HOMOSEXUALISMO - PRESIDENTE DO CONSELHO INTERDENOMINACIONAL DE MINISTROS EVANGÉLICOS DO BRASIL - CIMEB - PASTOR SILAS MALAFAIA
No ano passado, quando a campanha política pela Presidência da
República enveredou para uma discussão sobre fé e aborto, o pastor evangélico
Silas Malafaia virou uma espécie de pivô da disputa eleitoral. Líder da
Assembleia de Deus Vitória em Cristo, no Rio de Janeiro, Malafaia apoiou a
candidatura da também evangélica Marina Silva até a véspera do primeiro turno. Quando
Marina estava em seu melhor momento, Malafaia abandonou-a e passou a pedir
votos para o tucano José Serra, segundo ele mais firme que Marina na oposição
ao aborto. Serra perdeu a eleição, mas Malafaia não perdeu os holofotes. Poucos
meses após a posse da presidente Dilma Rousseff, ele passou a liderar uma
cruzada contra o projeto de lei que pretende criminalizar a homofobia. Loquaz e
provocador, usa seus programas de rádio e TV para combater a proposta quase que
diariamente. Nesta entrevista, ele critica a Igreja Universal, diz que os
políticos não poderão mais esconder suas crenças e tenta explicar sua posição
sobre a homossexualidade. ÉPOCA – O senhor é pastor da Assembleia de Deus, mas,
diferentemente de outros líderes evangélicos, é muito ouvido por fiéis de
outras denominações. Qual é a diferença? Silas Malafaia – Estou na TV há 29
anos ininterruptos e nunca fiz programas para a Assembleia de Deus. Então, o
pessoal me codifica como um pregador. Faço um programa interdenominacional.
Sempre trabalhei como uma voz apologética em defesa da fé. Por causa disso,
acabei conquistando espaço entre outros segmentos. Hoje, existem quatro
pastores em rede nacional: Edir Macedo, da Universal, R.R. Soares, da
Internacional da Graça, Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus,
e eu. Sou o único que sempre fiz programa para todo mundo. Não porque sou bom.
É porque não tem espaço, amigo. ÉPOCA – As igrejas evangélicas ainda têm uma
imagem muito estigmatizada entre os não evangélicos. Por que, em sua opinião? Malafaia
– Isso mudou muito, irmão. Hoje, essa história de imagem estigmatizada é
cafezinho. Antigamente, nego só botava coisa ruim sobre os evangélicos na
televisão, nos jornais. Era só cacete em cima de pastor. Agora tem jogador de
futebol evangélico, artista… ÉPOCA – O senhor acha que alguns líderes
evangélicos ajudaram a criar essa imagem estigmatizada? Malafaia – É aquela
história de perdas e ganhos que todo segmento social sofre. Algumas atitudes
fizeram a gente perder, outras fizeram ganhar. Tome o exemplo da Universal e do
Edir Macedo. Ele ajudou em algumas coisas e prejudicou em outras. Ele é um cara
que fez a igreja evangélica despertar para um evangelismo ousado, igreja aberta
o tempo todo. Antes, as igrejas evangélicas abriam duas vezes por semana à
noite. O Macedo é que arrebentou com isso, entende? O lado ruim da coisa é o
sincretismo. ÉPOCA – Qual é sua relação com o bispo Edir Macedo? Malafaia – A
Bíblia tem um texto que diz assim: “Poderão andar dois juntos se não estiverem
de acordo?”. Eu já ajudei o Macedo quando ele foi preso, mas eles são
separatistas, só veem o lado deles. Então, não me presto a andar com uma pessoa
que só quer andar com mão única para ela. Sou a favor de mão dupla: para lá e
para cá, entende? O Macedo está isolado, todo mundo sabe. Eles só são
evangélicos para os outros quando estão com dor de barriga, quando o pau está
quebrando em cima deles ou então por interesse político. A comunidade
evangélica está madura e não se presta mais a isso. ÉPOCA – Nos bastidores,
circulou a notícia de que o senhor estaria apoiando o PSD, o partido que o
prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, quer construir. Procede? Malafaia –
Amigo, não apoio partido nenhum. Apoio pessoas. Meu irmão (o deputado estadual
Samuel Malafaia, do PR-RJ) está querendo ir para lá (o PSD), mas isso é
problema dele. ÉPOCA – Qual é sua opinião sobre Kassab? Malafaia – Nada a falar
contra ele. ÉPOCA – Mas, no passado, o senhor já se desentendeu com ele… Malafaia
– Eu o critiquei quando ele fechou uma igreja evangélica do apóstolo Valdemiro
Santiago. Ser amigo ou respeitar alguém não significa ser capacho ou concordar
com tudo o que essa pessoa faça. ÉPOCA – Na eleição presidencial do ano
passado, o senhor apoiou Marina Silva no início. Ainda no primeiro turno, passou
a pedir voto para o José Serra. Por que mudou de lado? Malafaia – Pior do que
um ímpio é um cristão que dissimula. A Marina, membro da Assembleia de Deus,
sabe que, como uma pessoa de fé, não pode negociar sobre questões de aborto nem
de homossexualismo. Ela era contra o aborto, mas por que dizia que faria um
plebiscito? Ela quis dar de bacana, jogar para a galera, e eu falei não.
