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MINISTÉRIO EM DEFESA DA FÉ APOSTÓLICA


PASTOR SERGIO LOURENÇO JUNIOR - REGISTRO CONSELHO DE PASTORES - CPESP - 2419

CALVINISMO COMO UM SISTEMA DE VIDA DEFINIÇÃO DE CONCEITOS - CALVINISMO - ABRAHAM KUYPER

A clareza de apresentação requer que nesta primeira palestra, eu estabeleça a concepção do Calvinismo historicamente. Para evitar equívocos, devemos primeiro saber o que não deveríamos, e o que deveríamos entender por Calvinismo. Partindo, portanto, do uso corrente do termo, vejo que este de modo algum é o mesmo em diferentes países e em diferentes esferas de vida. Calvinismo – Um Nome Sectário O nome calvinista é usado em nossos dias primeiro como um nome sectário. Este não é o caso nos países Protestantes, mas nos Católicos romanos, especialmente na Hungria e na França. Na Hungria, as Igrejas Reformadas têm cerca de dois milhões e meio de membros, e tanto na imprensa romanista como na Judaica daquele país, os membros da Igreja Reformada são constantemente estigmatizados pelo nome não oficial de “calvinistas”, um nome pejorativo aplicado até mesmo àqueles que se despojaram de todos os traços de simpatia com a fé de seus pais. O mesmo fenômeno se manifesta na França, especialmente na região Sul, onde “calvinista” [calviniste] é igualmente, e até mais enfaticamente, um estigma sectário, que não se refere à fé ou confissão da pessoa estigmatizada, mas simplesmente é colocado sobre todos os membros das Igrejas Reformadas, mesmo que ele tenha idéias ateístas. George Thiébaud, conhecido por sua propaganda anti-semita, tem ao mesmo tempo, revivido na França um espírito anticalvinista, e até mesmo no caso Dreyfus, “Judeus e calvinistas” foram acusados por ele como as duas forças antinacionais, prejudiciais ao “espírito gaulês”. Calvinismo – Uma Identificação Confessional Diretamente oposto a este, está o segundo uso da palavra Calvinismo, e eu o chamo de o confessional. Neste sentido, um calvinista é representado exclusivamente como o subscritor sincero do dogma da predestinação. Aqueles que desaprovam esta forte ligação com a doutrina da predestinação cooperam com os polemistas romanistas, visto que chamando você de “calvinista”, eles o descrevem como uma vítima da mesquinhez dogmática; e o que é ainda pior, como sendo perigoso para a verdadeira seriedade da vida moral. Este é um estigma tão visivelmente ofensivo que teólogos como Hodge, os quais com plena convicção foram defensores públicos da Predestinação, e consideravam uma honra ser calvinistas, apesar disso, estavam tão profundamente impressionados com o desfavor vinculado ao “nome calvinista”, que por amor à sua confiante convicção, preferiam falar de Agostinianismo que de Calvinismo. Calvinismo – Uma identificação Denominacional O título denominacional de alguns Batistas e Metodistas indica um terceiro uso do nome calvinista. Ninguém menos que Spurgeon pertenceu à uma classe de Batistas que, na Inglaterra, chamavam-se de “Batistas calvinistas”, e os Metodistas Whitefield , em Gales, até o dia de hoje, mantém o nome de “Metodistas calvinistas”. Assim, aqui também, ele indica de algum modo uma diferença confessional, mas é aplicado como o nome de uma denominação eclesiástica especial. Sem dúvida, esta prática teria sido severamente criticada pelo próprio Calvino. Durante seu tempo de vida nenhuma Igreja Reformada jamais sonhou em dar nome de algum homem à Igreja de Cristo. Os Luteranos têm feito isto, as Igrejas Reformadas nunca. Calvinismo – Um Nome Científico Mas além deste uso sectário, confessional e denominacional do nome “Calvinismo”, ele o serve; além disso, em quarto lugar como um nome científico, quer em um sentido histórico, filosófico ou político. Historicamente, o nome Calvinismo indica o canal pelo qual a Reforma se moveu, até onde ela não foi nem Luterana, nem Anabatista, nem Sociniana. No sentido filosófico, entendemos por Calvinismo aquele sistema de concepções que, sob a influência da mente mestre de Calvino, levantou-se para dominar nas diversas esferas