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MINISTÉRIO EM DEFESA DA FÉ APOSTÓLICA


PASTOR SERGIO LOURENÇO JUNIOR - REGISTRO CONSELHO DE PASTORES - CPESP - 2419

FORÇAS DOMINADORAS - A HISTÓRIA DOS HEBREUS – UMA LONGA SÉRIE DE DOMINAÇÕES - A HISTÓRIA DA IGREJA - DUNCAN REILY

A Igreja Cristã surgiu num mundo politicamente dominado por Roma e culturalmente pelo Helenismo. Neste capítulo, vamos tratar brevemente de dois momentos na história: o primeiro dos judeus (o período dos Macabeus), e o segundo dos cristãos (o Império Romano). Vamos tentar perceber um pouco o sentido de dominação e como reage o povo frente a tal dominação. Mas, para uma melhor perspectiva, vamos recordar o que foi a história dos Hebreus desde os primórdios, a saber: uma longa sucessão de dominações e correspondentes libertações. Aliás, um dos temas mais constantes da Bíblia é a libertação do povo hebreu da sua quase escravidão no Egito, na qual Moisés serviu Deus como agente desta libertação. Nenhuma compreensão do Antigo Testamento pode ser considerada adequada sem que se perceba como pano de fundo o surgimento e a queda dos impérios do chamado Crescente Fértil — a área dos rios Tigre e Eufrates. Assim, sucessivamente se levantam Assíria (à qual Israel, o Reinado do Norte, sucumbia em 722 a.C), a Babilônia (que, sob Nabucodonosor, destrói Jerusalém e leva a nata do seu povo ao exílio 597-581), a Pérsia (a qual permite a volta dos exilados e o restabelecimento de sua vida religiosa e política). A Pérsia é então dominada por Alexandre Magno, que estabelece hegemonia desde a Grécia até a índia, naturalmente incluindo a Palestina. Uma política de Alexandre, aluno do filósofo Aristóteles, era a imposição da cultura grega (helênica) nas vastas terras por ele conquistadas, uma prática seguida pelos seus sucessores. Para simplificar, poucos anos depois da morte de Alexandre em Babilônia (323 a.C), seus generais dividiram o império entre si, um deles assumindo controle da Síria (o que incluía os judeus). Agora, para o "primeiro momento" de nossas considerações para hoje, Antíoco IV, da linha dos Selêucidos, passa a ser o Rei da Síria. Muito antes dele, pela lógica da dominação cultural helênica*, a língua e o pensamento grego (especialmente a filosofia) já se faziam sentir em muitos níveis. As Escrituras Sagradas do povo hebraico, escritas em hebraico, já não eram mais inteligíveis aos judeus da diáspora (espalhados pelos diversos cantos do mundo), tornando necessário traduzirem-se para o Grego. Assim surgiu a LXX (a Septuaginta)* traduzida em Alexandria, Egito. Muito mais tarde, na mesma cidade, Filon interpretaria estas mesmas Escrituras à luz da filosofia grega (platônica). A cultura grega, fortemente aprovada pela corte da Síria, ganhou muitos adeptos entre os judeus, especialmente das classes altas, aos quais a cultura grega parecia muito mais desenvolvida que a hebraica. Antíoco IV, chamado Epifânio, tentou em dezembro de 168 a.C. extirpar a cultura judaica e destruir sua religião. Portanto, ele tomou o templo de Jerusalém e ofereceu um porco sobre o altar-mor, ato considerado abominável pelos judeus (cf. Daniel 11.31). No afã de acabar com a religião dos judeus, o Rei Antíoco proibiu, sob pena de morte, a obediência à lei de Moisés, como a guarda do sábado e a circuncisão. Confiscou e queimou as Escrituras. Depois mandou erguer altares a deuses gregos por toda parte, e tornou obrigatória a sua adoração. Havia três níveis de reação a estas novidades: 1) Havia um grupo, principalmente das classes altas, já helenizado*, que, 6 basicamente, aceitou a nova situação e, no processo, abandonou sua antiga fé. 2) Um segundo grupo, os Hasidim ou Piedosos, ofereceram resistência passiva. O melhor comentário sobre a situação deste grupo é o comportamento de Daniel e seus companheiros frente às ordens de Nabucodonosor de adorar uma imagem de ouro. Daniel sempre pratica quietamente sua fé e se arrisca à fornalha e à cova de leões. Seria melhor do que contrariar suas convicções religiosas. 3) Uma terceira alternativa se apresenta quando Matatias, o velho sacerdote (Modin), recusou-se a oferecer o sacrifício exigido e matou um judeu apóstata que quis oferecer sacrifício. O Período dos Macabeus Surge assim o período chamado dos Macabeus, pois Matatias e seus filhos foram forçados à ação de guerrilha. O primeiro filho, Judas, liderou o povo nesta sua luta contra um helenismo imposto. Seu sucesso contra os destacamentos sírios lhe deu o apelido de Macabeu (MAKKABI), o "martelador". Ele e seus seguidores investiram contra Jerusalém, onde, a 25 de dezembro de 165 a.C, ele purificou o Templo e reinstituiu os sacrifícios diários, onde durante os 3 anos anteriores queimavam-se sacrifícios a Zeus, o chefe do panteão grego. A purificação do templo deu ocasião à festa chamada HANUKKAH ou da Dedicação (cf. João 10.22). Ele havia conseguido a liberdade religiosa, mas quis conquistar também a independência política. Morto em batalha, Judas foi sucedido por seu irmão, Jônatas, e este por Simão. Simão conseguiu pela diplomacia (142 a.C.) o que seus irmãos buscavam pelas armas, a independência da sua pátria. Talvez como transição podemos destacar os fariseus. No período dos Macabeus, os fariseus eram vistos com muito bons olhos; eram tidos como um partido do povo, ou seja, essencialmente democráticos. Sua insistência na observação