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MINISTÉRIO EM DEFESA DA FÉ APOSTÓLICA


PASTOR SERGIO LOURENÇO JUNIOR - REGISTRO CONSELHO DE PASTORES - CPESP - 2419

AULA 1 - “TEOLOGIA” - A DOUTRINA DE DEUS - ESCOLA DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS

“Como sabemos que Deus existe? A resposta pode ser dada em duas partes: primeira, todas as pessoas têm uma intuição íntima de Deus. Segunda, cremos nas provas encontradas nas Escrituras e na natureza”. Todas as pessoas de qualquer lugar têm uma profunda intuição íntima de que Deus existe, de que são criaturas de Deus e de que ele é seu Criador. Paulo diz que mesmo os gentios descrentes tinham “conhecimento de Deus”, mas não o honravam como Deus nem lhe eram gratos (Rm 1.21). Na vida do cristão essa íntima consciência de Deus se torna mais forte e mais distinta. Além da consciência íntima de Deus, que dá claro testemunho do fato de que ele existe, encontramos claras evidências da sua existência nas Escrituras e na natureza. As provas de que Deus existe se encontram, logicamente, disseminadas por toda a Bíblia. De fato, a Bíblia sempre pressupõe que Deus existe. Além das provas encontradas na existência dos seres humanos, há outra excelente evidência na natureza. Quem olha para o céu, de dia ou de noite, vê o sol, a lua e as estrelas, o firmamento e as nuvens, todos declarando continuamente pela sua existência, beleza e grandeza que foi um Criador poderoso e sábio quem os fez e os sustém na sua ordem. As “provas” tradicionais da existência de Deus, arquitetadas por filósofos cristãos (e alguns não cristãos) de várias épocas da história, são de fato tentativas de analisar as evidências, especialmente as evidências da natureza, de modos extremamente cuidadosos e logicamente precisos, a fim de convencer as pessoas de que não é racional rejeitar a idéia de que Deus existe. A maior parte das provas tradicionais da existência de Deus pode ser classificada em quatro tipos importantes de argumento: 1. O argumento cosmológico considera o fato de que toda coisa conhecida do universo tem uma causa. 2. O argumento teleológico é na verdade uma subcategoria do argumento cosmológico. Como o universo parece ter sido planejado com um propósito, deve necessariamente existir um Deus inteligente e determinado que o criou para funcionar assim. 3. O argumento ontológico parte da idéia de Deus, definido como um ser “maior do que qualquer coisa que se possa imaginar”. 4. O argumento moral parte do senso humano do certo e do errado, e da necessidade da imposição da justiça, e raciocina que deve necessariamente existir um Deus que seja a fonte do certo e do errado e que vá algum dia impor a justiça a todas as pessoas. Como todos esses argumentos se baseiam em fatos sobre a criação que realmente são verdadeiros, podemos dizer que todas essas provas (quando cuidadosamente formuladas) são, num sentido objetivo, provas válidas porque avaliam corretamente as evidências e ponderam com acerto, chegando a uma conclusão verdadeira: de fato, o universo realmente tem Deus como causa, realmente dá provas de um planejamento deliberado, Deus realmente existe como ser maior do que qualquer coisa que se possa imaginar e ele realmente nos deu um senso do certo e do errado e um senso de que seu juízo virá algum dia. Mas noutro sentido, se “válido” significa “capaz de conseguir que todos concordem, mesmo aqueles que partem de falsos pressupostos”, então é claro que nenhuma das provas é válida, pois nenhuma delas é capaz de fazer que todos aqueles que as ponderam acabem concordando. Finalmente, é preciso lembrar que neste mundo pecador Deus precisa possibilitar que nos convençamos, senão jamais creríamos nele. Lemos que “o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo” (2Co 4.4). A Cognoscibilidade (Conhecimento) de Deus Se pretendemos conhecer a Deus, antes é necessário que ele se revele a nós. Paulo diz que o que podemos conhecer sobre Deus está claro às pessoas “porque Deus lhes manifestou” (Rm 1.19). Quando falamos do conhecimento pessoal de Deus, que vem pela salvação, essa idéia fica ainda mais explícita. Disse Jesus: “Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11.27). A necessidade de Deus revelar-se a nós também se percebe no fato de que o pecador interpreta erroneamente a revelação de Deus encontrada na natureza. Portanto, precisamos das Escrituras para interpretar corretamente a revelação natural. Por conseguinte, dependemos da ativa comunicação divina nas Escrituras para alcançar verdadeiro conhecimento de Deus. Como Deus é infinito, e nós, finitos e limitados, jamais poderemos compreender plenamente e exaustivamente a Deus. Diz o salmo 145: “Grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado; a sua grandeza é insondável” (Sl 145.3). Jamais seremos capazes de medir ou conhecer plenamente o entendimento de Deus: é imenso demais para que o igualemos ou entendamos. Assim, podemos conhecer algo do amor, do poder, da sabedoria, etc., de Deus. Mas jamais poderemos conhecer completa ou exaustivamente o seu amor. Jamais poderemos conhecer exaustivamente o seu poder. Jamais poderemos conhecer exaustivamente a sua sabedoria, etc. Essa doutrina da incompreensibilidade de Deus tem muita aplicação positiva para nossa vida. Significa que jamais seremos capazes de conhecer “demais” sobre Deus, pois jamais nos faltarão coisas para aprender sobre ele, e assim nunca nos cansaremos de nos deleitar com a descoberta de mais e mais coisas da sua excelência e da grandeza das suas obras. Se desejássemos um dia nos