AS JORNADAS DE ISRAEL - O TABERNÁCULO E A IGREJA - ABRAÃO DE ALMEIDA
De dia numa nuvem e de noite numa coluna de fogo, o Senhor estava com seu povo para assisti-lo em todas as suas necessidades. Assim como "o Senhor ia adiante deles" (Números 13.21), assim também Jesus, ao tirar para fora suas ovelhas, "vai adiante delas" (João 10.4).
a. A passagem pelo mar. Todos os cavalos e carros de Faraó partiram em perseguição aos israelitas e os acharam acampados em Pi-Hairote (Êxodo 14.9). Por que Deus ordenou que o povo acampasse, se corria tanto perigo? Por que Deus não atravessou logo o povo para longe das vistas do inimigo?
Pela mesma razão porque Jesus ainda se demorou dois dias quando soube da doença de seu amigo Lázaro. A demora de Israel trouxe maior glória a Deus e maior vitória a eles próprios. Os egípcios foram derrotados para sempre!
Na travessia do mar Vermelho vemos ainda uma preciosa lição aprendida por Israel. Hebreus 11.29 afirma que eles "pela fé passaram o mar Vermelho". Isso significa que eles não viam o caminho, pois então estariam seguindo por vista e não por fé. O mar abria-se à medida que o povo avançava, passo a passo, numa completa e contínua dependência de Deus.
b. Mara, Elin e Sinai. O calor abrasador do deserto fez com que Israel depressa se esquecesse dos grandes e recentes feitos de Deus. Os cânticos de vitória, de fé e de louvor deram lugar ao medo, à dúvida e à murmuração: "Que havemos de beber?" A Igreja militante, que atravessa os desertos pecaminosos des¬te mundo, pode estar certa de que o mesmo Deus de Israel, que tornou doces as águas amargas de Mara (Êxodo 15.23-27), conti¬nua dulcificando as amarguras da sua peregrinação por meio daquele madeiro verde (Lucas 23.31), uma vez lançado às águas da morte.
A jornada entre Elin e o Sinai tem sido considerada uma das mais importantes na história de Israel, pelo fato desse povo ter deixado as águas refrescantes do ministério da graça de Deus em Elin (Êxodo 15.27), onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras (compare com Lucas 9.1; 10.1), para sujeitar-se à lei das obras no Sinai.
Nessa caminhada Deus providenciou para seu povo o maná, a carne e a água. A Igreja, como o Israel de Deus na dispensação da graça, desfruta do verdadeiro Maná do céu (João 6.51), alimenta-se da "carne" do Filho do homem (João 6.53-56) e bebe água pura da Rocha ferida (João 7.37).
Constitui especial advertência para nós o fato de Israel não ter sabido apreciar o paladar do pão celestial. Nas suas murmurações eles ofenderam a graça divina, dizendo: "Nossa alma tem fastio deste pão tão vil" (Números 21.5). Seus corações incrédulos e endurecidos estavam ainda nas panelas de carne do Egito (Êxodo 16.3; Atos 7.39).
c. Do Sinai ao Jordão. A partir do Sinai, todas as jornadas de Israel seriam controladas por trombetas de prata sob os cui¬dados dos sacerdotes (Números 10.1-10). Estes, ao notarem o movimento da nuvem, executariam o toque apropriado, ao qual cada israelita deveria estar atento. Recusar-se a avançar com o toque de avançar seria ficar nas trevas, e avançar sem o to¬que de avançar seria o mesmo que andar nas trevas. O cami¬nho da obediência, para Israel, se relacionava unicamente com a nuvem.
O mesmo ocorre hoje. Se alguém não obedece a Cristo, a Luz do mundo, se não ouve a sua voz e o segue, ainda permanece nas trevas (João 8.12; 1 Coríntios 10.1; 1 João 1.6).
O fracasso de Israel em Cades (Números 13.25-33) pode ser explicado com uma só palavra: incredulidade. Cedo o povo esqueceu-se da fidelidade divina em prover todas as coisas, inclusive vitória sobre os mais poderosos inimigos.
A Igreja sofre hoje as mesmas tentações e manifesta as mesmas fraquezas dos israelitas do passado. Inúmeros povos estão ainda por ser evangelizados exatamente porque os cristãos têm medo de inimigos que consideram gigantes, como as fortes tradi¬ções católicas, muçulmanas, budistas etc, ou ideologias políticas hostis ao Evangelho, como o comunismo. A Igreja precisa ser valente como Josué e Calebe, não acovardar-se como os outros espias.
Se a incredulidade é própria do homem natural, a fé é uma virtude do homem espiritual. Israel rebelou-se por estar na carne, e não no Espírito. A carne não pode herdar o reino de Deus, e por isso os incrédulos caíram no deserto durante quarenta anos (Números 14.21-23).
Somente depois de caírem no deserto todos os incrédulos (Números 26.64,65), Moisés faz nova contagem do povo que vai possuir a terra. Dos 600 mil guerreiros, somente os dois homens de fé, Josué e Calebe, ficam para receber o galardão da fé.
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