da vida. E como um nome político, o Calvinismo indica aquele movimento político que tem garantido a liberdade das nações em governo constitucional; primeiro na Holanda, então na Inglaterra, e desde o final do último século nos Estados Unidos. No sentido científico, o nome Calvinismo é atualmente usado entre os eruditos alemães. E o fato é que esta não é apenas a opinião daqueles que são simpáticos ao Calvinismo, mas também dos eruditos que abandonaram todo padrão confessional da Cristandade, contudo, atribuem este profundo significado ao Calvinismo. Isto evidencia-se no testemunho mantido por três de nossos melhores homens de ciência, o primeiro dos quais, o dr. Robert Fruin, declara que: “O Calvinismo veio para a Holanda consistindo em um sistema lógico de divindade, em uma ordem eclesiástica democrática própria, impelida por um sentido rigorosamente moral, e entusiasmado tanto pela reforma moral como pela reforma religiosa da humanidade”. Um outro historiador, que foi ainda mais sincero em sua simpatia racionalista, escreve: “O Calvinismo é a mais alta forma de desenvolvimento alcançada pelo princípio religioso e político no século 16”. E uma terceira autoridade reconhece que o Calvinismo libertou a Suíça, a Holanda e a Inglaterra e, por meio dos Pais Peregrinos, promoveu o impulso para a prosperidade dos Estados Unidos. Semelhantemente, Bancroft, entre vocês, reconhece que o Calvinismo “tem uma teoria de ontologia, de ética, de felicidade social e de liberdade humana, derivada totalmente de Deus”. Como o Tema Será Abordado Somente neste último sentido, o estritamente científico, desejo falar a vocês sobre o Calvinismo como tendência geral independente, que de um princípio matrix próprio, tem desenvolvido uma forma independente tanto para nossa vida como para nosso pensamento entre as nações da Europa Ocidental e da América do Norte e, no presente, até mesmo na África do Sul. A Extensão do Campo do Calvinismo O campo do Calvinismo é, de fato, muito mais extenso que a interpretação confessional limitada nos levaria a supor. A aversão a nomear a Igreja com nome de homem deu origem ao fato que, embora na França os Protestantes fossem chamados de “Huguenotes”, na Holanda de “Mendigos” (Beggars), na Grã-Bretanha de “Puritanos” e de “Presbiterianos”, e na América do Norte de “Pais Peregrinos”, todos estes são produtos da Reforma que, em seu continente ou no nosso, sustentaram um tipo especial reformado, eram de origem calvinista. Extensão Geográfica e Denominacional Mas a extensão do campo calvinista não deveria ser limitado a estas revelações mais simples. Ninguém aplica uma regra exclusiva como esta ao Cristianismo. Dentro de seus limites nós incluímos não somente a Europa Ocidental, mas também a Rússia, os Estados dos Balcãs, os Armênios, e até mesmo o império de Menelik na Abissínia. Portanto, é justo que do mesmo modo deveríamos incluir no aprisco calvinista também aquelas Igrejas que tem mais ou menos divergido de sua forma mais pura. Em seus 39 Artigos, a Igreja da Inglaterra é estritamente calvinista, ainda que, em sua hierarquia e liturgia tenha abandonado os caminhos retos, e tenha encontrado as sérias conseqüências deste desvio em puseísmo e ritualismo. A Confissão dos Independentes era igualmente calvinista, apesar que em sua concepção sobre a Igreja a estrutura orgânica foi enfraquecida pelo individualismo. E, se sob a liderança de Wesley, muitos Metodistas tornaram-se opostos à interpretação teológica do Calvinismo, não obstante, é o espírito do Calvinismo em si que criou esta reação espiritual contra a petrificante vida da Igreja de seus dias. Em um certo sentido, portanto, pode ser dito que todo campo que foi coberto pela Reforma, até onde ele não era luterano nem sociniano, foi, a princípio, dominado pelo Calvinismo. Até mesmo os Batistas aplicaram-se em abrigar-se nas tendas dos calvinistas. É o caráter livre do Calvinismo que explica o aumento destes vários tons e diferenças, e das reações contra seus excessos.

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