igualar a Deus em conhecimento, ou se desejássemos encontrar prazer no pecado do orgulho intelectual, o fato de que jamais cessaremos de crescer no conhecimento de Deus seria para nós fator desencorajador — poderíamos sentir-nos frustrados pelo fato de Deus se revelar um objeto de estudo que jamais poderemos dominar! Mas se nos deleitamos no fato de que só Deus é Deus, de que ele é sempre infinitamente maior do que nós, de que somos criaturas dele, que lhe devemos culto e adoração, então essa nos será uma idéia bastante encorajadora. Embora não possamos conhecer exaustivamente a Deus, podemos conhecer coisas verdadeiras sobre ele. De fato, tudo o que as Escrituras nos falam sobre Deus é verdadeiro. É verdade dizer que Deus é amor (1Jo 4.8), que Deus é luz (1Jo 1.5), que Deus é espírito (Jo 4.24), que Deus é justo ou reto (Rm 3.26) e assim por diante. Podemos conhecer alguns pensamentos de Deus — até muitos deles — com base na Bíblia, e quando os conhecemos, como Davi, os consideramos “preciosos” (Sl 139.17). Ainda mais significativo é perceber que conhecemos o próprio Deus, e não meramente fatos sobre ele ou atos que ele executa. Aqui Deus diz que a fonte da nossa alegria e da nossa noção de importância deve vir não das nossas capacidades ou posses, mas do fato de conhecê-lo. O fato de conhecermos o próprio Deus é demonstrado ainda pela percepção de que a riqueza da vida cristã envolve um relacionamento pessoal com Deus. Falamos com Deus em oração, e ele fala conosco pela sua Palavra. Temos comunhão com ele na sua presença, entoamos seus louvores e temos consciência de que ele pessoalmente habita no meio de nós e dentro de nós para nos abençoar (Jo 14.23). De fato, pode-se dizer que esse relacionamento pessoal com Deus Pai, com Deus Filho e com Deus Espírito Santo é a maior de todas as bênçãos da vida cristã. O Caráter de Deus: Atributos “Incomunicáveis” A. Introdução ao estudo do Caráter de Deus 1. Classificação dos atributos de Deus. Quando falamos sobre o caráter de Deus, percebemos que não podemos dizer ao mesmo tempo tudo o que a Bíblia nos ensina sobre o caráter dele. Os atributos chamados “incomunicáveis” têm sua melhor definição quando dizemos que são os atributos divinos de que menos participamos. Nenhum dos atributos incomunicáveis de Deus deixa de ter alguma semelhança no caráter dos seres humanos. Vamos usar então as duas categorias de atributos, “incomunicáveis” e “comunicáveis”, com plena consciência porém de que não são classificações absolutamente precisas e de que existe na realidade muita sobreposição entre elas. 2. Os nomes de Deus nas Escrituras. Na Bíblia o nome de uma pessoa é uma descrição do seu caráter. Da mesma forma, os nomes bíblicos de Deus são diversas descrições do seu caráter. Em certo sentido, todas essas expressões do caráter de Deus em termos de coisas encontráveis no universo são “nomes” de Deus, pois nos dizem algo verdadeiro sobre ele. Usando um termo mais técnico, podemos dizer que em tudo o que as Escrituras dizem a respeito de Deus usa-se linguagem antropomórfica — ou seja, linguagem que fala de Deus em termos humanos. Cada descrição de cada um dos atributos divinos deve ser compreendida à luz de tudo o mais que as Escrituras nos dizem sobre Deus. Se não nos lembrarmos disso, inevitavelmente compreenderemos erradamente o caráter de Deus. Existe ainda uma terceira razão para destacar a grande diversidade de descrições de Deus tiradas da experiência humana e do mundo natural. Essa linguagem deve-nos lembrar de que Deus criou o universo para que este revelasse a excelência do caráter divino, ou seja, para que revelasse a glória divina. A compreensão do caráter divino segundo as Escrituras deve abrir nossos olhos e nos permitir interpretar corretamente a criação. É preciso lembrar que, embora tudo o que as Escrituras nos dizem sobre Deus seja verdadeiro, não é exaustivo. Deus tem muitos nomes porque conhecemos muitas descrições verdadeiras do seu caráter com base nas Escrituras; mas Deus não tem nome nenhum, pois jamais poderemos descrever ou compreender a plenitude do seu caráter. 3. Definições equilibradas dos atributos incomunicáveis de Deus. Os atributos incomunicáveis de Deus são talvez os mais fáceis de compreender equivocadamente, talvez porque representam aspectos do caráter divino menos familiares à nossa experiência. A primeira parte define o atributo em discussão, e a segunda procura evitar a compreensão equivocada do atributo, expondo um aspecto de equilíbrio ou contrário associado a esse atributo. A imutabilidade de Deus, por exemplo, é definida assim: “Deus é imutável no seu ser, nas suas perfeições, nos seus propósitos e nas suas promessas; porém, Deus age, e age de modos diversos diante de situações diferentes”. A segunda metade da definição procura evitar a idéia de que imutabilidade significa incapacidade total de ação. Alguns de fato entendem assim a imutabilidade, mas tal compreensão é incompatível com a apresentação bíblica da imutabilidade de Deus. Quais são os atributos incomunicáveis de Deus: 1. Independência. Deus não precisa de nós nem do restante da criação para nada; porém, tanto nós quanto o restante da criação podemos glorificá-lo e dar-lhe alegria. Esse atributo de Deus é às vezes chamado existência autônoma ou aseidade (das palavras latinas a se, que significam “de si mesmo”). Deus é absolutamente independente e auto-suficiente.

AULA 1 - “TEOLOGIA” - A DOUTRINA DE DEUS - (PARTE I)  
AULA 1 - “TEOLOGIA” - A DOUTRINA DE DEUS - (PARTE II)

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