O ESTADO DE COISAS NO TEMPO DOS APÓSTOLOS O CAMINHO DE DEUS EM TEMPOS DIFÍCEIS - A. LADRIERRE
O assunto que desejo colocar agora perante o leitor cristão é dos mais importantes. Tudo aquilo que nos rodeia nos adverte de que estamos nos últimos dias e nos tempos difíceis de que nos falam 1 Tm 4:1; 2 Tm 3:1; 2 Pe 3:3 e 1 Jo 2:18. Não falo aqui das dificuldades políticas e sociais. Isso pertence ao mundo. Falo do que diz respeito à "fé que uma vez por todas foi dada aos santos"(Jd 3). E ao cristão importa saber qual é, a respeito das coisas da fé, o caminho de Deus nestes tempos difíceis, a fim de nele andar em obediência e santidade. E evidente que não se pode conhecer esse caminho — a expressão da vontade de Deus — senão pela Sua Palavra, as Sagradas Escrituras, divinamente inspiradas. Suponho, pois, que o amado leitor está plenamente certo de que tem nas Escrituras toda a Palavra de Deus, nada mais do que a Sua Palavra e, que, por isso mesmo, elas lhe são a autoridade máxima, a única que faz regra e à qual todo cristão tem o dever de se submeter.
Todo leitor atento das Escrituras tem de estar profundamente impressionado com o contraste que existe entre a Igreja, tal como apresentada no Novo Testamento, e o estado da cristandade dos nossos dias. É a primeira coisa sobre a qual me deterei e que é necessário fazer sobressair.
Durante a Sua vida na Terra, nosso Senhor Jesus Cristo reuniu à Sua volta um remanescente tirado da nação judaica. Eram Seus discípulos, os que creram nEle e responderam ao Seu chamamento. E deles que o Senhor diz, depois de ter sido rejeitado pelos principais dos judeus: "Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?" E, estendendo a mão para os discípulos, disse: "Eis a minha mãe e meus irmãos; porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai celeste ... este é meu irmão, e irmã, e mãe"(Mt 12:48-50). Jesus não reconhecia em Israel senão aqueles que, unindo-se à Sua pessoa, faziam a vontade de Deus. Em todo o tempo e em todos os lugares, aquilo que caracteriza os que agradam a Deus e formam um remanescente no meio do mal geral é a obediência.
Continuando o relato evangélico, mais à frente, depois da confissão de Pedro ("Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo"), ouvimos o Senhor anunciar aos Seus discípulos este grande feito: "Sobre esta pedra [— sobre a verdade capital que essa confissão encerra —] edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16:18). A Igreja devia substituir Israel. Era algo que ainda estava para vir, que Cristo devia edificar, uma coisa particularmente Sua — a minha Igreja — e que, uma vez estabelecida, estaria garantida contra todos os esforços do inimigo pelo poder vivificante do Filho de Deus. E note-se que é a primeira menção feita nas Sagradas Escrituras acerca da Igreja de Cristo.
Portanto, enquanto Cristo esteve neste mundo, a Igreja não existia. As pedras vivas que deviam formá-la estavam lá, na pessoa de Pedro e dos outros discípulos, mas Cristo não tinha ainda consumado a redenção nem havia mostrado, pela Sua ressurreição, o Seu poder de vida que triunfa da morte e daquele que detinha o poder da morte (Hb 2:14). Ora, era sobre Cristo, "declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos" (Rm 1:4), que a Igreja devia ser fundada. Contudo, outro importante acontecimento devia ocorrer. O Espírito Santo ainda não fora dado (Jo 15:26; 7:39). O Espírito Santo era o poder que havia de reunir as pedras vivas e assentá-las sobre a Rocha, a fim de que o edifício se erguesse.
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