DWIGHT LYMAN MOODY DWIGHT LYMAN MOODY CÉLEBRE GANHADOR DE ALMAS (1837-1899)
Tudo aconteceu durante uma das famosas campanhas de Moody e
Sankey para salvar almas. A noite de uma segunda-feira tinha sido
reservada para um discurso dirigido aos materialistas. Carlos Bradlaugh,
campeão do ceticismo, então no zênite da fama, ordenou que todos os
membros dos clubes que fundara assistissem à reunião. Assim, cerca de
5000 homens, resolvidos a dominar o culto, entraram e ocuparam todos os
bancos.
Moody pregou sobre o texto: " A rocha deles não é como a nossa
Rocha, sendo os nossos próprios inimigos os juizes" (Deuteronômio 32.31).
"Com uma rajada de incidentes pertinentes e comoventes das suas
experiências com pessoas presas ao leito de morte, Moody deixou que os
homens julgassem por si mesmos quem tinha melhor alicerce sobre o qual
deviam basear sua fé e esperança. Sem querer, muitos dos assistentes
tinham lágrimas nos olhos. A grande massa de homens, demonstrando o
mais negro e determinado desafio a Deus estampado nos seus rostos,
encarou o contínuo ataque de Moody aos pontos mais vulneráveis, isto é,
o coração e o lar.
"Ao findar, Moody disse: 'Levantemo-nos para cantar: Oh! vinde
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vós aflitos! e, enquanto o fazemos, os porteiros abram todas as portas para
que possam sair todos os que quiserem. Depois faremos o culto, como de
costume, para aqueles que desejarem aceitar o Salvador.' Uma das pessoas
que assistiu a esse culto, disse: 'Eu esperava que todos saíssem
imediatamente, deixando o prédio vazio. Mas a grande massa de cinco mil
homens se levantou, cantou e assentou-se de novo; nenhum deles deixou
seu assento!'
"Moody, então disse: 'Quero explicar quatro palavras: Recebei, crede,
confiai, aceitai.' Um grande sorriso passou de um a outro em todo aquele
mar de rostos. Depois de falar um pouco sobre a palavra recebei, fez um
apelo: 'Quem quer recebê-lo? É somente dizer: Quero.' Cerca de cinqüenta
dos que estavam em pé e encostados às paredes, responderam: 'Quero',
mas nenhum dos que estavam sentados. Um homem exclamou: 'Eu não
posso', ao que Moody replicou: 'Falou bem e com razão, amigo; foi bom
ter falado. Escute e depois poderá dizer: Eu posso'. Moody então explicou
o sentido da palavra crer e fez o segundo apelo: 'Quem dirá: Quero crer
nele?' De novo alguns dos homens que estavam em pé responderam,
aceitando, mas um dos chefes dirigente dum clube, bradou: 'Eu não
quero!' Moody, vencido pela ternura e compaixão, respondeu com voz
quebrantada: 'Todos os homens que estão aqui esta noite têm de dizer: Eu
quero ou Eu não quero'.
"Então, levou todos a considerarem a história do Filho Pródigo,
dizendo: 'A batalha é sobre o querer - só sobre o querer. Quando o Filho
Pródigo disse: Levantar-me-ei a luta foi ganha, porque alcançara o
domínio sobre a sua própria vontade. É com referência a este ponto que
depende tudo hoje. Senhores, tendes aí em vosso meio o vosso campeão, o
amigo que disse: Eu não quero . Desejo que todos aqui, que acreditam que
esse campeão tem razão levantem-se e sigam o seu exemplo, dizendo: Eu
não quero.' Todos ficaram quietos e houve grande silêncio até que, por fim,
Moody interrompeu, dizendo: 'Graças a Deus! Ninguém diz: Eu não
quero. Agora quem dirá: Eu quero? Instantaneamente parece que o
Espírito Santo tomou conta do grande auditório de inimigos de Jesus
Cristo, e cerca de quinhentos homens puseram-se de pé, as lágrimas rolando
pelas faces e gritando: 'Eu quero! Eu quero!' Clamaram até que todo
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o ambiente se transformou. A batalha foi ganha.
"O culto terminou sem demora, para que se começasse a obra entre
aqueles que estavam desejosos de salvação. Em oito dias, cerca de dois mil
foram transferidos das fileiras do inimigo para o exército do Senhor, pela
rendição da vontade. Os anos que se seguiram provaram a firmeza da
obra, pois os clubes nunca se ergueram. Deus, na sua misericórdia e poder,
os aniquilou por seu Evangelho."
Um total de quinhentas mil preciosas almas ganhas para Cristo, é o
cálculo da colheita que Deus fez por intermédio de seu humilde servo,
Dwight Lyman Moody. R. A. Torrey, que o conheceu intimamente,
considerava-o, com razão, o maior homem do século XIX, isto é, o homem
mais usado por Deus para ganhar almas.
Não é exagero dizer que, hoje em dia, muitas décadas depois de
sua morte, os crentes se referem ao seu nome mais do que a qualquer
outro nome depois dos tempos dos apóstolos.
Que ninguém julgue, contudo, que D. L. Moody era grande em si
mesmo ou que tinha oportunidades que os demais não têm. Seus
antepassados eram apenas lavradores que viveram por sete gerações, ou
duzentos anos, no vale do Connecticut, nos Estados Unidos. Dwight
nasceu a 5 de fevereiro de 1837, de pais pobres, o sexto entre nove filhos.
Quando era ainda pequeno, seu pai faleceu e os credores tomaram conta
do que ficou, deixando a família destituída de tudo, até da lenha para
aquecer a casa em tempo de intenso frio.
