NO VALE, OS DISCÍPULOS ESTÃO SEM PODER PARA CONFRONTAR OS PODERES DAS TREVAS - AS FACES DA ESPIRITUALIDADE - BACHAREL EM TEOLOGIA NO SEMINÁRIO PRESBITERIANO DO SUL EM CAMPINAS, DOUTORADO EM MINISTÉRIO NO REFORMED THEOLOGICAL SEMINARY, EM JACKSON, MISSISSIPPI, NOS ESTADOS UNIDOS E PASTOR DA PRIMEIRA
Aquele pai aflito expõe seu drama para Jesus: "Roguei aos teus discípulos que o expelis¬sem, mas eles não puderam" (Lucas 9.40). Mateus também registra que os discípulos não puderam curá-lo (Mateus 17.16).
Por que os discípulos estão sem poder? A Bíblia nos dá quatro razões para essa impotên¬cia e fraqueza dos discípulos:
Primeiro, porque há demônios e demônios. Os discípulos perguntaram para Jesus a razão do fracasso na tentativa de expulsar o espírito maligno do menino. Jesus respondeu que aque¬la casta não se expelia senão por meio de oração e jejum (Mateus 17.19, 21). Há demônios mais resistentes que outros. Eles já tinham logrado êxito em outras empreitadas, mas agora fracas¬saram. Eles já haviam expulsado demônios, mas agora não obtiveram sucesso. Na verdade, há hierarquia no reino das trevas. O apóstolo Pau¬lo fala de principados, potestades, dominadores deste mundo tenebroso e forças espirituais do mal. Há uma estratificação de poder no mundo invisível. Há demônios com mais força que ou¬tros. Por isso, os discípulos não conseguiram ex¬pelir a casta de demônios daquele menino.
Em 1993 fui eleito presidente da Comis¬são Nacional de Evangelização da Igreja Presbiteriana do Brasil, no segundo Congresso Nacional de avivamento e evangelização em Vitória, Espírito Santo. Estávamos reunidos no templo da Igreja Assembléia de Deus do Aribiri, município de Vila Velha. O pregador do culto de abertura seria o rev. Jeremias Pereira da Silva. Antes da mensagem, no meio da igreja lotada com mais de três mil pessoas, um homem pos¬sesso soltou um grito pavoroso. As pessoas que estavam próximas levaram-no a uma sala do templo e oraram por ele. No dia seguinte, o pastor Jeremias começou uma série de palestras sobre Batalha Espiritual. No fim da tarde, o dito homem convidou o pastor Jeremias para ir à sua casa visitar a sua esposa. Fomos em quatro pastores. No trajeto, perguntei àquele homem sobre o ocorrido na noite anterior. Ele me fa¬lou, então, do seu envolvimento com o satanismo. Contou que tinha feito um pacto com várias entidades do candomblé, mostran¬do as marcas no seu corpo. Quando chegamos à sua casa, após apresentar-nos a sua esposa, ele deu um salto para dentro da sua varanda e já caiu do outro lado, possesso e muito furioso, dizendo: "Agora, vocês estão no meu terreno. Eu quero ver se vocês têm poder mesmo. Agora vou matar todos vocês". O semblante do homem desfigurou-se. Seus olhos nos fuzilavam com ódio mortal. Ele rangia os dentes, tomado por um acesso de fúria. Partiu para cima de nós, determinado a nos destruir; contudo, Deus co¬locou ao nosso redor um muro de fogo. O pas¬tor Jeremias travou uma batalha espiritual com esse homem possesso durante cerca de uma hora. Era dado momento, ele trouxe para a sala sete garrafas vazias de cerveja e fez um ponto cruza¬do, buscando reforço dos demônios. Depois, cheio de fúria, avançou em nossa direção, arre¬messando as garrafas contra nós, com a inten¬ção de nos matar. A sala ficou coalhada de cacos de vidro. Depois de uma luta titânica, aquele homem foi liberto. Ele estava tão exausto que nem mesmo conseguia ficar de pé. No quintal de sua casa havia um templo satânico, com vá¬rios apetrechos de feitiçaria. A casta que estava naquele homem era uma horda de demônios extremamente resistentes. Nem todo caso de possessão é tão complicado, contudo.
