O LIVRO QUE DIVIDIU A HISTÓRIA DA TEOLOGIA BRASILEIRA CONHEÇA A HISTÓRIA DE “BÊNÇÃO E MALDIÇÃO”, LIVRO ESCRITO PELO PASTOR JORGE LINHARES. ELE JÁ FOI TRADUZIDO PARA O JAPONÊS, ESPANHOL, INGLÊS, FRANCÊS E ITALIANO, E JÁ VENDEU MAIS DE 6 MILHÕES DE EXEMPLARES
Muitas pessoas não sabem, mas o pastor Jorge Linhares é um dos maiores escritores do Brasil. Sua vasta obra já ultrapassa 200 títulos e a vendagem desses livros assusta. O pastor Linhares é formado em História, Psicanálise e Teologia, e pós-graduado em Gestão de Empresas. É casado com Glenda Linhares, com quem tem 3 filhos e 4 netos. Desde 1982, é pastor presidente da Igreja Batista Getsêmani, além de presidir o CPEMG (Conselho de Pastores do Estado de Minas Gerais). Curiosamente, seu mais conhecido livro, que ultrapassou a marca de 6 milhões de exemplares vendidos, é seu primeiro livro: “Bênção e Maldição”, lançado pela Editora Betânia. Hoje, o livro é impresso e distribuído pela Editora Getsêmani. Em entrevista exclusiva ao Get News, o pastor Jorge Linhares fala sobre o livro Bênção e Maldição.
Get News – O livro Bênção e Maldição é um dos seus mais famosos livros. Ele foi o primeiro que o senhor escreveu? Quantas cópias já vendeu até hoje?
Pr. Jorge – Sim, foi o primeiro livro que escrevi. Bênção e Maldição foi editado, inicialmente, pela Editora Betânia. Segundo cálculos, a vendagem já ultrapassou 6 milhões de exemplares. E mesmo com mais de 30 anos de lançamento, o livro continua vendendo cerca de 10 mil exemplares por ano.
Get News – Como surgiu a inspiração para escrevê-lo, já que, em 1983, falar em bênção e maldição era tabu?
Pr. Jorge – Ele é fruto de uma pregação que eu já fazia e da minha tese do seminário. Dizem alguns teólogos da linha pentecostal e tradicional que a igreja está dividida em duas épocas: uma antes e outra depois do lançamento do livro Bênção e Maldição. Isso porque os crentes começaram a se preocupar com as palavras que proferiam e com os nomes que davam aos filhos. Quando observei que de uma mesma boca estava jorrando bênção e maldição, eu criei a tese a respeito do poder das palavras, que defendi no seminário.
Get News – Como foi a repercussão da chegada do livro ao mercado brasileiro?
Pr. Jorge – Nessa época, eu possuía a tese e as pregações encima dela. Em cada lugar que eu ministrava, as pessoas vinham chorando me confidenciar a respeito de palavras que receberam quando crianças e que diziam aos seus filhos, de palavras que diziam a si próprios e a respeito dos seus negócios e das palavras que diziam sobre o Brasil. Eram pessoas quebrantadas que confirmavam o que eu estava pregando. Quando o pastor George Foster, diretor da Editora Betânia à época, ouviu uma dessas minhas palestras, ele quis publicar um livro, pois não havia nada nessa linha no mercado. A editora começou com uma tiragem de 10 mil livros, que se esgotou em menos de um mês. Surpreendeu o mercado editorial. Daí em diante, passei a ser chamado para ministrar por todo o Brasil.
Get News – Esse livro já foi traduzido para outras línguas?
Pr. Jorge – Oficialmente, ele já foi traduzido para o japonês, espanhol, inglês, francês e italiano. Extraoficialmente, eu já soube de cópias em ucraniano, russo e em linguagem cigana. Com vendagem tão alta, já perdemos o controle disso. Quando o livro não existe em determinada língua, alguém sempre faz uma tradução.
Get News – Depois de tantos anos, o senhor continua pensando sobre o assunto da mesma forma? As palavras realmente constroem ou destroem as pessoas?