Não há história que comova e inspire tanto quanto a daqueles anos
de luta da viúva, mãe de Dwight. Poucos meses depois da morte de seu
marido, nasceram-lhe gêmeos e o filho mais velho tinha apenas doze anos.
O conselho de todos os parentes foi que ela entregasse os filhos para
outros criarem. Mas com invencível coragem e santa dedicação a seus
filhos, ela conseguiu filhos no próprio lar. Guarda-se ainda, como tesouro
precioso, sua Bíblia com as palavras de Jeremias 49.11 sublinhadas: "Deixa
os teus órfãos, eu os conservarei em vida; e confiem em mim tuas viúvas."
- "Pode-se esperar outra coisa a não ser que os filhos ficassem
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ligados à mãe e que crescessem para se tornarem homens e mulheres que
conhecessem o mesmo Deus que ela conhecia?" - Assim se expressou
Dwight, ao lado do ataúde quando ela faleceu com a idade de noventa
anos: -"Se posso conter-me, quero dizer algumas palavras. É grande honra
ser filho de uma mãe como ela. Já viajei muito, mas nunca encontrei
alguém como ela. Ligava a si seus filhos de tal maneira que representava
um grande sacrifício para qualquer deles afastar-se do lar. Durante o primeiro
ano depois que meu pai faleceu, ela adormecia todas as noites
chorando. Contudo, estava sempre alegre e animada na presença dos
filhos. As saudades serviam para chegá-la mais perto de Deus. Muitas
vezes eu me acordava e ela estava orando, às vezes, chorando. Não posso
expressar a metade do que desejo dizer. Aquele rosto, como é querido!
Durante cinqüenta anos não senti gozo maior do que o gozo de voltar a
casa. Quando estava ainda a setenta e cinco quilômetros de distância, já
me sentia tão inquieto e desejoso de chegar que me levantava do assento
para passear pelo carro até o trem chegar à estação... Se chegava depois de
anoitecer, sempre olhava para ver a luz na janela da minha mãe. Senti-me
tão feliz esta vez por chegar a tempo de ela ainda me reconhecer!
Perguntei-lhe: -'Mãe, me conhece?' Ela respondeu: - 'Ora, se eu te conhe-
ço!' Aqui está a sua Bíblia, assim gasta, porque é a Bíblia do lar; tudo que
ela tinha de bom veio deste livro e foi dele que nos ensinou. Se minha mãe
foi uma bênção para o mundo é porque bebia desta fonte. A luz da viúva
brilhou do outeiro durante cinqüenta anos. Que Deus a abençoe, mãe;
ainda a amamos! Adeus, por um pouco, mãe!"
Ao contemplar o êxito de Dwight L. Moody, somos constrangidos
a acrescentar: - Quem pode calcular as possibilidades de um filho criado
num lar onde os pais amam sinceramente ao Pai celestial a ponto de
chamar diariamente todos os filhos para escutarem a sua voz na leitura da
Bíblia e reverentemente clamarem a Ele em oração? Todos os filhos da
viúva Moody assistiam aos cultos nos domingos; levavam merenda para
passar o dia inteiro na igreja. Tinham de ouvir dois prolongados sermões
e, no intervalo, assistir à Escola Dominical. Dwight, depois de trabalhar a
semana inteira, achava que sua mãe exigia demais obrigando-o a assistir
aos sermões, os quais não compreendia. Mas, por fim, chegou a ser
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agradecido a essa boa mãe pela dedicação nesse sentido.
Com a idade de dezessete anos, Moody saiu de casa para trabalhar
na cidade de Boston, onde achou emprego na sapataria de um seu tio.
Continuou a assistir aos cultos, mas ainda não era salvo.
Notai bem, os que vos dedicais à obra de ganhar almas: não foi
num culto que Dwight Moody foi levado ao Salvador. Seu professor da
Escola Dominical, Eduardo Kimball, conta:
"Resolvi falar-lhe acerca de Cristo e de sua alma. Vacilei um pouco
em entrar na sapataria, não queria embaraçar o moço durante as horas de
serviço. Por fim, entrei, resolvido a falar sem mais demora. Achei Moody
nos fundos da loja, embrulhando calçados. Aproximei-me logo dele e,
colocando a mão sobre seu ombro, fiz o que depois parecia-me um apelo
fraco, um convite para aceitar a Cristo. Não me lembro do que eu disse,
nem mesmo Moody podia lembrar-se alguns anos depois. Simplesmente
falei do amor de Cristo para com ele, e o amor que Cristo esperava dele,
de volta. Parecia-me que o moço estava pronto para receber a luz que o
iluminou naquele momento e, lá nos fundos da sapataria, entregou-se a
Cristo."
Na história dos crentes, através dos séculos, não há crente que
fosse, no zelo, menos remisso e, no espírito, mais fervoroso em servir ao
Senhor, desde a conversão até o dia da morte, do que Moody de
Northfield. Quantas vezes depois, o senhor Kimball dava graças a Deus
por não ter sido desobediente à visão celestial; qual teria sido o resultado
se não tivesse falado ao moço naquela manhã na sapataria?!Era costume
das igrejas daquela época, alugarem os assentos. Moody, logo depois da
sua conversão, transbordando de amor para com seu Salvador, pagou
aluguel de um banco, percorrendo as ruas, hotéis e casas de pensão solicitando
homens e meninos para enchê-lo em todos os cultos. Depois alugou
mais um, depois outro, até conseguir encher quatro bancos, todos os
Domingos. Mas isso não era suficiente para satisfazer o amor que sentia
para com os perdidos. Certo domingo visitou uma Escola Dominical em
outra rua. Pediu permissão para ensinar também, uma classe. O dirigente
respondeu: "Há doze professores e dezesseis alunos, porém o senhor pode
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ensinar todos os alunos que conseguir trazer à escola." Foi grande a
surpresa de todos quando Moody, no domingo seguinte, entrou com
dezoito meninos da rua, sem chapéu, descalços e de roupa suja e
esfarrapada, mas, como ele disse: "Todos com uma alma para ser salva."
