“SOU UM GAY E CONTRA A ADOÇÃO DE CRIANÇAS POR HOMOSSEXUAIS”, DIZ ESCRITOR FRANCÊS ALÉM DELE SER PORTA-VOZ DA ORGANIZAÇÃO QUE DEFENDE O CASAMENTO EXCLUSIVAMENTE HETEROSSEXUAL, PIERRE ESCREVEU UM LIVRO EXPLICANDO POR QUE ELE CONSIDERA INJUSTA A ADOÇÃO GAY
O escritor e documentarista francês Jean Pierre Delaume-Myard é alvo de
críticas da classe LGBT na Europa há alguns anos. O motivo faz com que ele
fique “manchado” por uma “culpa imperdoável”. Além dele ser porta-voz da
organização La Manif pour tous na França (que defende o casamento
exclusivamente heterossexual), Pierre escreveu um livro explicando por que ele,
homossexual, considera injusta a opção do casamento e, sobretudo, da adoção
gay. “As crianças devem ter uma mãe mulher e um pai homem. Qualquer outra opção
é uma discriminação. E digo isso como homossexual.”, afirmou o roteirista em
entrevista para o jornal italiano Avenire. “Gostaria de dizer antes de tudo que
os lobbies gay não representam todos os homossexuais. No debate sobre a
inserção da homogenitorialidade no sistema jurídico italiano, os homossexuais
foram passados para trás. Não foram considerados na sua diversidade
intelectual, espiritual e política, mas reduzidos a uma prática sexual que
implica necessariamente certas exigências, como a união civil e a necessidade
de ter filhos”, exemplifica. Questionado pelo fato dele não concordar com a
classe ativista gay, a entrevista relembra que Pierre foi acusado de homofobia.
“Homossexual e homofóbico. É o cúmulo. E ainda assim é disso que me acusa a
comunidade gay. São os mesmos que dizem que ‘La Manif pour tous’ na França é um
movimento homofóbico. Mas gostaria de dizer que nem na Itália nem na França
sofri a mínima hostilidade por causa de minha orientação sexual”, relatou. O
jornal levanta a questão de que possivelmente o erro seja pensar que da
orientação sexual devem necessariamente derivar escolhas políticas e certo tipo
de empenho social. O escritor responde que tem se levantado como cidadão, antes
de sua orientação. “Eu aceitei ser porta-voz de La Manif pour tous não como
homossexual, porque isso é secundário, mas como cidadão. Isso porque não é a
nossa sexualidade que orienta o nosso pensamento. Aqueles que pensam assim – é
preciso dizer com clareza – são autênticos homofóbicos. É por isso que, ao meu
ver, não é ilógico ser homossexual e defender a família”, pontuou. Criança X
Família: “Toda criança precisa prioritariamente de um pai e de uma mãe para
crescer. Há uma autêntica diferença entre ter dois ‘pais’ ou duas ‘mães’ e ter
pais heterossexuais. A verdadeira paridade encontra a sua única fonte no casal
que gera. Somente ali ela é incontestável. Pretender eliminá-la é negar a
realidade. Todos devemos a vida à paridade homem-mulher”, pontuou. “É verdade
que um casal homossexual pode trazer a uma criança tanta felicidade quanto um
casal heterossexual. Mas não é só isso que conta. Uma criança deve ser capaz de
se identificar com os componentes masculinos e femininos de seus pais. Do ponto
de vista psicológico, uma menina pode entender que dois homens, que não querem
ter uma mulher, possam ao mesmo tempo querer uma menina como filha? O mesmo
para um menino diante de duas mulheres que pretendem se passar por suas mães”,
ressaltou o escritor. Questionado pelo fato dele ser tão firme em considerar
inoportuna a adoção por parte dos homossexuais, Pierre responde que “os filhos
adotivos se interrogam incessantemente sobre os motivos do seu abandono por
parte dos pais biológicos. Acrescente a isso a dificuldade de entender uma
filiação homossexual e tornaremos a sua vida ainda mais árdua – é como
condená-los a uma pena dupla”. Para finalizar, ele explica a importância da
criança ter pais heterossexuais. “A criança adotada por dois homens ou duas
mulheres poderá dispor de educadores, adultos de referência, mas continua
privada de pais. E isso porque os pais do mesmo sexo não podem indicar uma
origem nem sequer simbólica. Ela será, de fato, privada de pais duas vezes:
primeiro com a vida, e ainda uma vez com a possibilidade de um casal gay
adotá-la”.
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