COMO PODEMOS LEVAR A SERIO O ISLAMISMO QUE MATA MILHARES DE PESSOA POR DIA: CERCO A HOTEL EM BURKINA FASO TERMINA COM REFÉNS MORTOS
Militantes ligados à Al-Qaeda atacaram o Splendid Hotel na capital do
país Ouagadougou, além de um café e de outro hotel nas proximidades. Quatro
extremistas foram mortos, dois dos quais seriam mulheres. O fim do cerco ao
Splendid foi anunciado pelo governo após um operação conjunta com militares
franceses. A Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQIM, na sigla em inglês) reivindicou
a autoria do atentado. Segundo o Instituto de Busca por Entidades Terroristas
Internacionais (SITE, na sigla em inglês), o ataque teria sido realizado pelo
grupo al-Murabitoun. A organização islamita é baseada no norte do Mali (deserto
do Saara) e possui combatentes leais ao veterano argelino Mokhtar Belmokhtar. No
mês passado, o grupo anunciou a fusão com a AQIM. Sob forte esquema de
segurança, o presidente de Burkina Faso, Roch Kabore, divulgou o saldo de
mortos e a libertação de 150 reféns em frente ao hotel na manhã deste sábado.
Já o presidente da França, François
Hollande, condenou o que chamou de ataque "odioso" à capital da
ex-colônia francesa. Em novembro do ano passado, um atentado semelhante
realizado pela AQIM a um hotel na capital do Mali, Bamako, deixou 19 mortos. Em
outro desdobramento, dois austríacos, um médico e sua mulher, foram
sequestrados na noite de sexta-feira no norte de Burkina Faso próximo à
fronteira com o Mali, informaram autoridades burquinenses. O ataque ao hotel e
ao café ocorreu no mesmo dia. Testemunhas relatam ter ouvido tiros e explosões.
Os dois locais são frequentados em sua maioria por funcionários da ONU e
estrangeiros. O ministro do Interior, Simon Compaore, disse que dez corpos
foram encontrados na área externa do café. Ele acrescentou que pelo menos 33
reféns ficaram feridos. Entre os que foram libertados está o ministro de
ministro de Serviço Civil, Trabalho e Previdência de Burkina Faso, Clément
Sawadogo. Assim que o fim do cerco ao hotel Splendid foi anunciado, extremistas
invadiram outro hotel nas proximidades. Segundo autoridades, um dos extremistas
foi morto no local. Mais cedo, em entrevista à BBC, o ministro das Comunicações
de Burkina Faso, Rémi Dandjinou, afirmou que entre seis e sete militantes
haviam realizado o atentado contra o Splendid. Segundo Dandjinou, eles se
hospedaram no hotel. Já o ministro do Interior, Simon Campaore, disse que dois
africanos e um árabe estavam entre os militantes mortos. Localizada no oeste da África e de maioria
muçulmana, Burkina Faso tem cerca de 15 milhões de habitantes. Grande parte da
economia do país está ligada à agricultura e à mineração. Em outubro de 2014,
uma revolução popular liderada por jovens derrubou o então presidente, Blaise
Compaoré, que governava o país desde 1987. A revolta foi uma resposta à
tentativa de Campaoré de mudar a constituição, o que lhe permitiria
candidatar-se novamente à presidência. Campaoré fugiu para a Costa do Marfim e
renunciou ao cargo do exílio. Uma república semi-presidencialista foi
instaurada no país, mas em 17 de setembro do ano passado, acabou deposta por um
golpe militar. Dias depois, devido à crescente pressão da União Africana, uma
junta militar aceitou renunciar ao poder e reinstaurar Michel Kafando como
presidente em exercício. "Burkina Faso ainda vive o contexto de
fragilidade política, então acredito que o momento em que o atentado ocorreu é
bastante significativo", afirmou à BBC Cynthia Ohayon, analista da consultoria
International Crisis Group. "O país faz fronteira com o Mali e com o
Níger, e sabemos que há grupos armados presentes ali".
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