Continuou a levar cada vez mais alunos à Escola até que, alguns
domingos depois, no prédio não cabiam mais; então resolveu abrir outra
escola em outra parte da cidade. Moody não ensinava, mas arranjava
professores, providenciava o pagamento do aluguel e de outras despesas.
Em poucos meses essa Escola veio a ser a maior da cidade de Chicago.
Não julgando conveniente pagar outros para trabalhar no Domingo,
Moody, cedo, pela manhã, tirava as pipas de cerveja (outros ocupavam o
prédio durante a semana), varria e preparava tudo para o funcionamento
da escola. Depois, então, saía para convidar alunos. Às duas horas,
quando voltava de fazer os convites, achava o prédio repleto de alunos.
Depois de findar a escola, ele visitava os ausentes e convidava
todos para ouvirem a pregação, à noite. No apelo, após o sermão, todos os
interessados eram convidados a ficar para um culto especial, no qual
tratavam individualmente com todos. Moody também participava nessa
colheita de almas.
Antes de findar o ano, 600 alunos, em média, assistiam à Escola
Dominical, divididos em 80 classes. A seguir a assistência subiu a 10000 e,
às vezes, a 1500.
O êxito de Moody na Escola Dominical atraiu a atenção de outros
que se interessavam pelo mesmo trabalho.De vez em quando era
convidado a participar nas grandes convenções das Escolas Dominicais.
Certa vez, depois de Moody haver falado numa convenção, um orador
censurou-o severamente por não saber dirigir-se a um auditório. Moody
foi para a frente, e depois de explicar que reconhecia não ser instruído,
agradeceu ao ministro por ter mostrado seus defeitos e pediu-lhe que
orasse a Deus para que o ajudasse a fazer o melhor que pudesse.
Ao mesmo tempo que Moody se aplicava à Escola Dominical com
tais resultados, esforçava-se, também, no comércio todos os dias. O
grande alvo da sua vida era vir a ser um dos principais comerciantes do
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mundo, um multimilionário. Não tinha mais de 23 anos e já tinha
ajuntado 7000 dólares! Mas seu Salvador tinha um plano ainda mais nobre
para seu servo.
Certo dia, um dos professores da Escola Dominical entrou na
sapataria onde Moody negociava. Informou-o de que estava tuberculoso e
que, desenganado pelo médico, resolvera voltar para Nova Iorque e
aguardar a morte. Confessou-se muito perturbado, não porque tinha de
morrer, mas porque até então não conseguira levar ao Salvador nenhuma
das moças da sua classe da Escola Dominical. Moody, profundamente
comovido, sugeriu que visitassem juntos as moças em suas casas, uma por
uma. Visitaram uma, o professor falou-lhe seriamente acerca da salvação
da sua alma. A moça deixou seu espírito leviano e começou a chorar,
entregando-se ao seu Salvador. Todas as outras moças que foram visitadas
naquele dia fizeram o mesmo.
Passados dez dias, o professor foi novamente à sapataria. Com
grande gozo informou a Moody que todas as moças se haviam entregado
a Cristo. Resolveram então convidar todas para um culto de oração e
despedida na véspera da partida do professor para Nova Iorque. Todos se
ajoelharam e Moody, depois de fazer uma oração, estava para se levantar
quando uma das moças começou, também, a orar. Todos oraram
suplicando a Deus em favor do professor. Ao sair Moody suplicou: "Ó
Deus, permite-me morrer antes de perder a bênção que recebi hoje
aqui!"Moody, mais tarde, confessou: "Eu não sabia o preço que tinha de
pagar, como resultado de haver participado na evangelização individual
das moças. Perdi todo jeito de negociar; não tinha mais interesse no
comércio. Experimentara um outro mundo e não mais queria ganhar dinheiro...
Oh! delícia, a de levar uma alma das trevas deste mundo à
gloriosa luz e liberdade do Evangelho!"
Então, não muito depois de casar-se, com a idade de vinte e quatro
anos, Moody deixou um bom emprego com o salário de cinco mil dólares
por ano, um salário fabuloso naquele tempo, para trabalhar todos os dias
no serviço de Cristo, sem ter promessa de receber um único cêntimo. Depois
de tomar essa resolução, apressou-se em ir à firma B. F. Jacobs & Cia.,
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onde, muito comovido, anunciou: - "Já resolvi empregar todo o meu
tempo no serviço de Deus!" -"Como vai manter-se?" - "Ora, Deus me
suprirá de tudo, se Ele quiser que eu continue; e continuarei até ser
obrigado a desistir."
É muito interessante notar o que ele escreveu não muito depois, a
seu irmão Samuel: "Caro irmão: As horas mais alegres que já experimentei
na terra foram as que passei na obra da Escola Dominical. Samuel, arranja
uma classe de moços perdidos leva-os à Escola Dominical e pede a Deus
sabedoria, e instrui-os no caminho da vida eterna!" Ao mesmo tempo em
que Moody descrevia a sua alegria, foi obrigado a deixar a pensão, a
alimentar-se mais simplesmente e a dormir num dos bancos do salão.
