QUEM QUER SER MORDOMO DE DEUS? PASTOR SAMUEL CÂMARA DA ASSEMBLÉIA DE DEUS EM BELÉM - IGREJA-MÃE
Parece estranho alguém vir a pensar em ser “mordomo de Deus”, uma vez que o próprio Deus pode fazer qualquer coisa que quiser, do jeito que bem entender, sem pedir ou precisar do favor ou do apoio de alguém.
Todavia, o apóstolo Pedro se referiu aos servos de Deus como mordomos, indicando que todos são chamados a ser bons despenseiros dos vastos recursos de Deus. Ele diz: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pe 4.10).
O apóstolo Paulo ensina: “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus”. E acrescenta: “Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (1Co 4.1-2). Despenseiro é a pessoa que cuida da despensa, que é o compartimento de casa onde se guardam mantimentos. O despenseiro é um mordomo.
A palavra mordomo (do Latim “majordomu”) quer dizer “o criado maior da casa”, ou seja, o “administrador dos bens de uma casa ou de uma irmandade”; ou ainda, “o despenseiro dos bens de seu senhor”. A palavra mordomia originalmente significa “cargo ou ofício do mordomo”, algo bem distante do seu significado popular atual, que é “bem-estar, conforto, regalia”.
Mas é fácil entender, na prática, o significado de mordomia e mordomo. Por exemplo, quando viajamos pelas rodovias deste imenso País, é comum vermos caminhões enormes, furgões e jamantas trafegando de um lado para ouro, indo e voltando com as cargas mais variadas. Quando estamos com pressa, então, dirigindo nossos veículos menores e mais velozes, é fácil vê-los apenas como uma amolação a nos atrasar a viagem. Nem sempre nos lembramos de que os motoristas desses transportes pesados são um tipo de mordomos, só que a serviço de toda a sociedade.
Esses motoristas reúnem todos os tipos de produtos necessários para pessoas de todos os lugares, e têm apenas um objetivo: entregar as mercadorias. Sem esse tipo de serviço, sem esse tipo de mordomia, enfrentaríamos escassez, desabastecimento e pobreza.
No plano espiritual, o veículo para o recebimento e entrega das “mercadorias de Deus” é uma pessoa cuja vida seja fiel a sua missão de servir ao próximo em nome do Senhor, vivendo uma vida totalmente entregue e dedicada a Ele. E a singularidade desse veículo é determinada pela habilidade (ou dom) particular que o Senhor tenha concedido a cada um dos Seus servos.
Paulo ensina que Deus nos concedeu dons: “Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens”; e ainda, que temos“diferentes dons, segundo a graça que nos é dada” (Ef 4.8; Rm 12.6).
Desse modo, uma vez que dediquemos essa habilidade a Deus para Seu uso e para Sua glória, o objetivo de cada mordomo deve ser o de “entregar as mercadorias” de Deus fielmente. Se deixarmos de fazê-lo, as outras pessoas não serão abençoadas por nossas vidas, mas se tornarão empobrecidas e famintas.
A Igreja é o corpo de Cristo, onde cada membro tem pelo menos uma função definida, pelo menos um dom a compartilhar. Ninguém pode dizer que Deus não lhe deu nenhum dom. Tampouco deve esconder o seu dom (ou talento), como o servo infiel da parábola contada por Jesus. Um homem, antes de se ausentar do país, “chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu. O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco. Do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois. Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles” (Mt 25.14-30). Os dois primeiros foram elogiados e recompensados. Mas o que escondeu o talento foi repreendido e perdeu o pouco que tinha.
Em sua mensagem, Pedro coloca enfaticamente que o uso de nossos dons é um serviço de mão dupla: “servi uns aos outros”. Semelhantemente aos caminhões que vêm e vão cheios de mercadorias. Para Paulo, servir ao próximo, ou levar as cargas uns dos outros, é um modo pleno e incontestável de se cumprir a lei de Cristo (Gl 6.2).
Desse modo, ao descer ou subir nas rodovias e estradas da vida, não se permita enxergar os outros “veículos” de transporte da graça de Deus como uma amolação. Cada um, como mordomo de Deus, tem de fazer fielmente a sua própria “entrega de mercadoria”, pois, do contrário, muitos poderão acabar famintos, inclusive você.
Diante de todos nós fica a seguinte pergunta de Jesus: “Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor confiará os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo?” (Lc 12.42). Em outras palavras: Quem quer ser mordomo de Deus?
E que cada servo do Senhor possa responder: Eis-me aqui!
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