ANTES DISCRETA, MAÇONARIA ADMITE QUE INFLUENCIOU NAS ELEIÇÕES 2016 E QUE PRETENDE CONTINUAR
A maçonaria atua na política brasileira há décadas, mas sempre de forma
discreta, influenciando nos bastidores. Mas em 2016, como uma resposta ao atual
cenário político e social, a organização privada agiu de forma mais incisiva,
apoiando candidatos publicamente, incluindo filiados ao Partido Social Cristão
(PSC). O grão-mestre Benedito Marques Ballouk Filho concedeu uma entrevista e
afirmou que, apenas no estado de São Paulo, o grupo apoiou 27 candidatos a
prefeito, sendo que dez foram eleitos. De acordo com informações do jornal O
Estado de S. Paulo, os maçons consideram que o sistema “não está sadio”, com
grande influência da corrupção. Por isso, apoiaram os candidatos a prefeito da
capital paulista João Dória (PSDB), vencedor do pleito no primeiro turno; Major
Olimpio (Solidariedade); e João Bico (PSDC). Entre os candidatos a vereador no
estado, 147 foram apoiados e 25 venceram o pleito. Nesse cenário, novamente os
filiados ao PSDB foram maioria: nove tucanos, três no PSD, PV e PSC, dois do PR
e PTN, e um no DEM, PPS e PMDB. Ballouk afirmou que a maçonaria brasileira,
desde 1930, adotava uma postura de discrição na política, mas isso mudou depois
que a cúpula da organização chegou à conclusão de que o país está vivendo uma
“era de escândalos”. Em São Paulo, essa mudança gerou o Grupo Estadual de Ação
Política dos Maçons Paulistas (GEAP), que se dedica a “avalizar” candidatos que
se encaixem nos princípios de ética, probidade administrativa e moralidade
pública, defendidos pela maçonaria. “Apoiamos candidatos em todos os partidos
políticos. Até no PT e no PCdoB”, afirmou o grão-mestre, destacando que os
políticos precisam também serem defensores da “pátria e da família”. O processo
de impeachment de Dilma Rousseff (PT) não foi unanimidade na organização:
“Maçons participaram das manifestações contra a Dilma, mas não representam a
maçonaria como um todo. Temos maçons que são monarquistas e até aqueles que
defendem o regime militar”, comentou. O presidente do GEAP, Sérgio Rodrigues
Jr., afirmou que a ação da maçonaria na política tem objetivos claros: “Nossa
pretensão é substituir, no cenário político, corruptos por pessoas livres e de
bons costumes. Não fazemos distinção partidária, uma vez que entendemos que o
sistema político não está sadio e isso afeta todos os partidos”. Segundo os
dois, para ser um candidato apoiado pela maçonaria não precisa ser maçom, mas
precisa ser indicado, ou solicitar o apoio de maneira formal. Se apoiado, o
candidato tem que se comprometer com os princípios de honestidade e se
encontrar com grupos maçons para ouvir sugestões e prestar contas, frisaram.
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