Acerca de seu desprendimento pelo dinheiro, R. A. Tor-rey fez esta
observação: "Ele (Moody) disse-me que, se tivesse aceitado lucros
provenientes da venda dos hinários por ele publicados, eles somariam um
milhão de dólares. Porém Moody recusou-se a tocar naquele dinheiro,
embora por direito fosse seu... Numa certa cidade visitada por Moody nos
últimos dias de sua vida, estando eu em sua companhia, foi publicamente
anunciado que ele não aceitaria qualquer recompensa por seus serviços. O
fato era que ele quase não tinha outros meios de sustento senão aquilo que
recebia nas suas conferências, todavia ele não comentou o anúncio feito,
mas saiu daquela cidade sem receber um centavo sequer pelo seu árduo
trabalho; e, parece-me, que foi ele mesmo quem pagou sua conta no hotel
onde se hospedara."
A parte da biografia de D. L. Moody que trata dos primeiros anos
do seu ministério está repleta de proezas feitas na carne. Mencionamos
aqui apenas uma, isto é, o fato de Moody fazer 200 visitas em um só dia.
Ele mesmo mais tarde se referia àqueles anos como uma manifestação do
"zelo de Deus, mas sem entendimento", acrescentando: Há, contudo muito
mais esperança para o homem com zelo e sem entendimento do que para
o homem de entendimento sem zelo."
Rompeu a tremenda Guerra Civil e Moody chegou com os
primeiros soldados ao acampamento militar onde armou uma grande
tenda para os cultos. Depois ajuntou dinheiro e levantou um templo onde
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dirigiu 1500 cultos durante a guerra. Uma pessoa que o conhecia assim
comentou sua ação: "Moody precisa estar constantemente em todos os
lugares, dia e noite, nos domingos e todos os dias da semana; orando,
exortando, tratando com os soldados acerca das suas almas, regozijandose
nas oportunidades abundantes de trabalhar no grande fruto ao seu
alcance por causa da guerra."
Depois de findar a guerra, dirigiu uma campanha para levantar em
Chicago um prédio para os cultos, com capacidade para três mil pessoas.
Quando, mais tarde esse edifício foi destruído por um incêndio, ele e dois
outros iniciaram outra campanha, antes de os escombros haverem
esfriado, para levantar novo edifício. Trata-se do Farwell Hall II, que se
tornou um grande centro religioso em Chicago. O segredo desse êxito
foram os cultos de oração que se realizavam diariamente, ao meio-dia,
precedidos por uma hora de oração de Moody, escondido no vão debaixo
da escada.
No meio desses grandes esforços, Moody resolveu, inesperadamente,
fazer uma visita à Inglaterra.
Em Londres, antes de tudo, foi ouvir Spurgeon pregar no Metropolitan
Tabernacle. Já tinha lido muito do que "o príncipe dos pregadores"
escrevera, mas ali pôde verificar que a grande obra não era de Spurgeon,
mas de Deus, e saiu de lá com uma outra visão.
Visitou Jorge Müller e o orfanato em Bristol. Desde aquele tempo a
Autobiografia de Müller exerceu tanta influência sobre ele como já o tinha
feito "O Peregrino", de Bunyan.
Entretanto, nessa viagem, o que levou Moody a buscar
definitivamente uma experiência mais profunda com Cristo, foram estas
palavras proferidas por um grande ganhador de almas de Dubim,
Henrique Varley: "O mundo ainda não viu o que Deus fará com, para, e pelo
homem inteiramente a Ele entregue." Moody disse consigo mesmo: "Ele não
disse por um grande homem, nem por um sábio, nem por um rico, nem
por um eloqüente, nem por um inteligente, mas simplesmente por um
homem. Eu sou um homem, e cabe ao homem mesmo resolver se deseja
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ou não consagrar-se assim. Estou resolvido a fazer todo o possível para ser
esse homem." Apesar de tudo isso, Moody, depois de voltar à América,
continuava a se esforçar e a empregar métodos naturais. Foi nessa época
que a cidade de Chicago foi reduzida a cinzas no pavoroso incêndio de
1871.
Na noite do início do pavoroso incêndio, Moody pregou sobre este
tema: - "Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo?" Ao concluir seu
sermão, ele disse ao auditório, o maior a que pregara em Chicago: "Quero
que leveis esse texto para casa e nele mediteis bem durante a semana e no
domingo vindouro iremos ao Calvário e à cruz e resolveremos o que
faremos de Jesus de Nazaré."
- "Como errei!" disse Moody, depois. - "Não me atrevo mais a
conceder uma semana de prazo ao perdido para decidir sobre a salvação.
Se se perderem serão capazes de se levantar contra mim no dia do juízo.
Lembro-me bem de como Sankey cantou e como sua voz soou quando
chegou a estrofe de apelo: "O Salvador chama para o refúgio. Rompe a
tempestade e breve vem a morte."
"Nunca mais vi aquele auditório. Ainda hoje desejo chorar...
Prefiro ter a mão direita decepada, a conceder ao auditório uma semana
para decidir o que fará de Jesus. Muitos me censuram dizendo: - "Moody,
o senhor quer que o povo se decida imediatamente. Por que não lhe dá
tempo para consultar?"
"Tenho pedido a Deus muitas vezes que me perdoe por ter dito
naquela noite que podiam passar oito dias para considerar, e se Ele
poupar minha vida não o farei de novo."
O grande incêndio rugiu e ameaçou durante quatro dias;
consumindo Farwell Hall, o templo de Moody e a sua própria residência.
Os membros da igreja foram todos dispersos. Moody reconheceu que a
mão de Deus o castigara para o ensinar, e isso tornou-se para ele motivo
de grande regozijo.
