O CONTEÚDO DO PENTECOSTE - PENTECOSTE O FOGO QUE NÃO SE APAGA – PASTOR HERNANDES DIAS LOPES
O Pentecoste veio porque uma congregação de 120 pessoas estava unida, coesa, unânime, perseverando na busca do mesmo ideal (At 1.14; 2.1). Havia unidade de propósitos. Hoje há ajuntamento, mas pouca comunhão; há orações, mas pouca concordância; muita coreografia, mas pouco quebrantamento; muito movimento, mas pouca adoração; muita agitação, mas pouco louvor; muita verborragia, mas pouca unção; muitos buscam o derramamento do Espírito, mas ou¬tros puxam para trás.
Quero abordar o conteúdo do Pentecoste sob dois aspectos:
1. Experiência pessoal de enchimento do Espírito Santo
Aqueles discípulos já eram regenerados e salvos. Por três ve¬zes, Jesus deixou isso muito claro (Jo 13.10; 15.3; 17.12). Portanto, eles já possuíam o Espírito Santo, pois, "se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele" (Rm 8.9). Jesus disse a Nicodemos que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus (Jo 3.5). Além disso, Jesus já havia soprado sobre os onze, dizendo-lhes: "Recebei o Espírito Santo" (Jo 20.22). Mas, a despeito de já serem salvos, terem o selo do Espírito e receberem o sopro do Espírito, eles ainda não estavam cheios do Espírito. Uma coisa é ter o Espírito residente; outra é tê-lo presidente. Uma coisa é ser habitado pelo Espírito; outra é ser cheio do Espírito. Você, que tem o Espírito, já está cheio dele? Sua vida é controlada por ele? O fruto do Espírito pode ser visto na sua vida? A unção do Espírito está sobre a sua cabe¬ça? O poder do Espírito está sobre você? Quando você abre os lábios, a Palavra de Deus é verdade na sua boca? Quando o missionário presbiteriano John Hyde estava indo para a índia, recebeu um tele¬grama a bordo do navio. Abriu-o sofregamente. Havia uma pergunta lacônica e perturbadora: "John Hyde, você está cheio do Espírito San¬to?". Ele ficou irritado com a petulância e audácia da pergunta. Amarrotou o telegrama, enfiou-o no bolso e tentou escapar da intri¬gante pergunta. Procurou justificar para si mesmo que a pergunta não tinha razão de ser, visto que ele estava indo para um campo missioná¬rio, abrindo mão de tantas regalias, a fim de embrenhar-se em terras longínquas e obscuras. Todavia, ao entrar em seu aposento, o dedo de Deus o tocou e a pergunta começou a arder em seu coração: "John Hyde, você está cheio do Espírito Santo?". Foi então que ele caiu de joelhos, em lágrimas, e clamou a Deus por um derramamento do Es¬pírito em sua vida. Ele foi profundamente influenciado por esta ora¬ção. Experimentou algo especial da parte de Deus. Ao chegar à índia, em apenas três anos viu mais de mil pessoas rendendo-se a Cristo através do seu ministério.
A experiência do enchimento do Espírito Santo é pessoal (At 2.3,4). O Espírito Santo desce sobre cada um individualmente. Cada um vive a sua própria experiência. Ninguém precisa pedir, como as virgens néscias, azeite emprestado. Todos estão cheios do Espírito!
O Espírito veio em forma de vento para mostrar a soberania, a liberdade e a inescrutabilidade do Espírito. O Espírito, assim como o vento, sopra onde quer, da forma que quer, em quem quer. Ninguém pode cercar ou deter o vento. Ele é misterioso. Ninguém sabe donde ele vem nem para onde vai. Seu curso é livre e soberano. Deus não se submete à agenda dos homens. Ele não se deixa domesticar. Ele não pode ser pres¬sionado. Ele é Deus. Está no trono e faz todas as coisas conforme o con¬selho da sua vontade.
O Espírito veio em forma de línguas de fogo. O fogo ilumina, purifica, aquece e alastra. Jesus veio para lançar fogo sobre a terra. Hoje a igreja, via de regra, está fria. Parece uma geladeira a conservar o seu religiosismo intacto, e não uma fogueira a inflamar os corações. Muitos crentes parecem mais barras de gelo do que brasas vivas.
Benjamim Franklin gostava de ouvir George Whitefield porque po¬dia vê-lo arder diante dos seus olhos. Deus disse ao profeta Jeremias: "Eis que eu converterei em fogo as minhas palavras na tua boca".
Mas a tendência do fogo é apagar. Onde não há combustível, o fogo se apaga. É por isso que, cinco vezes, em Levítico capítulo 6, Deus instruiu a que não se deixe o fogo apagar sobre o altar. Deus acende o fogo, mas nós devemos mantê-lo aceso (II Cr 7.11). O após-tolo Paulo, nessa mesma direção, exorta o seu filho na fé, Timóteo, a reavivar o seu dom (II Tm 1.6). A palavra reavivar refere-se ao uso de foles para fazer com que volte a chamejar o fogo prestes a apagar. O general William Both, fundador do Exército da Salvação, insistia sempre com o seu povo: "A tendência do fogo é apagar-se; vigiem o fogo no altar do seu coração".
Precisamos de uma igreja inflamada. Quando a igreja perde o fogo do Espírito, os pecadores perecem no fogo do inferno. Só uma igreja aquecida pelo fogo de Deus pode arrebatar as pessoas do fogo da condenação.
Não basta arrumar a lenha e a oferta no holocausto. É preciso fogo e, quando o fogo cai, o povo cai de joelhos gritando: só o Senhor é Deus, só o Senhor é Deus. Precisamos da gloriosa experiência de enchimento do Espírito que nos faz arder de amor por Deus. Precisa-mos do enchimento do Espírito para viver de modo digno de Deus, com gratidão, louvor e submissão.
Quando os discípulos ficaram cheios do Espírito, começaram a falar das grandezas de Deus (At 2.4,11). Todos começaram a glorificar a Deus. Não havia espaço para palavras torpes e maliciosas. Aca-baram-se as intrigas. Cessaram as acusações. Toda a visão pessimista acabou. Eles estavam cheios de entusiasmo e vibração, falando das grandezas de Deus. Precisamos de um Pentecoste que tire da igreja toda murmuração, toda palavra e atitude de derrota. Há muitos na igreja que só vêem as coisas através de lentes embaçadas. São pesso¬as que passam o tempo todo reclamando da vida, da família que têm, da igreja que freqüentam. São pessoas que jogam contra o patrimônio, que puxam para baixo, que remam no sentido oposto, que são sempre do contra. Essas pessoas são arautos do caos, profetas do desastre, embaixadores do pessimismo. Precisamos de um Pentecoste que tire a igreja do pântano do desânimo, da cova da murmuração e do calabouço do negativismo. Precisamos abrir a boca para falar das grande¬zas de Deus. Precisamos profetizar as possibilidades infinitas de Deus. Precisamos abençoar as pessoas e engrandecer o nome excelso do Senhor. Precisamos ser um povo mais ousado, mais otimista e mais entusiasmado!
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