A CONTRA- REFORMA PROTESTANTE
Ao analisarem as ações da Igreja Católica Romana após o surgimento do
protestantismo, os historiadores falam em dois aspectos: Contra-Reforma e
Reforma Católica. O primeiro foi o esforço da Igreja Romana para reorganizar-se
e lutar contra o protestantismo. Essa reação ocorreu tanto no plano dogmático
quanto político-militar. Já a Reforma Católica revelou a preocupação de
corrigir certos problemas internos do catolicismo em resposta às críticas dos
protestantes e de outros grupos. Foram vários os elementos dessa reação. Na
Espanha, houve notáveis manifestações de uma rica espiritualidade mística,
cujos representantes mais destacados foram Teresa de Ávila e João da Cruz. Além
do misticismo espanhol, outro sinal da revitalização católica foi o surgimento
de várias ordens religiosas, das quais a mais importante foi a Sociedade de
Jesus, fundada pelo espanhol Inácio de Loiola (1491-1556) e oficializada pelo
papa em 1540. Além dos votos usuais de pobreza, castidade e obediência aos
superiores, os jesuítas faziam um voto adicional de submissão incondicional ao
papa. Seu objetivo era a expansão e o fortalecimento da fé católica através de
missões, educação e combate à heresia. Os jesuítas exerceram forte influência
sobre governantes e contribuíram decisivamente para a supressão do
protestantismo em várias regiões da Europa, como a Espanha e a Polônia. O
instrumento mais eficaz tanto da Contra-Reforma quanto da Reforma Católica foi
o Concílio de Trento, que se reuniu em três séries de sessões entre 1545 e
1563. Seus decretos rejeitaram explicitamente as doutrinas protestantes e
oficializaram o tomismo (a teologia de Tomás de Aquino), a Vulgata Latina e os
livros denominados apócrifos ou deuterocanônicos. Outros instrumentos da
Contra-Reforma foram o Índice de Livros Proibidos (Index Librorum Prohibitorum,
1559) e a Inquisição, especialmente em suas versões espanhola e romana. Como
expressão do dinamismo católico nesse período, as ordens dos franciscanos,
dominicanos e jesuítas realizaram uma grande obra missionária no Oriente e nas
Américas. No território do Sacro Império, os conflitos entre católicos e
protestantes continuaram por muitas décadas, atingindo o seu auge na tenebrosa
Guerra dos Trinta Anos, que envolveu metade do continente europeu. Essa guerra
terminou com a Paz de Westfália (1648), que fixou definitivamente as fronteiras
político-religiosas da Europa e marcou o final do período da Reforma.
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