JOHN HUSS E JERÔNIMO DE PRAGA
John Huss (Husinec, 1369 — Constança, 6 de julho de 1415) foi um pensador
e reformador religioso[1] . Ele iniciou um movimento religioso baseado nas
ideias de John Wycliffe. O seus seguidores ficam conhecidos como os Hussitas. A
Igreja Católica não perdoou tais rebeliões e ele foi excomungado em 1410.
Condenado pelo Concílio de Constança, foi queimado vivo e morreu cantando um
cântico [cântico de Davi" Jesus filho de Davi tem misericórdia de mim] Um
precursor do movimento protestante (ver: Reforma Protestante), a sua extensa
obra escrita concedeu-lhe um importante papel na história literária checa.
Também é responsável pela introdução do uso de acentos na língua checa por modo
a fazer corresponder cada som a um símbolo único. Hoje em dia a sua estátua
pode ser encontrada na praça central de Praga, a Praça da Cidade Velha, em
checo Staroměstské náměstí. Sua
infância e estudos: Jan
Hus, também conhecido em português como João Huss, o famoso reformador da
Boémia, nasceu em Husinec (75 km s. s. w. de Praga) possivelmente dia 6 de
julho de 1369, como acreditam, tendo sido queimado vivo em Constança dia 6 de
julho de 1415. O nome Hus é a abreviação do seu lugar de nascimento, feita pelo
próprio, em cerca de 1399; anteriormente era conhecido como Jan Husinecký, ou,
em latim, Johannes de Hussinetz. Seus pais eram checos de poucas posses. Teve
de ganhar a vida cantando e prestando serviços na Igreja. Sentiu-se atraído
pela profissão clerical não tanto por um impulso interior mas pela atração de
uma vida tranquila como clérigo. Estudou em Praga, onde teria estado por volta
dos anos 80. Foi grandemente influenciado por Stanislav ze Znojma, que mais
tarde se tornaria seu amigo íntimo e finalmente um grande inimigo. Como
estudante, Hus não mostrou grande distinção. Nos seus escritos usava
frequentemente citações de John Wycliffe. Era uma personalidade de temperamento
quente. Em 1393 ele fez o Bacharelado em Letras, em 1394 o Bacharelado em
Teologia, e em 1396 O Mestrado. Em 1400 foi ordenado padre, em 1401 tornou-se
reitor da faculdade de Filosofia, e no ano seguinte foi reitor da Universidade
Carlos. Em 1402 foi nomeado também pregador na Igreja de Belém em Praga, onde
pregava em língua checa. Influência
de Wycliffe na Boémia: No
seguimento do casamento da irmã do rei Venceslau, Anne, com Ricardo II de
Inglaterra em 1382, os escritos filosóficos de Wycliffe tornaram-se conhecidos
na Boémia. Como estudante, Huss tinha sido atraído por eles, particularmente
pelo seu realismo filosófico. A sua inclinação para as reformas eclesiásticas
foi despertada pelos escritos teológicos de Wycliffe. O chamado Hussismo das
primeiras décadas do século XV não era mais do que Wyclifismo transplantado
para solo Boémio. Como tal, continuou até à morte de Hus, tornou-se depois
Utraquismo e seguidamente Taboritismo (ver também: Guerras Hussitas).
Os escritos teológicos de John
Wycliffe espalharam-se rapidamente pela Boémia, trazidos em 1402 por Jerônimo
de Praga, renomado bacharel que havia estudado na Universidade de Oxford (onde
Wycliffe lecionara no século XIV) e que, mais tarde, tornou-se amigo e seguidor
de Huss. Tais escritos causaram profunda impressão em Hus. A Universidade
decretou-se contra as novas doutrinas, e em 1403 proibiu uma disputação sobre
45 Teses tiradas em parte de Wycliffe. Sob a tutela do Arcebispo Zbyněk Zajíc
(desde 1403), Hus gozou inicialmente de boa reputação. Em 1405 ele estava
activo como pregador sinodal, mas o bispo foi forçado a depor contra ele devido
aos ataques dele contra o sacerdócio. Hus pregava o Sacerdócio Universal dos
Crentes, no qual qualquer pessoa pode comunicar-se com Deus sem a mediação
sacramental e eclesial. Antes de ser queimado, Hus disse as seguintes palavras
ao carrasco: "Vocês hoje estão queimando um ganso (Hus significa
"ganso" na língua boêmia), mas dentro de um século, encontrar-se-ão com
um cisne. E este cisne vocês não poderão queimar." Costuma-se identificar
Martinho Lutero com esta profecia (que 102 anos depois pregou suas 95 teses em
Wittenberg), e costumeiramente se costuma identificá-lo com um cisne.
