O QUE NÃO FALAMOS SOBRE A TRAIÇÃO MAS O VALOR DOS CASAMENTOS NÃO SE PODEM SER MENSURADOS POR QUANTIDADES E SIM PELAS QUALIDADES - MAYCSON RODRIGUES 30 ANOS, É CASADO COM ANA TALITA, ESTUDANTE DE TEOLOGIA REFORMADA E ESTUDA FILOSOFIA NA UFRJ. É COMPOSITOR, ESCRITOR E MÚSICO E TRABALHA NO MINISTÉRIO PARAECLESIÁSTICO E MISSIONÁRIO CHAMADO ENTRE JOVENS. RECENTEMENTE PUBLICOU UM LIVRO INTITULADO “AOS MARIDOS: PRINCÍPIOS DO CASAMENTO PARA QUEM DESEJA OUVIR”
É possível trair de duas formas: a si e ao outro. Sobre a traição a si no casamento, você não ouve o tempo inteiro. Geralmente, o escândalo maior se dá, tanto em nós quanto na sociedade à volta, na traição ao outro, como sendo uma demonstração de uma falta de caráter, gratidão e um gravíssimo desvio moral, fazendo desta pessoa um elemento singular e desprezível.
Mas, se formos fazer um diagnóstico mais profundo acerca do assunto, precisaríamos fazer uma importante indagação: o que é pior? Trair a si ou trair ao outro?
Certamente você dirá que ambos são péssimos de se vivenciar, o que eu concordo. Mas, trazendo para uma questão mais prática da experiência humana, o “trair ao outro” possui uma resistência inerente, enquanto o “trair a si” encontra uma aceitação conivente, quando não covarde.O que estou querendo dizer é que as pessoas, nos casamentos, vociferam contra qualquer possibilidade ou respingo de uma traição do seu próximo mais próximo, mas se contentam em viver anos e anos traindo a si mesmos num casamento medíocre, de fachada, que só serve para se publicar no Facebook, mas que se padece duramente no “face to face”.
Vamos adiante. Estou falando que, a despeito de ambas as traições serem mortais, uma é mais “aceita” ou talvez “suportada” do que a outra. Não tolera-se a desonra de agir traiçoeiramente no casamento – mas apenas quando a vítima é o outro.
Já quando a vítima é si próprio, aí “em nome do amor” e para não “perder a relação”, trai-se barbaramente à própria alma, fazendo a relação ser empurrada com a barriga, acumulando dores, rancores e decepções e matando a esperança, mesmo quando os anos se passam, fazendo restar somente o falso orgulho de se ostentar [aos outros] possuir uma quantidade significativa de permanência no casamento.
Mas o valor dos casamentos não se podem ser mensurados por quantidades e sim pelas qualidades.
Você tem traído no casamento? Você é um(a) traidor(a)? Quero neste texto desconstruir a ideia de que traição se refere somente à traição ao outro. Traição a si também é traição. E o pior: a traição a si é um câncer maligno que vai se alastrando com bastante paciência no teu ser. Quando um casal não interrompe a rotina para discutir sobre a qualidade da sua relação, é um sinal claro de que tem coisas sendo suportadas para que não se perca o todo – o ídolo “cônjuge”, talvez.
Então, o que se faz?
Já sabemos, pela tradição, que não se deve trair ao outro. Agora precisamos, pelo bem da nossa espiritualidade, não trair a nós mesmos. Não estou aqui dizendo que, para você não trair a si numa relação derrotada pela dor e pelo pecado, é necessário evocar o divórcio. Jamais! No entanto, é preciso se divorciar deste vazio senso de acomodação no caos. É preciso cortar o ciclo do silêncio, do cansaço e das noites de choro por não sentir que tem ao lado um cônjuge e sim um estranho.
É preciso, acima de tudo, incluir Deus neste processo. Você ora pela salvação do seu casamento? Você protege o seu cônjuge das tentações e das traições pela sua intercessão? O quanto de “joelho” você gasta pela tua família? Isso pode resolver 90% dos seus problemas matrimoniais e familiares.
Só que o maior problema (atualmente) é que a gente já não crê tanto no poder da oração.
Isto posto, quero concluir te orientando para que você resista a traição ao outro, mas principalmente, agora, que você resista a traição a si próprio.
Sentem-se à mesa e falem a verdade. Se há amor, se manifestará o perdão e a força para um recomeço. Se não há amor, como já publiquei noutro artigo (“maior do que a afeição é a aliança), o que deverá sustentar vocês será a aliança.
Mas não há mais como ignorar este mal. Chegou o tempo dele ser derrotado na vida – no nome de Jesus e para a alegria de vocês.
Nenhum comentário
Postar um comentário