MARISA LOBO ENTRA COM REPRESENTAÇÃO CONTRA JEAN WYLLYS: "ELE PERSEGUE O POVO CRISTÃO" A PSICÓLOGA FOI CITADA EM MEIO A OUTRAS PERSONALIDADES CRISTÃS EM UMA POSTAGEM DE JEAN WYLLYS SOBRE OS ATENTADOS DE ORLANDO, EM JUNHO DESTE ANO. FONTE: GUIAME, POR JOÃO NETO
Na última terça-feira, a psicóloga Marisa Lobo apresentou na corregedoria parlamentar da Câmara Federal, uma representação contra o deputado Jean Wyllys (Psol - RJ), em razão de uma publicação feita pelo parlamentar no Facebook, na qual ela foi citada, logo após o ataque a uma boate gay, em Orlando (EUA).
Em sua postagem, o parlamentar criticava o extremismo religioso, que teria motivado o ataque, porém contextualizava suas críticas para um contexto brasileiro, no qual afirmou que homossexuais também sofrem com a intolerância religiosa e citou alguns nomes de parlamentares e outras personalidades cristãs.
"E quando criticamos os discursos de ódio dos 'bolsomitos' e 'malafaias' e 'felicianos' e 'euricos' e das 'marisas lobos' e 'ana paulas valadões' da vida e dos legislativo contra gays, lésbicas e transexuais, estamos pensando justamente no quanto o discurso de ódio proferido por essas pessoas - agora em alta porque aliados dos golpistas que tomaram a presidência da República - pode levar pessoas "de bem" a praticar atos de violência física - assassinatos e agressões físicas - contra membros da comunidade LGBT", escreveu o parlamentar.
"O preconceitos anti-homossexuais e os atos de homofobia que decorrem deles têm como alicerce o discurso das 'religiões do Livro' que tratam como pecado mortal a sexualidade que não seja para fins de procriação e, mais duramente, isso que hoje chamamos de homossexualidade", acrescentou.
Ao final do texto publicado em 12 de junho (2016), o parlamentar parece desviar o foco do fundamentalismo islâmico para voltar a criticar o cristianismo.
"Para que não comecem a dizer que só radicais islâmicos desumanizam gays e lésbicas, quero lembrar a todos e todas o outdoor espalhado por Malafaia em ruas do Rio de Janeiro - 'Deus fez macho e fêmea' - e a letra da canção repetida pelos evangélicos fanáticos em púlpitos e nas redes sociais: "Deus fez Adão e Eva e não Adão e Ivo", escreveu.
No texto do documento (ao qual o Portal Guiame teve acesso), a psicóloga cristã destacou que a declaração de Wyllys não deixa dúvidas sobre seu desejo de intensificar os conflitos entre evangélicos e a comunidade LGBT.
"Ele passa a colocar, de maneira explícita, toda a comunidade LGBT perigosamente contra a evangélica e seus líderes (e, para tanto, volta a intensificar os seus apelos emocionais)", disse.
"Sim, 'as religiões do livro' têm o homossexualismo como um pecado abominável. Mas ele não está só nessa classificação! Para a Bíblia, dentre outros, os incrédulos, os adúlteros e os mentirosos irão para o lago de fogo e de enxofre! Mas nenhuma vertente do cristianismo atual prega que essas pessoas sejam assassinadas!", lembrou.
Ainda em seu texto, Marisa afirmou que o evangelho verdadeiro prega o acolhimento, porém o pecado não deixa de assim ser em razão do amor de Cristo.
"Da mesma forma, a posição amplamente difundida pelo evangelicalismo, na pessoa dos líderes citados pelo deputado, é que, embora práticas homossexuais sejam sempre pecaminosas, independentemente das suas escolhas pessoais, os homossexuais devem ser acolhidos, ensinados e, em última instância, ter seu livre arbítrio respeitado", explicou.
Motivação
Falando com exclusividade ao Portal Guiame, Marisa afirmou que decidiu fazer a representação após um forte clamor de cristãos que se sentiram ofendidos pelas declarações de Jean Wyllys.
A psicóloga também lembrou que essa não foi a primeira vez que foi citada em declarações ofensivas do deputado federal.
"Desd 2011, quando aconteceu o meu processo pelo Conselho Regional de Psicologia, que ele inventa coisas sobre mim. Quem inventou que 'a psicóloga cristã curava gays foi ele'. Tudo o que eu falava, ele me taxava de homofóbica. No começo, ele me ofendeu demais. Ele aproveitou todas as chances que ele teve de me ofender como pessoa. Ele é um deputado federal, eu sou uma cidadã comum. Tenho todo direito de me defender. Ele não pode usar o cargo dele para ofender uma civil e colocar a vida dela em risco", afirmou.
Em um plano mais amplo, Marisa disse que ela não tem sido o único alvo das duras críticas de Wyllys, mas que o povo evangélico de forma geral tem sido atacado por ele.
"Ele descontrói, discrimina, é intolerante, agressivo, nos chamou já de analfabetos funcionais, de idiotas úteis. Ele persegue o povo cristão com os seus textões mentirosos no Facebook", destacou. "Eu cansei! É muito grave você atribuir às pessoas comuns, esse rótulo de homofóbica e criminosa, que foi o que ele fez comigo, com o Malafaia, com a Ana Paula Valadão, Marco Feliciano, Bolsonaro", disse.
Jean Wyllys ainda não se pronunciou sobre o caso.
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