Foi a Nova Iorque, a fim de granjear dinheiro para os flagelados do
grande sinistro. Acerca do que se passou, ele mesmo escreveu: "Não sentia
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o desejo no coração de solicitar dinheiro. Todo o tempo eu clamava a Deus
pedindo que me enchesse do seu Espírito. Então, certo dia, na cidade de
Nova Iorque - Ah! que dia! Não posso descrevê-lo, nem quero falar no
assunto; é experiência quase sagrada demais para ser mencionada. O
apóstolo Paulo teve uma experiência acerca da qual não falou por catorze
anos. Posso apenas dizer que Deus se revelou a mim e tive uma experiência
tão grande do seu amor que tive de rogar-lhe que retirasse de
mim sua mão. Voltei a pregar. Os sermões não eram diferentes; não
apresentei outras verdades; contudo, centenas se converteram. Não quero
voltar para viver de novo como vivi outrora nem que eu pudesse possuir
o mundo inteiro."
Acerca dessa experiência, um de seus biógrafos acrescentou: "O
Moody que andava na rua parecia outro. Nunca jamais bebera mosto, mas
então conhecia a diferença entre o júbilo que Deus dá e o falso júbilo de
Satanás. Enquanto andava, parecia-lhe que um pé dizia a cada passo,
'Glória!' e o outro respondia, 'Aleluia!'. O pregador rompeu em soluços,
balbuciando: 'Ó Deus, constrange-nos andar perto de ti para todo o
sempre.'"
Sobre o mesmo acontecimento, ainda outro escreveu o seguinte: "O
fruto da sua pregação tinha sido pequeno. Angustiado em espírito, ele
andava pelas ruas da grande cidade de noite orando: 'Ó Deus unge-me
com teu Espírito!' - Deus ouviu e concedeu-lhe lá mesmo na rua, aquilo
por que rogava. Sua vida anterior era como se experimentasse puxar água
dum poço que parecia seco. Fazia funcionar a bomba com toda a força,
mas tirava muito pouca água. Agora Deus fez sua alma como um poço
artesiano onde nunca falta água. Assim chegou a compreender o que
significam as palavras: "A água que eu lhe der, virá a ser nele uma fonte
de água que mana para a vida eterna."
O Senhor supriu dinheiro para Moody construir um edifício
provisório para realizar os cultos em Chicago. Era de madeira rústica,
forrado de papel grosso para evitar o frio; o teto era sustentado por fileiras
de estacas colocadas no centro. Nesse templo provisório realizaram-se os
cultos, durante três anos, no meio dum deserto de cinzas. A maior parte
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do trabalho de construção fora feita pelos membros que moravam em
ranchos ou mesmo em lugares escavados por debaixo das calçadas das
ruas. Ao primeiro culto assistiram mais de mil crianças com seus
respectivos pais!
Esse templo provisório serviu de morada para Moody e Sankey,
seu evangelista-cantor; eram tão pobres como os outros em redor, mas tão
cheios de esperança e gozo que conseguiram levar muitos a Cristo e se
tornarem ricos, apesar de nada possuírem. Onda após onda de
avivamento passou sobre o povo. Os cultos continuavam dia e noite,
quase sem cessar, durante alguns meses. Multidões choravam seus
pecados, às vezes dias inteiros e no dia seguinte, perdoados, clamavam e
louvavam em gratidão a Deus. Homens e mulheres até então
desanimados participavam do gozo transbordante de Moody,
transformado pelo batismo com o Espírito Santo.
Não muito depois de haver construído o templo permanente (com
assentos para 2000 pessoas - e sem endividar-se), Moody fez a sua
segunda viagem à Inglaterra. Nos seus primeiros cultos nesse país,
encontrou igrejas frias, com pouca assistência e o povo sem interesse nas
suas mensagens. Mas a unção do Espírito, que Moody recebera nas ruas
de Nova Iorque, ainda permanecia na sua alma e Deus o usou como seu
instrumento para um avivamento mundial.
Não desejava métodos sensacionais, mas usou os mesmos métodos
humildes até o fim da vida: sermão dirigido direto aos ouvintes; aplicação
prática da mensagem do Evangelho à necessidade individual; solos
cantados sob a unção do Espírito; apelo para que o perdido se entregasse
imediatamente; uma sala no lado aonde levava os que se achavam em
"dificuldades" em aceitar a Cristo; a obra que depois os salvos faziam
entre os "interessados" e recém-convertidos; diariamente uma hora de
oração ao meio-dia, e cultos que duravam dias inteiros.
O próprio Moody disse estas palavras: "Se estamos cheios do
Espírito, e de poder, um dia de serviço com poder vale mais do que um
ano de serviço sem esse poder." Outra vez acrescentou: "Se estamos cheios
do Espírito, ungidos, nossas palavras alcançarão os corações do povo."
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Na Inglaterra, as cidades de York, Senderland, Bishop, Auckland,
Carlisle e Newcastle foram vivificadas como nos dias de Whitefield e
Wesley. Na Escócia, em Edinburgh, os cultos se realizaram no maior
edifício e "a cidade inteira ficou comovida." Em Glasgow, a obra começou
com uma reunião de professores da Escola Dominical, a que assistiram
mais de 3000. O culto de noite foi anunciado para às 6,30, mas muito antes
da hora marcada, o grande edifício ficou repleto e a multidão que não
pôde entrar foi levada para as quatro igrejas mais próximas. Essa série de
cultos transformou radicalmente a vida diária do povo. Na última noite
Sankey cantou para 7000 pessoas que estavam dentro do edifício, e Moody,
sem poder entrar no auditório, subiu numa carruagem e pregou a 20 mil
pessoas que se achavam congregadas do lado de fora. O coral cantou os
hinos de cima dum galpão. Em um só culto mais de 2000 pessoas
responderam ao apelo para se entregarem definitivamente a Cristo.