O Cisma Papal: O desenvolvimento da situação
na Universidade de Praga dependeu em grande parte da questão do cisma papal . O
rei Venceslau, que estava prestes a assumir o comando do governo, mas que não
dispunha do apoio de Gregório XII, afastou-se dele e ordenou ao seu prelado que
observasse a estrita neutralidade face a ambos os papas, esperando o mesmo da
Universidade. O arcebispo permaneceu fiel a Gregório, e na Universidade foi
apenas a nação Boémia, com Hus como seu porta-voz, que se manisfestou neutra. Irado
com esta atitude, Venceslau, com a instigação de Hus e de outros líderes
checos, emitiu em Kutná Hora um decreto segundo o qual seriam concedidos à
nação boémia três votos em todos os assuntos da Universidade, enquanto que às
nações estrangeiras, principalmente a alemã, teriam apenas um voto. Como
consequência, muitos doutores, mestres e estudantes alemães deixaram a
Universidade em 1409, e a Universidade de Leipzig foi fundada. Desta forma,
Praga tornou-se uma escola checa, tendo os emigrantes espalhado a fama das
doutrinas Boémias para zonas distantes. Jerônimo de Praga (1379 — 30 de maio de
1416) foi o principal discípulo e o mais devotado amigo de Jan Huss, o célebre
reformador religioso tcheco. Formação
acadêmica: Nasceu
em Praga, filho de família de posses. Após tornar-se bacharel na Universidade
de Praga em 1398, no ano seguinte iniciou viagens por boa parte da Europa. Em
1402 visitou a Inglaterra e esteve na Universidade de Oxford, onde estudou e
copiou as obras Dialogus e Trialogus de John Wycliffe e interessou-se pelo
movimento lolardo, inspirado pelo mesmo Wyclif no século anterior. Em 1403 ele
foi a Jerusalem e em 1405 estudou na Universidade de Paris, onde obteve o grau
de Mestre. Em 1406 Jerônimo de Praga obteve o mesmo grau na Universidade de
Colônia e, um pouco depois, na Universidade de Heidelberg, ambas na atual
Alemanha. Defendendo
a Reforma Religiosa: Em
1407 esteve por pouco tempo em Oxford novamente, para voltar novamente a Praga
nos anos seguintes, onde suas posições nacionalistas começavam a provocar
perseguições por parte da Igreja. Em janeiro de 1410, fez pronunciamentos em
favor das filosofias de Wyclif, o que foi citado contra si no Concílio de
Constança, quatro anos mais tarde. Em março de 1410, foi editada uma bula papal
contra os escritos de Wyclif, o que causou a prisão de Jerônimo em Viena e sua
excomunhão da Igreja pelo Bispo de Cracóvia. Conseguindo escapar, voltou a
Praga, passando a defender publicamente as teses de reforma da Igreja pregadas
por Jan Huss, que por sua vez reforçavam muitas das teses de John Wyclif. Em
1413 Jerônimo de Praga visitou as cortes da Polônia e da Lituânia, causando
profunda impressão por seu diferenciado saber e eloqüência. No Concílio de Constança:
Quando Jan Huss viaja para o
Concílio de Constança, em outubro de 1414, Jerônimo lhe assegura que o seguiria
para ajudá-lo, caso fosse necessário, promessa que logo lhe faria chegar a
Constança, em 4 de abril de 1415. Ao contrário de Huss, que obtivera um
salvo-conduto para proteger-se, Jerônimo nada possuía para defender-se, razão
pela qual os amigos insistiam para que voltasse a Praga. Em 20 de abril foi
preso e enviado a Sulzbach, retornando a Constança em 23 de maio para ser
imediatamente processado pelo Concílio. Sua condenação, como a de Huss, já
estava pré-determinada, tanto em conseqüência de seu apoio a muitas das idéias
de Wyclif (embora discordasse de algumas) quanto por sua aberta admiração por
Huss. Assim, não teve a oportunidade de defender-se em um julgamento justo. As
condições de sua prisão eram tão severas que ele ficou seriamente doente, tendo
sido induzido a retratar-se em duas reuniões públicas do Concílio (11 e 23 de
setembro de 1415). As palavras colocadas em sua boca nessas ocasiões fizeram-no
renunciar aos ensinos de Wyclif e Huss. A mesma saúde abalada o fez escrever
cartas ao rei da Boêmia e à Universidade de Praga em que declarava estar convencido
de que era justa a condenação de Huss à morte na fogueira por heresia, o que
havia ocorrido em 6 de julho daquele ano. Nem mesmo essa conduta rendeu sua
libertação, nem mesmo qualquer diminuição da sua pena. Em maio de 1416 Jerônimo
de Praga foi posto novamente em julgamento pelo Concílio. Em 28 de maio, ele
veementemente retratou-se de sua retratação, sendo finalmente condenado por
heresia em 30 de maio e queimado na fogueira ainda no mesmo dia. Legado: Suas extensas viagens, sua
ampla erudição, sua eloquência, sua inteligência e sabedoria fizeram dele um
formidável crítico da degenerada Igreja daqueles tempos, que chegou a possuir
três papas ao mesmo tempo (ver Cisma Papal). Foram essas qualidades que fizeram
repercutir suas profundas críticas à Igreja, contribuindo, mais que qualquer
heresia, para sua condenação à morte. Sua morte ocorreu menos de um ano após a
morte de Huss, contribuindo para inflamar o movimento nacionalista da Boêmia,
que resultou em uma série de movimentos armados conhecidos como guerras
hussitas. Jerônimo de Praga, assim como Jan Huss e John Wyclif, é considerado
precursor da Reforma Protestante que ocorreria no século XVI. Jerônimo morreu
cantando salmos na foqueira.
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