Qualquer um podia fazer aquilo, menos ela, por suas convicções de fé. ÉPOCA – Por que o José Serra? Malafaia –
Acredito que tinha de me posicionar. Naquele momento, o Serra era o mais
adequado para isso. Ele mantinha uma posição firme sobre aborto, que foi o
grande debate da campanha desde lá atrás. A Dilma dissimulou a história. Ela se
posicionou a favor do aborto para a revista Marie Claire, depois mudou o
discurso. O único que se coadunava com meus valores e crenças era o Serra. ÉPOCA
– Em sua opinião, o debate de questões religiosas deverá se repetir nas
próximas disputas eleitorais? Malafaia – É lógico. Amigo, hoje em dia governante
vai ter de dizer em que princípios acredita. Vai ter de botar a cara, porque a
comunidade evangélica está bem esperta, madura. Não vai dar para ficar em cima
do muro. Não queremos que nenhum político tenha a ideia de que lutamos por uma
República evangélica e que, por isso, ele tem de abraçar nossos princípios e
mandar todo o mundo às favas. Não estou dizendo também que o cara, para ter
apoio dos evangélicos, tem de odiar os homossexuais. Não é radicalismo imbecil
e idiota. Se um governante apoiar leis que privilegiam homossexuais em
detrimento da sociedade, vamos cair em cima. Hoje, sou a maior barreira que
existe para aprovarem a lei que criminaliza a homofobia. E, se abrir a boca
para dizer que apoia o aborto, vai ficar feio também. ÉPOCA – O que é, em sua
opinião, a homossexualidade? Malafaia – O homossexualismo é comportamental. Uma pessoa é homem ou
mulher por determinação genética, e homossexual por preferência apreendida ou
imposta. É um comportamento. Ninguém nasce homossexual. Não existe ordem
cromossômica homossexual, não existem genes homossexuais. O cromossomo de um
homem hétero e de um homem homossexual é a mesma coisa. O resto é falácia, é
blá-blá-blá. Só existe macho e fêmea, meu amigo. ÉPOCA – Por que o
comportamento homossexual se desenvolve? Malafaia – A Bíblia diz que, aos
homens que não se importaram em ter conhecimento de Deus, Ele os entregou um
sentimento perverso para fazerem coisas que não convêm. Do ponto de vista
comportamental, é promiscuidade mesmo, meu amigo. O ser humano quer quebrar
todos os limites. Quanto mais ele quebra limites, mais insaciável se torna.
Ninguém nasce homossexual. É a promiscuidade do ser humano. ÉPOCA – É possível
alguém deixar de ser homossexual? Malafaia – Nossa igreja está cheia de gente
que era homossexual. O cara não nasceu (homossexual). Se não nasceu, amigo…
Ninguém nasce homossexual. É uma opção, por uma série de elementos: ou porque
foi violentado, ou porque escolheu por modelo de imitação. O ser humano vive
por modelo de imitação. ÉPOCA – E como se dá essa reversão? Malafaia – Meu
filho, essa reversão é o cara voltar a ser macho e a mulher voltar a ser fêmea.