Pr. Jorge – Atualmente, eu tenho 230 livros escritos que vão para o mundo todo. Mas, hoje, tenho a consciência de que já passou da hora de escrever o segundo livro Bênção e Maldição. Ele se chamaria: “Vivendo bênção e não maldição”. Agora, 32 anos depois, falo do assunto de uma forma muito mais madura, com muito maior número de testemunhos. Tenho muito mais conhecimento bíblico e também já pesei as críticas construtivas e destrutivas que fizeram a respeito do livro. Então, muito em breve, aguardem o lançamento do segundo livro a respeito de bênção e maldição.
Get News – O Brasil é um país de pessoas que precisam quebrar maldições em suas vidas? Que maldições seriam essas?
Pr. Jorge – Maldição é maldizer. Existem coisas que nós não escolhemos: a família onde nascemos, a cor da pele, o nome que temos, o tipo sanguíneo, etc. Agora, como adulto, posso escolher a bênção ou a maldição, conforme aprendi na Bíblia. Eu é que escolho “como viver”. Isso, porque o que escutei quando não podia decidir, me transformou no que sou hoje, mas o que falarei me transforma no que serei amanhã. O que ouvi foi o meu ontem e até o meu hoje, mas o que falarei pode ser um novo amanhã para mim. Foi por isso que Jesus disse: “As palavras que eu vos digo são espírito e vida” e “O que sai da boca é o que condena o homem”. E o apóstolo Paulo também falou: “Não saia da vossa boca palavra que seja para condenação”, e o Senhor disse que cada um nós prestará conta das palavras que falamos. A Bíblia contém muitas exortações preventivas quanto ao que falamos. Assim como uma vacina, essas exortações bíblicas nos previnem do mal. O livro Bênção e Maldição tem o propósito de lembrar esses preceitos bíblicos.
Get News – Bênção e Maldição é um livro muito criticado por sua teologia. Como o senhor rebate essas críticas?
Pr. Jorge – Quem não me conhece, considera o livro uma heresia. Quem me conhece, logo muda de opinião. Um exemplo é o pastor Enéias Tognini, falecido recentemente, aos 101 anos. Ele, um dos pais da renovação no Brasil, no início, foi um oposicionista ferrenho ao meu livro, julgando ser modismo. Mas eu aprendi a lidar com as críticas, principalmente, porque não escrevi esse livro para ganhar dinheiro ou afrontar ninguém. Anos depois, quando o pastor Enéias me ouviu num congresso em Brasília, ele mudou radicalmente sua opinião, escreveu a respeito do assunto e ainda me pediu para pregar a respeito dele em muitos lugares. Ele percebeu que frases, tais como, “Filho de pastor é problema”, “Nenhum pastor prospera”, “Essa igreja não vai para frente”, “Esse vizinho não se converte” ou “O Brasil é uma droga”, ele mesmo utilizou várias vezes. Aliás, no seu livro de memórias, o pastor Enéias cita meu nome dizendo que sou alguém que Deus chamou para exortar crentes e não crentes.
Get News – Qual a sua opinião a respeito do mercado literário atual?
Pr. Jorge – Eu escrevi livros de todos os tamanhos: 300 páginas, 120, 60, etc. Infelizmente, o brasileiro não tem a cultura de ler. Mas, como meus livros são pequenos, praticamente todo mundo lê e ainda repassa para outras pessoas. Graças a Deus, vendo milhares de livros por mês e não tenho do que me queixar. As redes sociais roubaram muitos leitores de livros impressos, porque as pessoas pensam algo e imediatamente já transformam em mídia e divulgam. Por isso, infelizmente, o conhecimento tem se tornado supérfluo e muito difuso. No Brasil mesmo, a nossa presidente Dilma tem cortado verbas para a educação em vez de cortar gastos desnecessários. Isso porque a ignorância é a arma dos dominadores e o conhecimento é a declaração de que eu me tornarei independente e não serei dominado.
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