Segundo, os discípulos estavam sem poder porque não oraram. Jesus disse que aquela casta só saía com oração e jejum (Mateus 17.21). Não há poder espiritual sem oração. O poder não vem de dentro do homem, mas do alto, do tro¬no de Deus. Sem oração ficamos vazios, secos e fracos. Púlpito sem oração é púlpito sem poder. Igreja sem oração é igreja sem poder. A fonte do poder não vem dos livros, mas do trono de Deus. C. H. Spurgeon dizia que toda a sua biblioteca nada era diante da sua sala de oração. Quando a igreja se coloca de joelhos, torna-se invencível. O inferno treme ao ver um santo de joelhos. Quando a igreja ora, o céu se move, o inferno treme e coisas maravilhosas acontecem na ter¬ra. Sem oração, agimos na força da carne. Ora¬ção e poder sempre caminham juntos. Não há poder sem oração. Sempre que a igreja dobrou os joelhos para orar, ela foi revestida com po¬der. Sempre que ela é capacitada com poder, tem autoridade para viver, pregar e confrontar vito¬riosamente os demônios.
Terceiro, os discípulos estavam sem poder porque eles não jejuaram. Jesus disse que aquela casta só seria expelida com oração e jejum (Mateus 27.21). O jejum é um tremendo exer¬cício espiritual que nos capacita a enfrentar os grandes embates da vida. Somos capacitados e equipados para realizar a obra de Deus através do jejum. Ele não é meritório. Não tem o propósito de mudar Deus. E um instrumento de auto-humilhação e quebrantamento. Quando jejuamos, estamos dizendo que dependemos totalmente dos recursos de Deus. Quem jejua tem pressa para estabelecer comunhão com Deus. Quem jejua tem mais fome do pão do céu que do pão da terra. Quem jejua busca o revestimento de poder do Espírito e não confia em sua própria força. Quando a igreja pára de jejuar, começa a enfraquecer. Quando ela passa a confiar em si mesma, deixa de usar os recursos de Deus. E sem o poder de Deus agindo em nós e através de nós, colhemos amargas e humilhan¬tes derrotas espirituais como os discípulos na¬quele vale.
Quarto, os discípulos estavam impotentes por causa da pequenez de sua fé. Depois que Jesus libertou o menino do poder dos demônios, os discípulos aproximaram-se dele e perguntaram em particular: "Por que motivo não pudemos nós expulsá-lo? E ele lhes respondeu: Por causa da pequenez da vossa fé" (Mateus 17.19, 20). Os discípulos tinham uma fé debilitada e ra¬quítica. Como não tinham intimidade com Deus e não o conheciam de forma profunda, eram fracos e impotentes para confrontar as forças do mal. A fé não é algo místico e subjetivo. É resultado do nosso conhecimento da verda¬de. A fé vem pelo ouvir a Palavra. O povo que conhece a Deus é forte. Não podemos confiar em quem não conhecemos profundamente. Muitos conhecem a respeito de Deus, mas não conhecem a Deus. Fé não é apenas um assenti¬mento intelectual da verdade. Esse tipo de fé, até os demônios têm (Tiago 2.19). A fé é um conhecimento pessoal, íntimo, relacional, fru¬to da comunhão com Deus. Os discípulos fra-cassaram no confronto com o poder das trevas, porque não estavam vivendo aos pés do Senhor. A pequenez da fé é conseqüência de uma rela-ção fria e distante com Deus. Ninguém pode ter uma grande fé sem estar vivendo na intimi¬dade e na dependência do grande Deus. O pro¬blema não é a presença do diabo, mas a ausên¬cia de Deus.
Os olhos da fé não miram a adversidade das circunstâncias. A fé não se abala ao ser en¬curralada por impossibilidades e ao ser confron¬tada pelas improbabilidades. A fé não se con¬centra na fúria da tempestade. Ela só olha para o Deus dos impossíveis. Não se intimida diante da ameaça dos gigantes: ela olha por sobre os ombros dos gigantes e contempla a vitória que vem do Senhor. O poder para confrontar o maligno e suas hostes não está em nós, mas no poderoso nome de Jesus. Não é, porém, apenas uma questão de proferir o seu nome. Precisa¬mos conhecer a Jesus e confiar em seu nome sem duvidar. Contra o diabo e seus anjos, não podemos usar armas carnais. Precisamos mane¬jar as armas espirituais, que são poderosas em Deus (2 Coríntios 10.3-5). Contra o inimigo precisamos arvorar a bandeira do Senhor na cer¬teza de que ele é vencedor invicto em todas as batalhas. Ele é a nossa inexpugnável armadura.
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