CRESCIMENTO EVANGÉLICO NA AMÉRICA LATINA ESPANTA, APESAR DE OPOSIÇÃO PROGRESSISTA, DIZ IMPRENSA EUROPEIA
Carlos Mariátegui, considerado um “grande pensador” marxista, previu em
1928 que o protestantismo havia chegado ao seu ápice na América Latina, quando
o número de fiéis evangélicos na região beirava 1 milhão de pessoas. De certo,
se equivocou. Mariátegui, peruano, faleceu aos 36 anos em 1930, ano em que os
protestantes consolidaram a marca de um milhão de fiéis entre os países da
parte latina do continente. 50 anos depois da sua morte, esse número chegava a
50 milhões, um crescimento de um milhão por ano. Esse crescimento só aumentou
nos anos seguintes, chegando a 100 milhões de fiéis nos anos 2000, somando 20%
da população latina, contra 69% de católicos. E o crescimento, hoje, tem como
principal reduto o Brasil, mas não apenas. De acordo com informações do jornal
italiano Il Manifesto, hoje o Paraguai é o país com menos evangélicos (cerca de
8%), mas a presença nos demais países é crescente. Por exemplo, a atribulada
Venezuela, governada desde 1999 por um grupo político de extrema esquerda
inspirados no falecido Hugo Chávez, vê o crescimento dos evangélicos em meio à
crise econômica. O uso do termo “conservadores” em tom jocoso para se referir
aos cristãos em geral é recorrente na mídia, geralmente aliada ao pensamento
“progressista”. E as igrejas evangélicas, sejam tradicionais, pentecostais ou
neopentecostais, são vistas como o principal adversário dos que querem a
liberação do aborto, casamento gay, ideologia de gênero, drogas e outras
reivindicações. Na Venezuela de Nicolás Maduro, hoje os evangélicos somam 17%
da população, que soma, no total, 33 milhões de pessoas. O presidente não tem
apoio no Congresso Nacional e, mesmo com o assistencialismo promovido pela
política bolivariana, mais da metade do país reprova seu governo. O crescimento
das igrejas evangélicas por lá acontece apesar da extrema dificuldade
encontrada pelos cristãos em geral, sejam protestantes ou católicos, causada
pela chamada “revolução bolivariana”, que assim como o Bolsa Família no Brasil,
é usado pelo governo para distribuir recursos, mínimos, às pessoas em
dificuldade e conquistar sua lealdade. O jornalista Geraldine Colotti, do Il
Manifesto, explicou que as dificuldades de evangelização vem da forte presença
do feminismo e das “missões” que são feitas pelo chavismo, que ambiciona
“organizar politicamente as multidões” e porque, na visão do povo que recebe
migalhas do governo, “qualquer deus que se levante deverá marchar rumo à
bolivariana ‘máxima felicidade possível’”. Sobre o Brasil, Colotti destaca que
o antagonismo entre conservadores e progressistas fica claro na política:
“Percebe-se isso durante as campanhas eleitorais e nas escolhas políticas dos
candidatos, na economia e na comunicação. No Brasil, gays e lésbicas podem se
casar desde maio de 2013, por decisão do Supremo Tribunal Federal, que, no
entanto, pode ser contestada por um juiz conservador. E o casamento igualitário
foi o principal cavalo de batalha das poderosas Igrejas pentecostais”. Atualmente,
os brasileiros evangélicos somam 22% da população. Um crescimento chamativo,
levando esse grupo cristão a saltar de 5% ao patamar atual em apenas 40 anos.
“Com 123 milhões de fiéis, o Brasil continua sendo o maior país católico do
mundo. Até 2030, as duas religiões, porém, estarão no mesmo patamar”, concluiu
Colotti.
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