Durante o verão, pregou em Aberdeen, Montrose, Brechin, Forfar,
Huntley, Inverness, Arbroath, Fairn, Nairn, Elgin, Ferres, Grantown, Keith,
Rothesay e Campbel-town; muitos milhares assistiam a todos os cultos.
Na Irlanda, Moody pregou nos maiores centros com os mesmos
resultados, como na Inglaterra e Escócia. Os cultos em Belfast
continuaram durante quarenta dias. O último culto foi reservado para os
recém-convertidos, que só podiam ter ingresso por meio de bilhetes,
concedidos gratuitamente. Assistiram 2.300 pessoas. Belfast fora o centro
de vários avivamentos, mas todos concordam em que nunca houvera um
avivamento antes desse de resultados tão permanentes.
Depois da campanha na Irlanda, Moody e Sankey voltaram à
Inglaterra e dirigiram cultos inesquecíveis em Shefield, Manchester,
Birgmingham e Liverpool. Durante muitos meses, os maiores edifícios
dessas cidades ficaram superlotados de multidões desejosas de ouvirem a
apresentação clara e ousada do Evangelho por um homem livre de todo o
interesse e ostentação. O poder do Espírito se manifestou em todos os
cultos produzindo resultados que permanecem até hoje.
O itinerário de Moody e Sankey na Europa, findou-se após quatro
meses de cultos em Londres. Moody pregava alternadamente em quatro
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centros. Os seguintes algarismos nos servem para compreender algo da
grandeza dessa obra durante os quatro meses: Realizaram-se 60 cultos em
Agricultural Hall, aos quais um total de 720.000 pessoas assistiram; em
Bow Road Hall, 60 cultos, aos quais 600.000 assistiram; em Camberwell
Hall, 60 cultos, com a assistência de 480.000; Haymarket Opera House, 60
cultos, 330.000; Vitória Hall, 45 cultos, 400.000 assistentes.
Como é glorioso acrescentar aqui o seguinte: "As diferenças entre
as denominações quase desapareceram. Pregadores de todas as igrejas
cooperavam numa plataforma comum para a salvação dos perdidos.
Abriram-se de novo as bíblias e houve um grande interesse pelo estudo da
Palavra de Deus."
Quando Moody saiu dos Estados Unidos em 1873, era conhecido
apenas em alguns Estados e tinha fama, apenas como obreiro de Escola
Dominical e da Associação Cristã de Moços. Mas quando voltou da
campanha na Inglaterra em 1875, era conhecido como o mais famoso
pregador do mundo. Contudo continuou o mesmo humilde servo de Deus.
Foi assim que uma pessoa que o conhecia intimamente descreveu sua
personalidade: "Creio que era a pessoa mais humilde que jamais conheci...
Ele não fingia humildade. No íntimo do seu coração rebaixava-se a si mesmo
e superestimava os outros. Ele engrandecia outros homens, e, sempre
que possível arranjava para que eles pregassem. Fazia tudo para não
aparecer."
Ao chegar novamente aos Estados Unidos, Moody recebeu
convites, para pregar, de todas as partes do País. Sua primeira campanha
(em Brooklyn) foi um modelo para todas as outras. As denominações
cooperavam; alugaram um prédio que comportava 3000 pessoas. O
resultado foi uma grande e permanente obra.
Durante um período de vinte anos, ele dirigiu campanhas com
grandes resultados nas maiores cidades dos Estados Unidos, Canadá e
México. Em diversos lugares as campanhas duraram até seis meses. Em
todos os lugares Moody proclamava clara e praticamente a mensagem do
Evangelho.
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Nas suas campanhas havia ocasiões que eram realmente
dramáticas. Em Chicago, o Circo Forepaugh, com uma tenda de lona que
tinha assentos para 10.000 pessoas e lugares para outras 10.000 em pé,
anunciou representações para dois domingos. Moody alugou a tenda para
os cultos de manhã, os donos achando muita graça em tal tentativa. Mas
no primeiro culto a tenda ficou repleta. Foram tão poucos os que
assistiram às representações do circo à tarde, que os donos resolveram não
fazer sessão no segundo domingo. Entretanto, o culto realizou-se sob a
lona no segundo domingo, o calor era tanto que dava a impressão de
matar a todos, porém 18.000 pessoas ficaram em pé, banhados em suor e
esquecidos do calor. No silêncio que reinava durante a pregação de
Moody, o poder desceu e centenas foram salvos. Acerca de um desses
cultos certo assistente deu estas impressões:
"Nunca jamais me esquecerei de certo sermão que Moody pregou.
Foi no Circo de Forepaugh durante a Exposição Mundial. Estavam
presentes 17.000 pessoas, de todas as classes e de todas as qualificações. O
texto do sermão foi: Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que se
havia perdido.' Grandiosa era a unção do pregador; parecia que estava em
íntimo contacto com todos os corações daquela massa de gente. Moody
disse repetidamente: Pois o Filho do homem veio - veio hoje ao Circo
Forepaugh - para procurar e salvar o que se perdera.' Escrito e impresso,
isso parece um sermão comum, mas as suas palavras, pela santa unção
que lhe sobreveio, tornaram-se palavras de espírito e de vida."
Durante a Exposição Mundial, no dia designado em honra de
Chicago, todos os teatros da cidade fecharam, porque se esperava que
todo o mundo fosse à Exposição a seis quilômetros de distância. Porém
Moody alugou o Central Music Hall e R. A. Torrey testificou que a
assistência era tão grande, que ele só conseguiu entrar por uma janela dos
fundos do prédio. Os cultos de Moody continuaram tão concorridos que a
Exposição Mundial teve de deixar de funcionar aos domingos, por falta de
assistência.
