A BÍBLIA, A CIÊNCIA E A VERDADE SE VOS FALEI DE COISAS TERRESTRES, E NÃO CRESTES, COMO CREREIS, SE VOS FALAR DAS CELESTIAIS? (JOÃO 3:12)
Muitos cristãos têm sido intimidados pela supervalorização da opinião
cientificista moderna que os pressiona – numa espécie de condicionamento – a
responderem tímida e acanhadamente que a Bíblia não é um tratado científico,
optando por essa saída mais diplomática e cortês que apologética, de que se trata
de um livro religioso, como uma maneira de fugir das perguntas desconcertantes
que seriam obrigados a encarar. Albert Einstein declarou que “é um milagre que
o mundo das nossas experiências sensíveis seja compreensível”, num claro tom de
ceticismo que tinha sobre o alcance das respostas que a ciência oferecia a
perguntas que fugiam do seu escopo de atuação. Para o físico reconhecido como
um dos maiores gênios do século passado, o que mais o intrigava era o fato que
até mesmo a existência real de seres vivos diminui em importância, comparada ao
fato de que o mundo seja compreensível e que possa ser representado de forma
verdadeira. Chegou a afirmar que “o próprio fato de que a totalidade de nossas
experiências sensoriais possa ser ordenada é algo que me deixa extasiado”. Ora,
se um cientista com tamanha capacidade, não escondia seu ceticismo com relação
a ciência, a linguagem e a realidade e sobre as expectativas que se depositavam
nela, não dá para imaginar como ficaria, o restante da humanidade, nós os simples
mortais. A questão central da ciência é “o que é a verdade?” A mesma pergunta
que vem ecoando há séculos, desde quando Pilatos a fez diante de Nosso Senhor
Jesus Cristo. Se as narrativas dos Evangelhos são verdadeiras (correspondem aos
fatos), a resposta estava diante do próprio Pilatos em forma humana, pois o
Mestre já havia dito “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; (…)” (João 14:6).
Para a matemática, onde quer que a verdade possa ser encontrada, ela deverá ao
menos, ser consistente em si mesma, isto
é, não poderá contradizer-se e todas as provas matemáticas fundamentam-se, em
última instância, nessa premissa. Consistência perfeita entre um discurso ou
teoria e o mundo real ainda não foi encontrada, seja nas ciências, seja no
mundo material, exceto na vida de Jesus Cristo, a única fonte da absoluta
consistência, tanto quanto podemos conhecer, a saber o Deus que “é o mesmo,
ontem, hoje e eternamente” (Hebreus 13:8). Não obstante as ciências possam nos
oferecer boas definições da verdade, coube à semiótica teorética – um ramo da
lógica matemática – colaborar com a melhor resposta, cuja proposta é: se a
verdade está relacionada diretamente com a simplicidade, relatos verdadeiros de
fatos conhecidos são a sua melhor expressão. C.S. Peirce, matemático e lógico
norte-americano, fundador do pragmatismo filosófico, defendia que a verdade é
uma propriedade formal exclusivamente das representações e consiste da
concordância entre as palavras, nossa observação e os fatos (realidade física e
eventos tal como relacionados no espaço-tempo). Os quatro Evangelhos, o livro
de Atos dos Apóstolos e a Primeira Epístola do Apóstolo Paulo a Timóteo relatam
Jesus diante de Pilatos. Sendo isso um fato verdadeiro, então tais relatos não
apenas se qualificam como verdadeiros mas cada qual contém os três elementos
críticos e necessários que devem ser encontrados em qualquer relato verdadeiro,
a saber: 1° existe o fato material da história que é relatada; 2° existe uma
precisa e competente observação que conecta os fatos materiais em questão com
certas representações (palavras); 3° existem as palavras usadas para relatar os
eventos. Surge daí uma tríade, que compõe a mais sólida e simples forma da
verdade, a saber, (1) fatos, (2) competente observação por uma ou mais
testemunhas confiáveis desses eventos e (3) representações fiéis desses
eventos. Se esses três itens estão de acordo entre si, então diz-se que a
narrativa dos eventos relatados é verdadeira. Para a verdade ocorrer nessa
abordagem é necessário que os fatos remetam tudo que a narrativa afirma que é e
que a narrativa não afirme aquilo que não remeta aos fatos materiais. Para
efeitos da lógica, essa relação triádica pode ser chamada de uma trindade de
tipo bíblico, isto é, cada elemento contém e é contido pelo outro, de tal forma
que ao conhecer completamente um deles os outros dois também serão conhecidos. Não
por acaso, a Bíblia posiciona-se como a narrativa verdadeira dos planos e
vontade divina para o ser humano. Se uma narrativa é a forma mais pura e
simples onde se encontra a verdade, concluímos que as narrativas bíblicas devem
ser a mais completa narrativa já realizada sobre o mundo material. Se ela é
verdadeira, a sua abrangência vai desde o início do universo até o fim daquilo
que conhecemos como tempo. Se Jesus é “(…) o Alfa e o Ômega, o princípio e o
fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso”
(Apocalipse 1:8), então concluímos que o livro que ele veio completar é a mais
verdadeira narrativa que houve, que há, e que jamais haverá outra que a supere.
Voltando à Bíblia; de fato ela não é um compêndio de textos científicos que
oferecem descrições técnicas detalhadas e fórmulas físicas e matemáticas de
fenômenos naturais, pois se assim o fosse, rapidamente estaria desatualizada,
como outro livro de ciência qualquer; mesmo porque ela trata de uma enorme
variedade de fenômenos e imensa quantidade de eventos históricos. Seus assuntos
vão desde ciência, história, literatura, psicologia, economia, lei, militarismo
até a educação, mas ao contrário do que ocorre na sociedade moderna, ela não
fala aos seus pares, mas ao povo comum, daí ela não se utilizar de jargão
técnico de nenhuma disciplina particular, mas empregar uma linguagem universal
acessível a todo aquele que a ela recorrer. A fragilidade da ciência é depender
exclusivamente de si mesma, de seus esquemas mentais e achar que através de
seus pressupostos e princípios poderá alcançar a verdade. É espantoso, a
despeito de que sozinha, alheia a qualquer princípio superior, consiga produzir
armamentos poderosíssimos capazes de dizimar países inteiros, manipulações
genéticas desordenadas, sem contar as ideias de mentes brilhantes que deturpam
os costumes da sociedade ocidental, distorcem a vocação do homem e causem tanto
mal a si próprios. Imagina se pessoas talentosas assim, submetessem-se à
vontade do Eterno e deixassem-se ser conduzidas pela sua vontade no
desenvolvimento da ciência e do conhecimento, em que situação estaria a
sociedade hoje? Uma sugestão quando surge um conflito por um ou outro lado, é
lembrar quem é quem nessa caminhada humana na terra; a ciência ou a Palavra de
Deus? Qual verdade perdura inalterada baseada no princípio mais simples onde se
possa encontrá-la, a saber, narrativas verdadeiras de fatos reais, por
observadores competentes? Era melhor deixar de lado o orgulho por ser
independente e dar espaço, crendo naquele que criou céus e mares, impôs limites
ao universo e estabeleceu as estações do ano. Aquele que fala clara e
sinceramente a respeito tanto de coisas terrenas, quanto de coisas eternas e
celestiais. As Escrituras sempre nos oferecerão a verdade e respostas
satisfatórias para qualquer necessidade, conforme diz o salmista: “Odeio os
pensamentos vãos, mas amo a tua lei (Salmos 119:113)”.
Nenhum comentário
Postar um comentário