O EVANGELISMO PESSOAL: REJEITANDO A FALSA ADORAÇÃO
Há dois tipos de pessoas no mundo: as que adoram a Deus de forma aceitável, e as que não adoram de forma aceitável. O fato é que, aparte de Cristo – aparte da obra salvífica de Deus na vida do pecador – a adoração aceitável é impossível.
Como a adoração está intrinsecamente ligada à salvação, não é surpresa que o assunto surja no meio da conversa de Cristo com a mulher samaritana junto ao poço. Estamos vendo esse diálogo como um modelo de evangelismo pessoal – na última sessão, vimos como Cristo expôs, de forma direta, e confrontou o pecado dela em João 4:16-18.
A reação de surpresa da mulher leva a conversa ao assunto da adoração.
“Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que tu és profeta. Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.” (Jo 4:19-20)
Nos já falamos sobre as origens do povo samaritano – eles são descendentes dos judeus que se casaram com gentios pagãos depois da invasão assíria. Um dos resultados dessa miscigenação foi a corrupção da sua fé. Eles mantiveram o Pentateuco, mas também adotaram outros ídolos e rituais pagãos, misturando-os com os sistemas sacrificiais e criando uma religião falsa e híbrida. Eles chegaram a construir um altar e um templo alternativos no Monte Gerizim, não muito distante do lugar onde Cristo estava falando com essa mulher.
A pergunta feita pela samaritana é muito simples: ela quer saber qual sistema religioso é o correto. Ela já sabe que Cristo só pode ser um profeta, considerando-se o que Ele sabe a respeito da vida dela. A culpa, que ela tentou evitar por tanto tempo, caiu com toda a força sobre sua cabeça. Jesus a desmascarou e mostrou que ela era pecadora, e ela quer se consertar com Deus. E ela que sabe que, para apaziguar sua culpa, é preciso haver adoração.
Então ela se volta para a única coisa que conhece: a religião externa. A verdade é que todo pecador não arrependido vê a adoração como algo externo. Ele não pode entender nem apreciar a mudança interna que ocorre por causa da salvação, então ele se agarra a cerimônias e rituais impotentes, com o intuito de absolver a culpa dos seus pecados.
A samaritana quer saber qual sistema de obras contém a chave para a sua absolvição. Será a fé samaritana, um híbrido judaico-pagão? Ou o sistema judeu, baseado somente na Lei e nos profetas? Qual templo ela deveria visitar para se reconciliar com Deus? Para onde ela deveria ir e o que ela deveria fazer para encontrar o perdão e a paz?
A resposta de Cristo é monumental, nos dando o ensino mais definitivo, em todos os evangelhos, sobre a teologia da adoração. E ele começa com uma denúncia contra todas as formas externas de adoração.
“Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4:21-24)
O Senhor deixa claro que não é o lugar onde ela adora que importa. O que ela procura não depende de uma cerimônia ou ritual. Ao invés disso, a verdadeira adoração consiste em amar, honrar, obedecer e servir a Deus de coração.
A resposta de Jesus é uma crítica à fé samaritana, ao judaísmo apóstata, e a qualquer sistema de salvação e justiça baseado em obras. Deus nunca esteve interessado em rituais e sacrifícios por eles mesmos – o que mais importava, sempre, era o coração por trás desses atos de adoração. É por isso que Ele criticou a hipocrisia da religião de Israel (Am 5:21-23, Ml 1:6-14). Divorciado da verdadeira fé em Deus, o sistema sacrificial israelita era uma pantomima inútil.
Na Sua morte, Cristo aboliu o sistema sacrificial de uma vez por todas. Quando Ele morreu, Deus rasgou miraculosamente o véu que separava o Santo dos Santos do resto do templo, o que significava o fim do sistema do Antigo Testamento e ratificava a Nova Aliança. Não há mais templos, nem altares, nem sacrifício algum. Em Cristo, qualquer lugar é um santuário e todo crente é um sacerdote. Não precisamos mais de mediadores humanos – temos o Espírito Santo habitando em nós.
Nessa simples conversa, Cristo introduz uma nova era de adoração – uma que não está presa a coisas externas e a símbolos. A verdadeira adoração é resultado do amor a Deus e do conhecimento da Escritura, e pode acontecer em qualquer lugar.
Esse é um ponto vital ao compartilharmos o Evangelho com não crentes. A salvação não tem a ver com orar em um lugar específico, andar por um corredor ou fazer qualquer outro ritual. Tem a ver com curvar-se diante do Senhor em arrependimento e fé, submeter-se à Sua Palavra, e adorá-Lo em espírito e em verdade. Qualquer coisa menos do que isso é uma religião vazia.
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