Henrique Moorehouse, pregador escocês, dá a seguinte opinião
acerca dos discursos de Moody:
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1) "Crê firmemente que o Evangelho salva os pecadores, quando
eles crêem, e confia na história simples do Salvador crucificado e
ressuscitado.
2) "Espera a salvação de almas, quando prega, e o resultado é que
Deus honra a sua fé.
3) "Prega como se nunca jamais se realizasse outro culto e como se
os pecadores nunca mais tivessem oportunidade de ouvir o som do
Evangelho. Seus apelos a decisão agora mesmo são comoventes.
4) "Consegue levar os crentes a trabalhar com os interessados
depois do sermão. Insiste em que perguntem aos que estão assentados ao
lado se são salvos ou não. Tudo na sua obra é muito simples e aconselho
os obreiros da seara do Senhor a aprenderem de nosso amado irmão
algumas lições preciosas sobre a obra de ganhar almas."
O doutor Dale disse: "Acerca do poder de Moody, acho difícil falar.
É tão real e ao mesmo tempo tão diferente do poder dos demais
pregadores, que não sei descrevê-lo. Sua realidade é inegável. Um homem
que pode cativar o interesse de um auditório de três a seis mil pessoas,
por meia hora, de manhã, por quarenta minutos, de novo, ao meio-dia e
de um terceiro auditório, de 13 a 15 mil, durante quarenta minutos, à noite,
deve ter um poder extraordinário."
Acerca desse poder maravilhoso, Torrey testificou: "Várias vezes
tenho ouvido diversas pessoas dizerem que viajaram grandes distâncias
para ver e ouvir D. L. Moody, e que ele, de fato, é um maravilhoso
pregador. Sim, ele era em verdade um maravilhoso pregador;
considerando tudo, o mais maravilhoso que eu jamais ouvi; era grande o
privilégio de ouvi-lo pregar, como só ele sabia pregar. Contudo,
conhecendo-o intimamente, quero testificar que Moody era maior como
intercessor do que como pregador. Enfrentando obstáculos aparentemente
invencíveis, ele sabia vencer todas as dificuldades. Sabia, e cria no mais
profundo de sua alma, que não havia nada demasiadamente difícil para
Deus fazer, e que a oração podia conseguir tudo que Deus pudesse
realizar."
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Certo dia, na sua grande campanha em Londres, Moody estava
pregando num teatro repleto de pessoas da alta sociedade, e entre elas
havia um membro da família real. Moody levantou-se e leu Lucas 4.27: "E
havia muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu..." Ao chegar à
palavra "Eliseu", ele não a podia pronunciar e começou a gaguejar e
balbuciar. Começou a ler o versículo de novo, mas de novo não podia
passar adiante. Experimentou a terceira vez e falhou pela terceira vez.
Então fechou o livro e muito comovido olhou para cima, dizendo: "Ó Deus!
use esta língua de gago para proclamar Cristo crucificado a este povo!"
Desceu sobre ele o poder de Deus e ele derramou sua alma em tal torrente
de palavras que o auditório inteiro ficou como que derretido pelo fogo
divino.
Foi durante essa segunda visita às Ilhas Britânicas que fez a sua
obra entre os homens das suas célebres universidades, Oxford e
Cambridge. É uma história muitas vezes repetida de como ele, sem
instrução, mas, com a graça de Deus e diplomacia, venceu a censura e fez
entre os intelectuais o que alguns consideram a maior obra da sua vida.
Apesar de Moody não ter instrução acadêmica, reconhecia o
grande valor da educação e sempre aconselhava a mocidade a se preparar
para manejar bem a Palavra de Deus. Reconhecia a grande vantagem da
instrução também para os que pregam no poder do Espírito Santo. Ainda
existem três grandes monumentos às suas convicções nesse ponto - as três
escolas que ele fundou: O Instituto Bíblico em Chicago, com 38 prédios e
16000 alunos matriculados nas aulas diurnas, noturnas e Cursos por
Correspondência; o Northfield Seminário, com 490 alunos, e a Escola do
Monte Hermom, com 500 alunos.
Entretanto, ninguém se engane como alguns desses alunos e como
diversos crentes entre nós, pensando que o grande poder de Moody era
mais intelectual do que espiritual. Nesse ponto ele mesmo falava com
ênfase: para maior clareza, citamos o seguinte de seus "Short Talks": "Não
conheço coisa mais importante que a América precise do que de homens e
mulheres inflamados com o fogo do Céu; nunca encontrei um homem (ou
uma mulher) inflamado com o Espírito de Deus que fracassasse. Creio que
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isso seja mesmo impossível; tais pessoas nunca se sentem desanimadas.
Avançam mais e mais e se animam mais e mais. Amados, se não tendes
essa iluminação, resolvei adquiri-la, e orai: 'Ó Deus ilumina-me com o teu
Espírito Santo!'"
No que R. A. Torrey escreveu aparece o espírito dessas escolas que
fundou:
"Moody costumava escrever-me antes de iniciar uma nova
campanha, dizendo: Pretendo dar início ao trabalho no lugar tal e em tal
dia; peço-lhe que convoque os estudantes para um dia de jejum e oração.'
Eu lia essas cartas aos estudantes e lhes dizia: Moody deseja que tenhamos
um dia de jejum e oração para pedir, primeiramente, as bênçãos divinas
sobre nossas próprias almas e nosso trabalho! Muitas vezes ficávamos ali
na sala das aulas até alta noite - ou mesmo até a madrugada - clamando a
Deus, porque Moody nos exortava a esperar até que recebêssemos a
bênção. Quantos homens e mulheres não tenho eu conhecido, cujas vidas
e caracteres foram transformados por aquelas noites de oração, e quantos
têm conseguido grandes coisas, em muitas terras, como resultado
daquelas horas gastas em súplicas a Deus!
