A PECADORA, OS RELIGIOSOS E JESUS POR CAMI BARBOSA
E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher,
disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E
ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno;
vai-te, e não peques mais (Jo 8.10-11). Olhando o texto de João 8.1-11, a
primeira coisa que pensei foi a seguinte: vou mudar a ordem do que vou
escrever. O texto começa falando dos religiosos que trouxeram a mulher. Eu
quero, primeiramente, falar da mulher. Bem, a primeira coisa que quero dizer é
que aquela mulher era uma pecadora, sei que você já sabe disso. A segunda coisa
que quero dizer é que todos nós somos pecadores e sei que você também já sabe
disso. Então, por que estou dizendo o que você já sabe? Porque não adianta
saber algo e não ser influenciado pelo que sabemos. Você já foi acusado em
público? Você já passou por uma experiência como a dessa mulher? Olha, é muito
chato quando alguém chama a nossa atenção no meio dos outros. E se nos chamam a
atenção por algo grave? Pior ainda! Você consegue imaginar como estava o
coração daquela mulher que é chamada de “mulher adúltera” no título do capítulo
de algumas Bíblias? Os religiosos chegaram trazendo aquela mulher e diz o
texto: “E, pondo-a no meio…” (v. 4). Essas palavras não me soam bem. A versão
Nova Tradução na linguagem de hoje diz assim: “… e a obrigaram a ficar de pé no
meio de todos…” (v. 3). No meio do povo, acusada de adultério… Certamente, a
vergonha dela era enorme e o sofrimento também. Não é o tipo de situação que traga
alegria. E, para completar, os religiosos fizeram questão de dizer: “E na lei
nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas.”. Ela estava no meio do povo,
sendo acusada de ter sido pega adulterando e ouvindo que a lei mandava os
adúlteros serem apedrejados. Sei que ela estava mal. Agora, quero falar sobre
os religiosos. Não vou ficar dando detalhes sobre escribas e fariseus, os
religiosos. Apenas quero pensar sobre a atitude desse grupo tão “nobre”! Um
fato interessante é que, na verdade, os religiosos não estavam preocupados com
o pecado daquela mulher. O versículo 6 diz que eles queriam tentar o Mestre
Jesus para terem de que acusá-lo. Outro fato interessante é que a lei dizia que
tanto o homem quanto a mulher pegos em adultério deveriam ser punidos. Por que
eles não levaram o homem? Fazendo isso, já estavam violando a lei. Não sei por
que não o levaram mas algo errado havia nisso. Religiosos. Religiosos que se
achavam rigorosos. De que adianta ser religioso e não conseguir nem conhecer o
Filho de Deus? De que adianta ser tão rigoroso e, na verdade, esconder erros,
pecados, falhas, deixar de ouvir os ensinamentos que sempre nos são dados na
Igreja? Jesus estava ensinando no templo mas os “religiosos” não foram lá para
aprender nada. Foram para acusar! Não é assim hoje também? Há pessoas que
frequentam cultos, templos, reuniões cristãs mas não para aprender. Essas
pessoas não vão lá para cultuar mas para acusar os outros. “Religiosos
acusadores”. Você conhece alguém assim? Você conhece algum “crente” que vive
procurando erros nos outros para entregá-los ao pastor ou à igreja? Nossa! Que
coisa linda! Que atitude fantástica! Que ironia de minha parte, claro! Ser
religioso não vale nada! Essas atitudes são ridículas e não são as esperadas
pelo Mestre. Ele demonstrou o que devemos fazer. Jesus. Eu não conseguiria
resistir tanto tempo sem dizer nada. O texto diz que enquanto os religiosos
insistiam em querer uma resposta, Jesus estava inclinado, escrevendo na terra
(v. 6). Mas, como eles queriam uma resposta e insistiam, Jesus disse: “Aquele
que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela” (v.
7). Nossa! Esse é Jesus! E fico fazendo uma ideia de como ficaram os
“religiosos acusadores” naquele momento. Não esperavam por uma resposta dessa.
Jesus voltou a inclinar-se e escrever na terra. E os religiosos acusadores? Diz
o texto: “quando ouviram isto, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até
aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio” (v. 9). Os
religiosos acusadores não puderam apedrejar aquela mulher. Eles também eram
pecadores como eu e você. Lembra-se de que falei disso lá no início? Se você é
daqueles que gostam de ficar vigiando a vida dos outros, pare! Se você é
daqueles que gosta de ficar procurando pecados na vida dos outros, pare! Eu sou
pecador, você é pecador, todo ser humano é pecador. Você não entendeu isso
ainda? Não estou defendendo que cristãos devem viver pecando. Não sou tolo e
conheço o bastante da Bíblia para não falar isso, mas também não posso aceitar
que os “cristãos” fiquem por aí laçando pessoas para serem entregues ao
tribunal divino. A Bíblia diz que devemos imitar Jesus, andar como Ele andou e
sabe como Ele fez nesse texto? Foi assim: “… Nem eu também te condeno: vai-te e
não peques mais” (v. 11). Não tem como não amar Jesus! O mundo está repleto de pecadores. Alguns, remidos e lavados no sangue
do Cordeiro; outros, ainda nem sabem como é isso ou não creem nisso. Mas um
problema grave que contemplo é o peso que alguns “cristãos” colocam sobre essas
pessoas. Elas não precisam de nossas acusações, muito menos do nosso
julgamento, já que não temos condições de mandar ninguém para o céu ou para o
inferno. Nós, que somos do Senhor, temos que acolher essas pessoas, abraçá-las,
andar com elas, mostrar-lhes o caminho e falar como Jesus: “… Nem eu também te
condeno: vai-te e não peques mais”. Deus nos abençoe!Wanderson Miranda de
Almeida, membro da Igreja Batista Betel de Italva – RJ
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