minuciosa da lei era vista como resistência ao inimigo, o governo sírio que quisera forçar o helenismo* e destruir o judaísmo. A guarda do sábado, a recusa de comer porco, a circuncisão do filho ao oitavo dia — tudo isso era rebelião contra a imposição do inimigo. Eram vistos como homens de convicção, de fibra e de caráter a toda prova. Mas, no tempo de Jesus — que é nosso próximo momento o fariseu já projetava uma outra imagem. Ele não era mais visto como do povo e nem amigo do povo. Não era da classe mais alta (esta era reservada aos saduceus), mas sua longa tradição de uma observação meticulosa da lei o havia transformado em um rancoroso desprezador de todos aqueles que não quiseram ou não puderam guardá-la com igual rigor. Os galileus, em geral mais atrasados e muito menos rigorosos na observação da lei, eram objetos de seu desdém (cf. Jo. 1.46). O Império Romano Que projeto tinha Jesus para libertar Israel do jugo romano? Não creio que seja fácil dizer isso com muita clareza. Nós podemos, talvez, responder a uma outra pergunta menor ou pelo menos a um outro nível. O que podemos afirmar com razoável certeza? Creio que podemos afirmar o seguinte: Jesus percebeu sua função como essencialmente profética. Ele iniciou seu ministério no espírito de João Batista, reconhecido por todos como profeta e tido como o precursor do próprio Jesus (Mt 3; Mc 1.1; Lc 3.1-22). Conforme Mateus, Jesus iniciou sua pregação com palavras idênticas às de João Batista (Mt 3.2, 4.17; Mc 1.4, 15). 7 "Arrependei-vos porque está próximo o reino dos Céus". Em Lucas, que diverge de Mateus e Marcos aqui, a nota profética não é menos presente. Não só Jesus se associa a João Batista na sua pregação de arrependimento (cf. 3.2), mas Jesus inaugura sua missão em Nazaré com a mensagem libertadora de Isaías 61.1, 2 (Lc 4.18-19). O povo que escutava a pregação e acompanhava o seu ministério era unânime em ver em Jesus o modelo do profeta João Batista, Elias, Jeremias (Mt 16.14; Mc 8.28; Lc 9.19), cf. o reconhecimento de Jesus como profeta quando da ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7.16), o qual dificilmente poderia deixar de lembrar a ressurreição do filho de Sarepta (Zarefate) por Elias (I Rs. 17.17-24). Há muitas evidências que a Igreja apostólica via Jesus morto e ressurreto como essencialmente um profeta, não raro nos moldes do Servo Sofredor do projeta Isaías do Exílio. Lucas preservou a palavra de Jesus que "não se espera que um profeta morra fora de Jerusalém" (13.33-34). Assim, o Cristo ressurreto abre as Escrituras aos discípulos de Emaús (Lc 24.44-46; Is. 53.1-12 e Lc 24.19). Ou é Filipe que, começando com Is 53.7-8, anunciou Jesus ao Eunuco da Etiópia (At 8.32, 35). Assim, Estevão argumentou no Sinédrio que Jesus seria aquele profeta semelhante a Moisés (At 7.37), certamente não apenas um legislador, mas essencialmente um libertador! Nas passagens e nas afirmações acima, não apenas se tem a certeza de que Jesus aceitou o papel de profeta, mas percebe-se também o tipo de profeta que ele pretendia ser. Seus temas estavam relacionados com o Reino de Deus, de justiça e paz, de libertação e abundância. Jesus deixou claro sua divergência aos conceitos comuns dos seus dias. Seria um reino onde crianças, na sua simplicidade e fraqueza, forneciam o modelo. Onde mulheres tinham tanto lugar como homens. Onde o pobre tem o mesmo direito que o rico (Tg 2.1-9). Onde a riqueza de uns e a miséria de outros é impensável (Lc 16.19-31). Onde há lugar à mesa do banquete do Reino para os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos (Lc 1421). Qual é o preparo para este tipo de Reino que Jesus tinha em mira? A resposta está na mudança de mente e de coração que Jesus exigiu desde o início de seu ministério: "Arrependei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1.15). Se Jesus tinha um projeto para derrubar o Império Romano, isto não é evidente. — Ele não organizou nenhum exército ou guerrilha. — Na noite da sua prisão, seu arsenal de guerra possuía 2 espadas, o que ele considerou adequado (Lc 22.38). — O povo comum, os pobres, o ouviam com prazer (Mc 12.37) e, pelo menos na ocasião da Entrada Triunfal, houve uma manifestação pública que poderia ter sido transformada em um exército popular para tentar assumir poder em Jerusalém (cf. Mc 11.10). Neste momento, tudo indica que Jesus poderia, se quisesse, iniciar uma revolta que, possivelmente, teria libertado Israel do jugo romano. O Evangelho de João diz que, por ocasião da multiplicação dos pães, a multidão quis "arrebatar para o proclamar rei", mas Jesus percebendo isto "retirou-se sozinho para o monte" (Jo 6.15). É o mesmo Evangelho que relata esta palavra de Jesus: "O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui" (Jo 18.36). 8 Porém, há evidência bastante clara que Jesus foi executado pelo poderio romano como revolucionário. Ele foi crucificado, punição comum para revolucionários, e a inscrição rezava "Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus". Antes ele fora atormentado pelos soldados, fazendo uma paródia dele como rei. Por que não tomou este caminho? A resposta não é fácil, mas parece que o projeto dele era outro. Ele traria a redenção para todos, mediante assunção pessoal do papel do servo sofredor. A libertação viria mediante a identificação com este projeto.

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