurança. De maneira que o arcebispo ordenou a Waldesius que se apresentasse perante ele, e depois exigiu que ele e os Pobres em Espírito deixassem de pregar. Repreendendo severamente a Waldesius, o arcebispo disse que a pregação era questão unicamente do clero. Agora estava em jogo a vida espiritual de milhares de pessoas. Waldesius poderia ter feito o papel de bom católico e ter dito: “Sim, Vossa Santidade, seja como o mandardes”. Ele e os Pobres de Espírito poderiam ter continuado vivendo o estilo de vida do reino sob a autoridade da Igreja, e sem dúvida teriam continuado atraindo a novos discípulos. No entanto, Waldesius não estava de acordo em deixar de pregar. Em vez disso, para o abalo total do arcebispo, Waldesius olhou fixamente nos seus olhos e sem temor lhe disse: “Pelo contrário, pregar pertence a todos o que escolhem viver verdadeiramente como os apóstolos de Jesus”.3 Nem precisaria dizer que Waldesius provocou a ira do arcebispo e colocou-se a si mesmo numa posição muito perigosa. Mas ele ainda tinha uma confiança ingênua na Igreja Católica. Naquele tempo estava havendo o Terceiro Concílio de Latrão em Roma. De maneira que Waldesius e alguns dos Pobres de Espírito viajaram a Roma para apresentar seu caso ao Papa em pessoa. O Papa recebeu-os cordialmente e expressou-lhes sua aprovação pela tradução das Escrituras. O Papa inclusive gostou de sua visão. No entanto, disse que qualquer decisão sobre as pregações deveria ser tomada pelo bispo de seu lugar. Um dos delegados no Concílio, chamado Walter Map, decidiu que ele iria averiguar o quanto eram capacitados estes Pobres de Espírito para pregarem para os outros. Map, que era um monge arrogante procedente de Inglaterra, chamou os Pobres de Espírito para se apresentarem diante dele e de um grupo de outros delegados. Então lhes perguntou: — Digam-me, vocês crêem em Deus Pai? — Sim, — responderam os Pobres de Espírito. — E no Filho? — Sim. — E no Espírito Santo? — Sim. — E na Mãe de Cristo? — Sim.4 Ao escutar esta última resposta, os delegados do Concílio não contiveram suas gargalhadas. Waldesius e os outros ficaram desconcertados pois não sabiam que tinham dito algo errado. Diante de um coro de zombaria, os Pobres de Espírito foram despedidos do Concílio. O monge Walter Map relatou: “Esta última resposta provocou gargalhadas de zombaria e eles se retiraram, confundidos. E com razão, porque não tinham a ninguém que os orientasse. E ainda assim estas mesmas pessoas esperam guiar os outros!”5 O que tinham feito de errado? Centenas de anos atrás, o Concílio de Éfeso tinha dado a Maria o título de Mãe “de Deus”. Portanto, ao dizer que criam na “Mãe de Cristo”, demonstravam que não estavam preparados teologicamente. Mas as Escrituras nunca se referem a Maria como a Mãe de Deus, e os Pobres de Espírito eram um povo das Escrituras. A única coisa que conheciam era o evangelho simples do reino… e isso era tudo de que precisavam saber. Quando Waldesius e seus irmões cristões regressaram a Lyon, continuaram pregando publicamente como o tinham feito anteriormente. Inclusive, esforçaram-se por explicar às autoridades da Igreja local que não eram hereges com algum tipo de doutrina nova. Waldesius até aceitou assinar uma declaração de adesão à fé católica que lhe tinha sido apresentada por um representante papal. Na verdade, Waldesius apenas fez uma notação escrita à mão na declaração de fé papal. Sua nota afirmava que seu chamado a uma vida de pobreza veio como um ato de obediência a Jesus Cristo, e não como um ato de “perfeição” em nome da Igreja.6 No entanto, as autoridades da Igreja uma vez mais ordenaram a Waldesius e aos Pobres de Espírito que comparecessem perante eles. E o clero novamente ordenou-lhes firmemente que não pregassem mais. Em resposta a isto, Waldesius citou de cor as palavras de Pedro às autoridades: “Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (Atos 4:19–20).7 Os membros do clero ficaram furiosos e fizeram que as autoridades civis expulsassem permanentemente de Lyon a Waldesius e aos Pobres de Espírito. No entanto, isto não desalentou o zelo destes pregadores do reino nem um pouquinho. Tal como os apóstolos, eles se regozijaram de serem perseguidos no nome de Cristo. Portanto, agora viajavam por todo o sul da França, pregando o evangelho do reino nas ruas e nos mercados. Também escreviam folhetos e organizavam debates públicos. E ainda falavam bem da Igreja Católica.

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