"Até o dia da minha morte não poderei esquecer-me de 8 de julho de 1894.
Era o último dia da Assembléia dos Estudantes de Northfield... Às 15
horas reunimo-nos em frente à casa da progenitora de Moody... Havia 456
pessoas em nossa companhia... Depois de andarmos alguns minutos,
Moody achou que podíamos parar. Nós nos sentamos nos troncos de
árvores caídas, em pedras, ou no chão. Moody então franqueou a palavra,
dando licença para qualquer estudante expressar-se. Uns 75 deles, um
após outro, levantaram-se, dizendo: 'Eu não pude esperar até às 15 horas,
mas tenho estado sozinho com Deus desde o culto de manhã e creio que
posso dizer que recebi o batismo com o Espírito Santo.' Ouvindo o
testemunho desses jovens, Moody sugeriu o seguinte: 'Moços, por que não
podemos ajoelhar-nos aqui, agora, e pedir que Deus manifeste em nós o
poder do seu Espírito de um modo especial, como fez aos apóstolos no dia
de Pentecoste?' E ali na montanha oramos.
"Na subida, tínhamos notado como se iam acumulando nuvens
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pesadas; no momento em que começamos a orar, principiou a chuva a cair
sobre os grandes pinheiros e sobre nós. Porém houve uma outra
qualidade de nuvem que há dez dias estava se acumulando sobre a cidade
de Northfield - uma nuvem cheia da misericórdia, da graça e do poder
divino, de sorte que naquela hora parecia que nossas orações
bombardeavam essas nuvens, fazendo descer sobre nós, em grande poder,
a virtude do Espírito Santo.
"Homens e mulheres, eis o de que todos nós carecemos - o batismo
com o Espírito Santo!"
Que Moody mesmo era um estudante incansável, vê-se no
seguinte:
"Todos os dias da sua vida, até o fim, segundo creio, ele se
levantava muito cedo de manhã para meditar na Palavra de Deus.
Costumava deixar sua cama às quatro horas da madrugada, mais ou
menos, para estudar a Bíblia. Um dia ele me disse: Tara estudar, preciso
me levantar antes que as outras pessoas acordem'. Ele se fechava num
quarto afastado do resto da família, sozinho com a sua Bíblia e com o seu
Deus.
"Pode-se falar em poder, porém, ai do homem que negligenciar o
único Livro dado por Deus, que serve de instrumento, por meio do qual
Ele dá e exerce seu poder. Um homem pode ler inúmeros livros e assistir a
grandes convenções; pode promover reuniões de oração que durem noites
inteiras, suplicando o poder do Espírito Santo, mas se tal homem não
permanecer em contato íntimo e constante com o único Livro, a Bíblia, não
lhe será concedido o poder. Se já tem alguma força não conseguirá mantê-
la, senão pelo estudo diário, sério e intenso desse Livro."
Tudo no mundo tem de findar; chegou o tempo também para D. L.
Moody findar o seu ministério aqui na terra. Em 16 de novembro de 1899,
no meio de sua campanha em Kansas City, com auditórios de 15.000
pessoas, pregou seu último sermão. É provável que soubesse que seria o
último: certo é que seu apelo era ungido com poder vindo do Alto e
centenas de almas foram ganhas para Cristo.
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Para a nação, a sexta-feira, 22 de dezembro de 1899, foi o dia mais
curto do ano, mas para D. L. Moody, foi o dia que clareou, foi o começo do
dia que nunca findará. Às seis horas da manhã dormiu um ligeiro sono.
Então os seus queridos ouviram-no dizer em voz clara: "Se isto é a morte,
não há nenhum vale. Isto é glorioso. Entrei pelas portas e vi as crianças!
(Dois de seus netos já falecidos). A terra recua; o céu se abre perante mim.
Deus está me chamando!" Então virou-se para a sua esposa, a quem ele
queria mais do que a todas as pessoas, a não ser Cristo, e disse: "Tu tens
sido para mim uma boa esposa."
No singelo culto fúnebre, Torrey, Scofield, Sankey e outros falaram
à grande multidão comovida que assistiu. Depois o ataúde foi levado
pelos alunos da Escola Bíblica de Monte Hermom a um lugar alto que
ficava próximo, chamado "Round Top". Três anos depois, a fiel serva de
Deus, Ema Moody, sua esposa, também dormiu em Cristo e foi enterrada
ao lado do marido, no mesmo alto, onde permanecerão até o glorioso dia
da ressurreição.
Contemplemos de novo, por um momento, a vida extraordinária
desse grande ganhador de almas. Quando o jovem Moody chorava sob o
poder do alto na pregação do jovem Spurgeon, foi inspirado a exclamar:
"Se Deus pode usar Spurgeon, Ele me pode usar também". A biografia de
Moody é a história de como ele vivia completamente submisso a Deus,
para esse fim. R. A. Torrey disse: "O primeiro fator por cujo motivo
Moody foi instrumento tão útil nas mãos de Deus é que ele era um
homem inteiramente submisso à vontade divina. Cada grama daquele
corpo de 127quilos pertencia ao Senhor; tudo que ele era e tudo que tinha
pertencia inteiramente a Deus... Se nós, tu e eu, leitor, queremos ser
usados por Deus, temos de nos submeter a Ele absolutamente e sem
reservas."
Leitor, resolve agora, com a mesma determinação e pelo auxílio
divino: "Se Deus podia usar Dwight Lyman Moody, Ele me pode usar
também!"
Que assim seja! Amém!
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