A VIDA COMO ELA É… SE AINDA ESTAIS VIVO, NÃO EXISTA APENAS; VIVA! FERNANDO PEREIRA JORNALISTA E ACADÊMICO DOS CURSOS DE HISTÓRIA E DE TEOLOGIA
Esse título foi usado como prisma na coluna movimentada, na década de
1980, pelo jornalista e escritor Nelson Rodrigues. As estórias que escrevia,
para as quais inventava os fatos, continham muita inveja, medo, traição,
assassinatos, suicídios e outros males mais. O que ele escrevia retratava bem
os fatos que se eram noticiados no quotidiano. A intenção de Nelson não era
fazer vítimas que viveram situações similares às descritas – nem tão pouco
mostrar caminhos para a malignidade – ressentirem os fatos passados, apenas
retratava, de forma fictícia, uma realidade latente em sua cidade (Rio de
Janeiro – RJ) à época, tentado, com
isso, ser uma espécie de arauto para promover uma conscientização para o fato
de que as dores retratadas em seus escritos realmente eram sentidas por pessoas
reais todos os dias. O mal existe e isto foge ao meu e ao controle de qualquer
um. Existem males que podem ser evitados? Sim, existem. Mas nem todos o são,
quer por vontade de quem os prática ou por falta de opção, a exemplo de uma
pessoa que caminha em cima de uma calçada, na lateral de uma via, e um carro,
que vai para o mesmo rumo que o andante, o atropela sem que ele veja de onde
veio a pancada. Saber que a vida é como ela é, é saber que eu posso ser alvo,
no meu dia a dia, de toda sorte de males, assim como de toda sorte de bem. A
vida é como ela é. E a vida como ela é, para ser vivida, requer sobriedade. Na
vida, todos morremos, mas acabamos por viver como se a morte fosse apenas uma
estória que se lê em um livro de fábula infantil. A consternação pela morte de
um alguém chegado nosso, ou mesmo de um famoso que possui carisma, dura pouco
tempo. A lembrança nos volta à mente, somente quando o nome do já falecido é
citado por alguém, mesmo que não seja em referência direta ao saudoso. Seremos
relegados ao esquecimento também, pois não estaremos aqui para produzirmos
novas emoções em quem gosta de nós. Seremos esquecidos porque todos que um dia
nos conheceram, e conosco conviveram, hão de morrer também. A vida tem uma
demanda de vidas que é correspondida todos os dias (nascem cerca de 211 mil
pessoas por dia, no mundo). Na vida também tem a morte que tem uma demanda de
vidas que é correspondida todos os dias ( cerca de 102 pessoas morrem por
minuto). Eu vivo na vida que é como ela
é. A vida como ela é nos oferece o mais presente de todos – quer estejamos
doentes, quer sejamos paralíticos, quer sejamos surdo ou mudo, quer tenhamos
medo ou sejamos corajosos, felizes ou tristes, sábios ou indultos, braços ou negros, religiosos ou
ateus, americanos ou brasileiros, tenhamos riquezas ou não – que é viver. A gente nasce para morrer vivendo, e
não apenas existindo. A vida é tudo de
ruim que existe, mas, também, é tudo de bom que existe. Se ainda estais vivo,
não exista apenas; viva! A vida é enquanto está com você, é sua: não importa quem sejas ou onde estejas (
do ponto de vista geográfico ou existencial simbólico).
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