Dar forças para o cara vencer isso. Acredito no poder do Evangelho para
transformar qualquer pessoa, inclusive homossexuais. ÉPOCA – Qual é sua opinião
sobre os casos de violência contra homossexuais? Malafaia – Vou te dar alguns
numerozinhos para a gente poder desfazer essa conversinha fiada para boi
dormir. Os números é que vão dizer: no ano passado, 50 mil pessoas foram
assassinadas no Brasil, e 260 eram homossexuais. Que índice é esse para dizer
que o Brasil é um país homofóbico? Outro número: mais de 300 mulheres foram
assassinadas por violência doméstica em 2010, mas ninguém fala nada. Mais de
100 crianças são assassinadas ou violentamente espancadas por dia, e ninguém
fala nada. Sabe por quê? É porque por trás das editorias dos jornais, da
televisão existe uma bicharada desgramada que dá toda essa ênfase para eles.
Não quero que ninguém morra, amigo, mas o índice (de mortes de homossexuais) é
insignificante para a violência que acontece no Brasil. Então, esse é um apelo
de propaganda para eles (gays) poderem ter benefícios em detrimento do conjunto
da coletividade social. Essa daí é velha, e eu não sou otário. Sei pesquisar os
números, e a imprensa não dá os números. Tem mais heterossexual que homossexual
sendo assassinado. Você sabe o que é homofobia para os homossexuais? Olhar com
cara feia para um gay é homofobia. Não concordar com a prática deles é
homofobia. Uma coisa é criticar a conduta, outra é discriminar pessoas. Tudo
para eles é homofobia. Essa é a malandragem deles, e eu não caio nessa. ÉPOCA –
Os ativistas homossexuais são heterofóbicos? Malafaia – Acho que eles são uns
malandros que ganham verba dos governos federal, estadual e municipal para
fazer esse papel. São uns malandros oportunistas faturando em cima da grana que
as ONGs deles recebem. Essa é a verdade nua e crua. Não é pouca grana, não. E
ninguém fala disso. Os ativistas homossexuais são pagos para esse serviço podre
que fazem de chamar todo mundo de homofóbico. ÉPOCA – O que fazer com o
comportamento homossexual? Malafaia – O comportamento homossexual é um direito
que a pessoa tem. O direito de ser é guardado pela Constituição, pelo
livre-arbítrio. Não quero que ninguém seja eliminado. Critica-se presidente da
República, critica-se pastor, padre, deputado, mas não pode criticar uma
prática? Em hipótese alguma. Querer eliminar homossexual é homofobia. Não quero
isso. Quero discutir com um homossexual e poder dizer que sou contra a prática
dele, assim como os gays podem me dizer que são contra a prática dos
evangélicos. Isso é democracia. ÉPOCA – O que o senhor acha das críticas feitas
ao deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) (político contrário às leis que criminalizam
a homofobia)? Malafaia – Você vai ver o Jair Bolsonaro nas póximas eleições.
Ele vai ter três ou quatro vezes mais votos que recebeu na eleição passada. A
sociedade brasileira é conservadora, 90% da população é cristã. Desses 90%, os
evangélicos e católicos praticantes são 70%. Nós somos maioria absoluta neste
país, amigo. Pergunto: qual é o deputado gay que teve uma votação expressiva?
Esse Jean Wyllys (deputado federal do PSOL-RJ) entrou na sobra de legenda, com
13 mil votos, pendurado num cara (o deputado Chico Alencar, do PSOL, segundo
mais votado do Estado). É o mais famoso dos gays e não tem voto, não tem
porcaria nenhuma. ÉPOCA – Como o senhor reagiria se um de seus filhos ou netos
dissesse que é gay? Malafaia – Vou melhorar tua pergunta, aprofundá-la. Se
algum filho meu fosse assassino, se algum neto meu fosse traficante, se algum
filho meu fosse um serial killer e tivesse esquartejado 50, continuaria o
amando da mesma forma, mas reprovando sua conduta. Meu amor por uma pessoa não
significa que apoio o que ela faz. Daria o Evangelho para ele, diria que Jesus
transforma, que ele não nasceu assim, que é uma opção dele.
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