CONFERÊNCIA DE PAZ EM PARIS TERMINA SEM SOLUÇÕES; ISRAEL A CHAMA DE “INÚTIL” MAIS DE 70 PAÍSES ENVIARAM REPRESENTANTES PARA DEBATER “SOLUÇÃO DOS DOIS ESTADOS”
Nos últimos anos, houve diversas tentativas de países se reunirem para
aprovar uma intervenção em Israel e declarar a criação de um estado palestino
independente. Elas acabaram canceladas ou esvaziadas por imposição dos Estados
Unidos, que por ser membro fixo do Conselho de Segurança da ONU, costumava
influenciar medidas pró-Israel. Em 2014, foi proposta pela União Europeia. No
ano seguinte, as Nações Unidas tentaram algo nesse sentido. Mas no final do ano passado, o governo Obama
deu “sinal verde” para que uma conferência de paz sediada em Paris dia 15 de
janeiro de 2017, cinco dias antes de Donald Trump assumir a presidência do
país. Afinal, ele prometeu mudar a embaixada dos EUA para Jerusalém e
reconhece-la como capital “eterna e indivisível” de Israel. Esse anúncio gerou
ondas de protestos no mundo árabe, com ameaças de guerra da Autoridade
Palestina e do Irã. Neste domingo (15), chanceleres e diplomatas de mais de 70
países se reuniram para tentar fazer uma nova proposta da chamada solução dos
dois Estados – criação de um Estado palestino que coexista em paz com Israel. O
encontro, chamado de “Conferência de paz”, queria mandar um recado para a
comunidade internacional, mas só provou que as Nações Unidas estão
desconectadas da realidade. A ausência de ambos Israel e a Autoridade Nacional
Palestina já era um indício que nenhuma decisão tomada teria impacto real.
Realizada cinco dias antes da posse de Donald Trump, presidente eleito dos EUA,
a cúpula tentou mostrar que Israel tem muitos opositores e que o reconhecimento
de Jerusalém como capital, como promete Trump, teria “sérias consequências”.
O encontro deste domingo foi aberto por
Jean-Marc Ayrault, chanceler francês, que afirmou não haver outra solução “para
o conflito mais antigo do mundo” que não seja a proposta de criar dois Estados.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez nos últimos dias
declarações fortes sobre a realização dessas negociações. Classificou a
conferência de “inútil” e afirmou que pertencia ao “mundo de ontem”. “Mas o
amanhã será diferente e o amanhã está muito próximo”, disse o premiê, numa
referência à posse de Trump dia 20. Recentemente,
Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, aviou a Trump que a mudança
“destruiria o processo de paz” e iria “impedir que os EUA continuassem a ser um
mediador” na região. Fronteiras de 1967: A resolução 2334 da ONU, que exigia o
fim dos assentamentos israelenses na Cisjordânia [Judeia e Samaria] foi um duro
golpe para Israel, pois pela primeira vez o governo norte-americano não vetou
algo em favor dos israelenses no Conselho de Segurança. As relações entre EUA e
Israel se deterioraram drasticamente durante o governo de Barack Obama, mas
devem melhorar com a chegada de Trump, que já prometeu ser “o melhor amigo que
Israel já teve”. “Parece ser importante, no contexto atual, que 70 países
reafirmem que a solução de dois Estados é a única possível. É tão simples
quanto isso, não é mais do que isso. Precisamos que essa posição seja gravada e
defendida neste período de incerteza”, ressaltou um diplomata francês, numa
clara demonstração que antes de assumir, Trump já teve sua primeira vitória no
campo da política externa. O documento assinado pelos participantes da cúpula de
Paris pede que “as fronteiras pré-1967 sejam a base para as negociações. Caso isso fosse feito, os israelenses
perderiam muitos de seus assentamentos, cada vez mais necessários por causa do
grande número de judeus de todo o mundo que estão voltando para Israel. Isso
incluiria também a divisão de Jerusalém em duas, deixando sua porção oriental
como a capital da Palestina. Para os
israelenses isso é inadmissível, uma vez que os palestinos também exigem o
controle do monte do templo. A conferência de paz em Paris encerrou com um
documento bem diferente do que se esperava, não fazendo exigências, mas pedindo
que ambos os lados do conflito reafirmem seu comprometimento com uma solução
pacífica. Com informações das agências e Times of Israel.
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